Com 21 anos de trajetória, o bando de Teatro Olodum faz parte da história do teatro baiano. Sempre lançando montagens voltadas para o cotidiano, a companhia formada exclusivamente por atores negros já deu visibilidade a grandes nomes das artes cênicas como Lázaro Ramos e Érico Brás. Atualmente dirigido por Márcio Meirelles, um dos fundadores do Bando e ex-secretário de Cultura do Estado da Bahia, o grupo está com alguns projetos especiais.Para saber de todas as novidades, o iBahia conversou com Meirelles, que também é diretor teatral, cenógrafo e figurinista. Entre outras coisas, ele contou que está analisando convites para estrear "Ó Paí, Ó" no Rio de Janeiro e "Bença" em São Paulo. O ex-secretário também falou sobre novas montagens e afirma que não se arrepende de ter assumido a Secult entre os anos de 2007 e 2011. Confira!
iBahia - A história do Bando de Teatro Olodum vai virar livro? Marcos Uzel está escrevendo o segundo volume do livro "O Teatro do Bando negro", lançado em 2003. No primeiro volume, que já está quase esgotado, foi contada a história do grupo até 2002 e essa nova obra conta de 2003 até 2011. Na verdade, iremos lançar como um livro em dois volumes, acrescentando a história gráfica e fotográfica no primeiro. A previsão é que seja publicado no início de 2012.
— "Estamos analisando convites de estrear "Ó Paí, Ó" no Rio de Janeiro e "Bença" em São Paulo" |
iBahia - O Bando recebeu convites para estrear espetáculos em outros estados?Sim. Estamos analisando convites de estrear "Ó Paí, Ó" no Rio de Janeiro e "Bença" em São Paulo. Mas ainda não temos nada definido. Tudo vai depender do avanços das negociações.
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O Bando recebeu convite para estrear "Bença" em São Paulo |
iBahia - E em Salvador, qual a próxima montagem que o Bando vai estrear?Vamos lançar no dia 22 de julho uma nova temporada do espetáculo Cabaré da RRRRRaça no Teatro vila Velha. Essa é uma peça que já existe há 14 anos e que tem uma resposta bem positiva do público. Ela vai ficar três semanas em cartaz.
iBahia - Mas vocês estão com algum novo projeto?Com certeza. Estamos preparando uma nova peça que vai chamar trilogiaRemix.DOC_aquartapeça. A montagem transforma a "Trilogia do Pelô" (Composta por "Essa é nossa praia", "Ó paí, Ó!" e "Bai Bai Pelô") em uma quadrilogia. É uma reflexão que faz uma remixagem das três pecas anteriores. Podemos dizer que é uma peça documentário, com depoimentos reais de pessoas que vivem e trabalham no Pelourinho. Além disso, queremos que as pessoas do Pelourinho interajam ao vivo na peça com depoimentos on line na internet.
iBahia - E qual a previsão de estreia desse espetáculo?Sou muito agoniado e às vezes digo que nasci de sete meses (risos). Queria que a estreia fosse logo, mas isso vai depender de uma maturação tecnológica do espetáculo. É um trabalho que exige muita pesquisa e ainda não sabemos quando poderemos estrear.
iBahia - Foi divulgado que a Rede Globo vai lançar a terceira temporada de "Ó Paí, Ó"...Sabemos que a Globo está cogitando uma nova temporada mesmo, mas isso ainda não está certo. O Bando interfere muito pouco nisso. O que consideramos importante é que os atores negros daqui da Bahia deixaram de ser objetos na televisão e passaram a ser sujeitos. Isso nos dá muito orgulho.
iBahia - Depois da exposição de "Ó Paí, Ó" na mídia por conta do filme e da minissérie global o público que vai assistir as peças do Bando cresceu?Não percebemos um aumento, não. É claro que o Bando ganhou uma visibilidade nacional, mas o grupo já tinha um público fiel que continua frequentando as peças e que gosta de saber o que estamos fazendo. Além disso temos atores que ganharam uma projeção como Lázaro Ramos, que sempre cita o Bando em suas entrevistas, Érico Brás e Regina Rodrigues. Com 21 anos de história, o bando deu muitos frutos e isso é ótimo.
iBahia - E para 2012, alguma novidade do Bando?Estamos repensando o bando para ele ganhar sustentabilidade. Queremos uma tranquilidade maior para que possamos ter, no início do ano, o planejamento do ano inteiro. Consideramos que isso vai ajudar muito a execução dos nossos projetos e vai dar uma tranquilidade maior para os atores, diretores e todos os envolvidos no grupo.
iBahia - Então o objetivo é tornar o Bando auto-sustentável?Sim. Acho que buscamos isso. Queremos que os integrantes do bando não passem por nenhum tipo de dificuldade, nem financeiras. E isso é importante. Agora posso me dedicar ao bando de uma forma que como secretário de cultura não conseguia.
— "Nunca deixei de ser artista, inclusive o artista sempre esteve presente iluminando o secretário" |
iBahia - Em maio você promoveu a oficina "Teatro Para Quem Gosta de Rock'n Roll". Você tem planos que essa oficina vire espetáculo?O pessoal que fez a oficina ficou muito animado e querem que os encontros voltem a acontecer agora em julho, mas ainda estou analisando isso. Ainda não sei se vai virar espetáculo. Isso iria depender também dos participantes dos outros atores. Mas posso adiantar que eles querem muito compartilhar a experiência que tiveram. No momento, estou editando o projeto e quando ficar pronto, divulgo nas redes sociais.
iBahia - Você se arrepende de ter deixado de lado o Márcio artista para assumir a Secretaria de Cultura?Nunca deixei de ser artista, inclusive acredito que o artista sempre esteve presente iluminando o secretário. A verdade é que tive pouco tempo para assumir atividades artísticas, mas em nenhum momento me arrependo de ter assumido a Secretaria. Sou feliz porque pude colocar a Cultura da Bahia em pauta de discussão política. Acredito que fiz uma boa gestão.