A arte japonesa se une à explosão da energia afro-baiana no Teatro Vila Velha, a partir desta sexta, no espetáculo 'Dô', às 20h. Esta será a 29ª montagem do Bando de Teatro Olodum, grupo residente do Vila Velha, que estreou nos palcos baianos há 21 anos e é responsável por sucessos como 'Ó Paí, Ó', 'Cabaré da RRRRRaça' e 'Sonho de Uma Noite de Verão'.
Pela primeira vez, alguém que não pertence ao grupo dirige um espetáculo do Bando. A tarefa coube ao dançarino japonês Tadashi Endo, 65 anos, famoso por sua dedicação ao butô, uma espécie de dança-teatro japonesa surgida no Pós-Guerra. De um lado, o butô traz influências de elementos orientais, como o zen budismo; do outro, sofre interferências do Ocidente, principalmente de escolas como o surrealismo e o expressionismo. Veja também: Confira as dicas de espetáculos teatrais para o fim de semana A relação entre Tadashi Endo e o Bando de Teatro Olodum começou no ano passado, quando ele veio se apresentar em Salvador no festival Vivadança: “Assisti a Cabaré da RRRRRaça e fiquei surpreso com o frescor da energia do grupo e também fiquei intrigado com a positividade com que se expressavam. Então, disse que gostaria de trabalhar com eles”, diz. O desejo acabou resultando em um convite que partiu de Marcio Meirelles, coordenador do projeto, e foi prontamente aceito por Tadashi, que topou dirigir um espetáculo do Bando e criou coreografias inéditas, pensadas exclusivamente para esse trabalho que estreia amanhã. OficinasOs números de dança surgiram depois de alguns encontros que Tadashi realizou com os sete dançarinos em diversos workshops. “Normalmente, nas montagens do Bando, o personagem sempre foi a base das construções. Mas, agora, o roteiro parte mais da experiência dos artistas e do sentimento do autor”, explica Chica Carelli, assistente de direção de Dô. O roteiro foi inspirado nas origens dos atores: “Afinal, o ser humano é resultado dos pais, dos avôs, da família e das experiências que adquire em vida”, afirma . Em tempo: o título do espetáculo pode significar ‘movimento’ ou ‘caminho’, entendido como modo ou opção de vida. Tadeshi Endo, que vive na Alemanha e dirige o Mamu Butoh-Center, refere-se ao butô com muito respeito e dá a entender que, mais que uma manifestação artística, trata-se de uma filosofia de vida: “Ser butoísta não é apenas dançar; é um estilo de vida. O butô é a forma como você vive nesta vida. Viver como um butoísta significa ter consciência do que você recebe da natureza, das pedras, dos animais e das plantas. É ter consciência dessa energia”. Como vive fora do Japão há muito tempo, Tadashi está acostumado a trabalhar com os estrangeiros. No Brasil, já teve outras experiências: “Meu primeiro trabalho com artistas brasileiros foi com o Teatro Lume em São Paulo. Também fiz solos com alguns membros do grupo, e lá mesmo realizei um projeto com 12 atores-dançarinos”. Tadashi admite que tinha uma imagem folclórica do Brasil, como a maioria dos estrangeiros. “Eu pensava que todos os brasileiros eram felizes, energéticos, dinâmicos. Mas, na realidade, encontrei artistas sensíveis, de caráter dramático, muito diferente da imagem turística”, elogia. O butoísta reconhece que o brasileiro gosta de trabalhar em equipe: “Os artistas e técnicos se ajudam muito no trabalho e isso é muito confortável pra mim”.Matéria original: Correio 24 horas Bando de Teatro Olodum estreia espetáculo de Tadashi Endo
Dô foi criado com base na vida dos sete dançarinos que estrelam a montagem. Pela primeira vez em seus 21 anos, o Bando de Teatro Olodum é dirigido por alguém que não é do grupo |
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