Há seis anos, o cirurgião plástico Mario Amici, 48 anos, foi acordado com o barulho de uma motosserra derrubando uma árvore. Indignado, carregou a filha de um ano no colo para ver o que acontecia na rua perto de casa e foi recebido por uma empresa que desmatava para fazer um estande de vendas. Depois de argumentar contra, ouviu em resposta: “aqui você não apita nada”.
Decidido a ter voz, criou a Apita – Amigos pelo Itaigara, associação que defende a arborização da cidade e que, no domingo, 6 de março, pela manhã, promoveu um mutirão com 25 voluntários. O grupo plantou, entre ipê, jacarandá, pau-ferro, felício e sibiporina, 24 mudas de árvores no Alto do Itaigara.
“Estou criando espaços de convivência e embelezando a cidade”, justificou Mario ao jornal Correio, durante a ação que contemplou cerca de 300 metros de área. O projeto, que tem apoio da Secis (Secretaria da Cidade Sustentável), já arborizou cerca de 2 mil metros de calçadas.
Apesar de a iniciativa reunir cada vez mais voluntários, alguns moradores da região resistem em autorizar o plantio por acreditarem que as árvores atrapalham a visão, trazendo insegurança, além de modificar a fachada dos edifícios.
“É ignorância”, bradou uma voluntária do Apita. Para o historiador Ricardo Carvalho, 49, “outros objetos urbanos, como postes, ocupam mais a visão do que árvores”, opinou, para em seguida rebater os que temem a mudança na fachada: “como se um prédio fosse mais bonito que as árvores”.
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