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SALVADOR

Beleza e degradação dividem espaço em locais públicos de Salvador

Apesar da exuberância de suas belezas naturais e construídas, a capital baiana tem sido alvo de abandono e degradação

• 22/08/2014 às 9:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 21:51 - há XX semanas

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Seja baiano ou turista, circular por Salvador e admirar suas belezas naturais e construídas é uma excelente opção de diversão. No entanto, os sinais de abandono e falta de manutenção dos atrativos não apenas são visíveis como também incomodam bastante quem mora ou está só de passagem pela capital. Além das questões de mobilidade, infraestrutura e segurança, a cidade também tem enfrentado dificuldades no que diz respeito à preservação de suas intervenções artísticas. Alvos de degradação, esculturas, monumentos e outras obras de arte diversas, encontram-se em estado de calamidade pública. Ao mesmo tempo, uma linguagem artística urbana e transgressora tem ganhado cada vez mais força nos espaços da capital baiana e ajudado a lançar um olhar mais plural e lúdico sobre a cidade. O iBahia foi à rua ver de perto como beleza e abandono têm se mostrado em alguns locais públicos de Salvador.
Carinhosamente conhecidas como "as gordinhas de Ondina", Damiana, Catarina e Mariana, além de esculturas, já se tornaram ponto de referência para quem mora ou está só de passagem por Salvador.
Localizadas na Avenida Adhemar de Barros, as três mulheres se destacam no intenso fluxo de carros e pessoas da frequentada avenida na orla da capital baiana, especialmente pelas suas formas arredondadas e exuberantes, pouco convencionais na arte contemporânea.
Criadas pela artista plástica baiana Eliana Kertész, em 2004, as esculturas são feitas de bronze e simbolizam as três origens do povo brasileiro: negra, indígena e portuguesa.
Por isso, cada uma delas está voltada para a sua terra de origem: Damiana está voltada para a África, Mariana contempla Portugal, e Catarina está virada para o interior do Brasil. As peças pesam cerca de uma tonelada e medem três metros cada.
Nomeado 'As Meninas do Brasil', título de uma música de Moraes Moreira e Fausto Nilo, o monumento também marca o fim de um dos principais circuitos de trios do carnaval, o Dodô. Após um longo período de degradação, as esculturas foram recentemente restauradas e, atualmente, apenas uma delas apresenta uma pichação em uma das laterais.
Nome familiar em Salvador, o artista plástico Bel Borba tem obras distribuídas por diversos espaços da cidade. Só na extensão da Praia da Paciência ao Largo de Santana, no Rio Vermelho, são pelo menos cinco esculturas, além das intervenções urbanas com a técnica do painel em mosaico.
Conhecido como "Picasso do povo", o artistas assinou as máscaras rituais em metal instaladas no calçadão da Praia da Paciência, ao lado da quadra de esportes. Vale destacar o avançado estado de degradação das peças. Além da ferrugem, esta máscara também está pichada.
Além de serem usadas como depósitos de lixo, as obras estão bastante enferrujadas e exalam um odor fétido de urina.
Em 2012, uma escultura de bronze em tamanho real dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai foi inaugurada em frente à Igreja de Santana, no bairro do Rio Vermelho. Voltada para o mar, a obra do artista plástico baiano Tati Moreno retrata o casal sentado em um banco de jardim, na companhia do cachorro de estimação da família, Fadul, da raça Pug. A ideia do monumento é imortalizar, na memória de baianos e turistas, a imagem de Amado, um dos ícones da literatura nacional.
Três dias após sua inauguração, a escultura foi riscada e o rosto de Jorge marcado com o símbolo da anarquia. Olhando com atenção, ainda é possível ver a marca. Atualmente, além dos arranhões, encontra-se também um pouco desgastada pelo tempo. O monumento é mantido pela Associação dos Moradores do Rio Vermelho.
Outra conhecida obra de Bel Borba é o cachorro gigante feito de garrafas plásticas revestidas com resina. Em 2013, inclusive, Borba celebrou a chegada da primavera pintando flores no lugar das tradicionais manchas pretas da escultura.A obra é uma homenagem aos cães de rua do bairro, criados na praia pelos pescadores.
Localizados ao lado de cachorro, no Rio Vermelho, os totens de madeira (um Omolú e um Exú), também assinados por Bel, chamam a atenção pelo abandono e falta de manutenção. Construídas com restos de saveiros, as esculturas estão com pregos enferrujados à mostra e pedaços de madeira lascados, além de serem usadas como banheiro público.
Em formato de barbatana de peixe, 'Odoyá' é uma escultura criada pelo artista plástico Ray Vianna em homenagem à Iemanjá. Confeccionada em aço inoxidável, a obra foi inaugurada no dia 2 de fevereiro de 2008, no Rio Vermelho. Em bom estado, a escultura apresenta apenas leve desgaste causado pela ação do tempo e do próprio salitre.
Formado por uma lagoa cercada de vegetação remanescente da Mata Atlântica, o Parque Metropolitano de Pituaçu não somente abriga o atelier do artista plástico Mário Cravo Júnior, a Oficina Cravo, como também o Espaço Mário Cravo, galeria onde estão expostas esculturas, pinturas e gravuras do artista.
Também denominado Parque das Esculturas, o espaço ao ar livre abriga mil obras do autor, das quais 800 foram doadas ao Estado da Bahia em 1994, época em que o então governador Antônio Carlos Magalhães cedeu o espaço ao artista. Considerado um dos pioneiros da arte moderna na Bahia e um dos grandes artistas brasileiros no século XX, Cravo trabalha ativamente desde a década de 1940 e não limita-se a um material ou estilo específico.
Atualmente, quem for ao parque verá um espaço em obras, já que o local passa por grande reforma, após um longo período de degradação e ausência de manutenção das esculturas expostas. Algumas das 800 obras à mostra estão enferrujadas, pichadas e quebradas. Por deficiências estruturais, a galeria da Fundação Mário Cravo Júnior está fechada à visitação pública há cerca de um ano, Além de infiltrações, telhas quebradas e a constante ameaça de o concreto cair do telhado, o espaço, que abriga 200 obras do artista, também é alvo da sujeira dos pombos.
Apesar das reformas, e do cenário de degradação, é comum encontrar garotos empinando pipa no local durante a tarde, pais brincando com seus filhos na beira da lagoa e pessoas alimentando os peixes.
Localizada na rua Carlos Drummond de Andrade, no bairro de Itapuã, a Praça Vinicuis de Moraes é uma homenagem do artista plástico baiano Juarez Paraíso ao cantor e compositor carioca. Inaugurada em 1983, no dia em que "o poetinha" completaria 90 anos, o espaço conta com uma estátua em tamanho real de Vinicius, sentado em um banco e apoiado numa mesa, enquanto a mão direita rabisca um caderno.
A praça, que fica em frente à casa em que o carioca morou, também conta com 10 totens de granito apicoado, onde estão gravadas poesias e letras de canções do artista. Em 2013, devido ao centenário do poeta, o monumento fundido em bronze foi recuperado pelo restaurador uruguaio Ramón Marcial, que criou uma pátina especial para a peça.
Uma linguagem urbana e transgressora, o grafite está nas ruas de cidades do mundo inteiro, estampando muros, fachadas, túneis... e em Salvador o cenário não é diferente. Marcada pelos mais distintos traços, a capital baiana é palco de talentosos e promissores artistas que usam e abusam da criatividade quando o assunto é produzir arte.
Para quem é da cidade e para os que estão só de passagem, uma dica bacana é conhecer o Museu de Street Art Salvador, o Musas. Uma espécie de museu a céu aberto, o projeto reúne interessados em artes visuais, cinema, música e grafite, afim de movimentar a comunidade do Solar do Unhão, onde funciona a sede da iniciativa.
Entre as tradicionais pichações que marcam toda a cidade, o grafite do Musas, assim como de outros espaços e coletivos, são um contraponto inspirador frente ao cenário de degradação sob o qual as intervenções artísticas urbanas estão sujeitas na cidade. De frente para a Baía de Todos os Santos, o museu tem galeria própria, parte dela localizada embaixo dos arcos do Solar. Através dos seus idealizadores, Jocivaldo Silva e Júlio Costa em parceria com o coletivo Nova10ordem, o Musas tem conseguido difundir seu conceito de arte livre e ao alcance de todos.
Mantido por iniciativas de artistas, o Musas está aberto para quem quiser doar tempo e conhecimento para os moradores da comunidade. Gostou do projeto? Quer ajudar? Acesse o site www.ilovemusas.com e entre em contato com a galera.
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