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SUSTENTABILIDADE

Demora na tomada de decisões encarece mitigação da mudança climática, diz IPCC

• 15/04/2014 às 9:05 • Atualizada em 02/09/2022 às 2:57 - há XX semanas

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Degelo em nível acelerado no Ártico confirma a tendência de aquecimento global
Foto: NASA/Kathryn Hansen

Todos os cenários de mitigação dos impactos das mudanças climáticas apresentadas no domingo, 13 de abril, pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), passam pela redução das emissões de gases do efeito estufa e por investimentos em tecnologias capazes de sequestrar o carbono já emitido.

Se a humanidade quiser impedir que a temperatura do planeta suba, até o fim do século, mais do que 2 graus Celsius em relação ao período pré-industrial – evitando assim impactos mais significativos –, será necessário reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa entre 40% e 70% em relação a 2010, até meados do século, e para quase zero até 2100.

As informações são do Sumário para Formuladores de Políticas Públicas do relatório Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change, elaborado pelo terceiro grupo de trabalho (WG3) do IPCC.

Para os especialistas, a redução das emissões envolve o investimento em energias renováveis, o aumento da eficiência no uso de recursos e a redução do consumo insustentável.

A economia de energia que fazemos em casa e no trabalho deve acontecer independentemente de uma ameaça de racionamento. A responsabilidade na utilização dos recursos é de todos e os recursos são limitados

Uma meta ambiciosa seria reduzir em torno de 1,7% o consumo de bens e produtos até 2030, 3,4% até 2050 e 4,8% até 2100 – o que equivaleria a uma redução de 0,06% por ano no crescimento do consumo ao longo do século.

O documento – que corresponde à terceira parte do relatório de avaliação (AR5) do Painel – aponta ainda que seria necessário um investimento global em torno de US$ 177 bilhões por ano no desenvolvimento de tecnologias que permitam reduzir as emissões e sequestrar o carbono já emitido.

“Mas essas mudanças trazem uma série de benefícios adicionais que precisam ser computados nessa conta. Podem trazer melhoria da qualidade de vida pela redução da poluição atmosférica e disponibilizar recursos de forma mais eficiente para as pessoas. Os benefícios da mitigação podem até superar as perdas com a redução do consumo ao longo do tempo”, afirmou Mercedes Maria da Cunha Bustamante, professora do departamento de ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e um dos três membros brasileiros da equipe de cientistas que elaborou o sumário.

Em entrevista à Agência Fapesp, Bustamante falou sobre como o documento deverá ajudar nas negociações sobre o clima nos próximos anos, quais são as expectativas de um acordo global para a redução de emissões e como ações individuais podem ajudar no processo de mitigação. Veja em itálico alguns dos principais pontos abordados pela especialista.

INTERAÇÃO

A mensagem principal é: não dá para postergar mais essas ações necessárias. Não é um processo de tomada de decisão simples, é realmente complexo e multissetorial. Nenhum setor sozinho vai dar conta de fazer as alterações necessárias. Vai exigir um planejamento das interações entre os setores.

bustamante.jpgMITIGAÇÃO

Uma medida já disponível, que pode ser usada em um primeiro momento para abater as emissões, é o plantio de árvores em regiões onde antes não havia grandes extensões florestais. As árvores incorporam o dióxido de carbono (CO2) na biomassa, mas claro que essa medida tem uma limitação, pois as árvores não crescem indefinidamente. Outra forma amplamente discutida no relatório são tecnologias de captura que fazem o bombeamento de CO2 da atmosfera para camadas geológicas mais profundas. Algumas dessas tecnologias são associadas a processos industriais e, antes de o sistema de energia emitir o carbono, o gás já é capturado e bombeado para esses reservatórios. Mas ainda há uma série de desenvolvimentos tecnológicos a serem feitos. Os modelos indicam que, quanto mais tempo a gente demorar para iniciar as ações de mitigação, mais dependente seremos dessas estratégias de captura de carbono. Há vários caminhos, mas quanto mais tempo demorar para começarmos, mais difícil e mais caro será.

CIDADÃOS

O cidadão tem um poder de escolha importante como consumidor na definição do tipo de indústria que queremos. É preciso conhecer aquilo que você consome e o impacto que isso tem. Favorecer transporte coletivo em detrimento do individual. Mas, em algumas áreas, a decisão individual sofre uma influência muito grande do poder público. As pessoas podem optar pelo transporte coletivo, mas essa opção precisa estar disponível, ter qualidade e segurança. São dois elos que devem estar fortemente encadeados. A economia de energia que fazemos em casa e no trabalho deve acontecer independentemente de uma ameaça de racionamento. A responsabilidade na utilização dos recursos é de todos e os recursos são limitados.

ACORDO

Pelo sistema da ONU, no qual há necessidade de um acordo global definido por consenso, é sempre muito difícil. Trabalhamos com realidades e sistemas políticos muito diferentes. Um acordo global é necessário; por outro lado, temos observado um aumento das iniciativas regionais e binacionais. Começam a acontecer ações que não necessariamente estão sob um chapéu de um acordo global, mas podem favorecer muito as ações de mitigação também. É inegável, no entanto, que todos os países terão de aportar suas contribuições. O que não pode acontecer é chegar a 2020 acreditando que teremos mais 20 anos para começar a agir. A tomada de decisão rápida é fundamental.

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