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Após passagem por quatro Festivais de Dança, no Equador, o Núcleo Viladança encena o espetáculo “José Ulisses da Silva” nos palcos do Vila, em duas únicas apresentações, nos dias 20 e 21 de agosto, às 20h, no teatro Vila Velha. A montagem é inspirada nas aventuras mitológicas do grego Ulisses, herói da guerra de Tróia que vagou dez anos pelos mares em seu retorno para casa. “José da Silva” é um nome tão comum no Brasil que poderia fazer referência a qualquer pessoa. Um frentista, um administrador, um enfermeiro – mas, acima de tudo, um brasileiro. Cristina Castro, diretora e coreógrafa de José Ulisses da Silva mostra, já no título, o que pretende fazer no espetáculo: falar da gente brasileira. Não de alguém em específico, mas no que toda a população tem em comum: ser um pouco “Ulisses”. A peça mostra os atos heróicos que o cotidiano exige do Ulisses nosso de cada dia. A proposta de Cristina é verificar a atualidade do mito e, através dele, interpretar o nosso dia-a-dia. Para isso, a diretora lança mão de uma fusão de fotografia, vídeo e dança, adaptando a saga do herói para o cotidiano urbano contemporâneo. “O mito de Ulisses é o suporte, um ponto de partida para uma recriação através da dança contemporânea”, conta Cristina Castro, que se inspirou principalmente no espírito de aventura e sagacidade do herói grego. Em sua trajetória de volta ao lar, à medida que passa por uma série de ilhas, Ulisses perde toda a sua frota, até ficar sozinho. “Ele encontra com deuses e monstros; vivencia o amor, o medo, a estranheza, a loucura”, observa a coreógrafa. “Acho pertinente perguntar: que mar é esse hoje em dia? Qual é o espaço onde a gente trava batalhas, vence monstros, resiste às armadilhas? Cheguei à conclusão que esse espaço instável é a rua. Na rua você está sujeito a morrer e a encontrar seu grande amor. Ela é palco de encontros, desencontros, beleza, paixão e violência. É um espaço de briga e sobrevivência”, completa. A pesquisa de movimento de José Ulisses da Silva está atrelada à instabilidade, que, como conceitua a coreógrafa, é necessária à mudança: “Ela é movimento e dinamismo”. Para chegar ao vocabulário de movimentos do espetáculo, foram realizadas uma série de improvisações e laboratórios, com aulas de teatro físico, dança afro, ioga, artes marciais, basquete, percussão corporal, canto e atletismo, ao lado do treinamento das técnicas clássica e moderna. A trilha sonora, por sua vez, é assinada pelos músicos Jarbas Bittencourt e Marcos Povoas. “Fizemos questão de uma música muita humana e nosso interesse é o homem de agora”, comenta Jarbas. “A trilha busca produzir sensações auditivas tanto no público quanto nos bailarinos”, completa Marcos Povoas. Os compositores utilizaram guitarra, violão, vozes e samplers de percussão, manipulados em computador. Já o cenário do espetáculo fica a cargo da própria Cristina Castro, com pinturas executadas por um coletivo de artistas plásticos especialmente convidados. “É uma cenografia circular, com disposição propícia a rituais. O espetáculo pode ser visto de vários ângulos, sugerindo diversas interpretações”, explica a coreógrafa. O figurino de Luiz Santana foi concebido a partir dos personagens do espetáculo e customiza roupas do dia-a-dia. A iluminação ficou a cargo de Fábio Espírito Santo e as imagens em vídeo de Amaranta Cesar e Diogo Kalil.
Peça 'José Ulisses da Silva' 20 e 21 de agosto | sex e sáb | 20h R$ 10 e 5 Sala Principal do Teatro Vila Velha