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SALVADOR

Depois da festa, organização do Carnaval de Salvador para 2013 gera controvérsias

Para o presidente do Conselho do Carnaval, Fernando Boulhosa, criação do novo circuito ainda precisa de estudos

• 12/03/2012 às 15:03 • Atualizada em 11/09/2022 às 17:52 - há XX semanas

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As polêmicas sobre as mudanças no carnaval de Salvador parecem mesmo que chegaram para ficar. Mal terminou a festa no dia 21 de fevereiro e o assunto continua com polêmicas, novidades e críticas nas rodas de discussões. Com o aumento dos trios sem cordas e com a queda significativa da venda de abadás, uma das molas propulsoras da economia da festa, a necessidade de repensar o modelo de organização já para o ano de 2013 é a pauta do dia para quem trabalha diretamente com a realização do evento. A criação de um novo circuito - atualmente existem três (Osmar na Avenida, Dodô na Barra-Ondina e Batatinha no Pelourinho), é uma das prováveis mudanças. "Não sou contra nem a favor. Acredito que é preciso avaliar todos os elementos necessários para o carnaval. Se não for prejudicar os demais circuitos ou à própria dinâmica, tudo bem. Mas se for para salvaguardar interesses particulares, não", diz o presidente do Conselho Municipal do Carnaval e da Associação de Blocos de Trios, Fernando Boulhosa. Dentro do Conselho, que deverá se reunir ainda neste mês de março para fazer um balanço, existe uma forte tendência de que a região do Aeroclube seja o cenário ideal para o novo circuito - em substituição à ideal do circuito do Comércio, na Cidade Baixa. "De fato, existe essa discussão muito forte entre os membros. A questão é que as mudanças precisam acontecer. Há anos lutamos para que o carnaval na Avenida termine na Praço Castro Alves e que a Av. Carlos Gomes, um lugar apertado, fique sendo um corredor, mas ainda não conseguimos isso com os órgãos públicos. Os artistas detestam tocar ali. Não tem nada para ver. É muita confusão", explica Fernando. Segundo ele, a decisão técnica para reduzir o percurso cabe à prefeitura. Já para o presidente da Saltur, Claudio Tinoco, criar um novo local exige requisitos, como um balizamento técnico. "A prefeitura ainda está celebrando o Carnaval de 2012, quando conseguimos fortalecer o circuito Avenida, consolidar os trios sem cordas e as atrações do palco na Praça Castro Alves. Oficialmente, não estamos trabalhando com a possível expansão de um novo circuito. Inclusive, nem recebemos o projeto oficialmente. Mas estamos abertos a analisar esta proposta quando chegar", afirmou. No quarto circuito, desfilariam, a princípio, os trios sem cordas. Enquanto que na Barra, continuaria a mistura entre camarotes, blocos pagos e independentes. "Lá é mais para apreciar. Para quem gosta de camarote. Tem essa finalidade. No novo local, a população teria mais conforto", aponta Boulhosa. Contrário à criação de um circuito no Aeroclube, o estudioso do carnaval e professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Miguez, afirma que, caso a hipótese do quarto espaço se confirme, o ideal é que o desfile ocorra na Cidade Baixa: " A territorialização da festa é fundamental e a Cidade Baixa é o território da festa baiana. Do Mercado do Modelo até o mercado do ouro sempre acontecem festas populares: A festa da Conceição, de Santa Luzia, Bonfim e tantas outras que possuem historicamente manifestações carnavalescas. A área do Aeroclube é distante dessa territorialidade. Não respeita a história, a geografia. Lá é bom para o negócio e só".
Para especialista, Cidade Baixa tem tradição nas festa populares e seria o melhor espaço para o novo circuito
As cordas e a polêmica do trio de Dodô e Osmar Uma das transformações vivenciadas neste carnaval foram os trios sem cordas puxados por grande artistas. Além dos veteranos do carnaval pipoca - Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Armandinho e Moraes Moreira-, a Timbalada, a banda Eva, Tuca Fernandes, Jammil e Chiclete com Banana saíram um dia sem cordas e democratizaram um pouco mais a dinâmica da festa.
Sem cordas, Chiclete com Banana fez um desfile tranquilo
"Foi um carnaval tranquilo. Com a participação de muitos artistas tocando para o povo. Ainda estamos avaliando. Sabemos que foi mais esvaziado do que os outros anos e isso foi notório. A greve da Polícia Militar impactou diretamente e não sabemos se isso poderá ainda gerar mais consequências para o próximo ano", diz Boulhosa. Durante a greve de parte do efetivo da polícia, a vendagem de abadás para camarotes e blocos caiu 40%. Além disso, cerca de 10% dos pacotes turísticos para Salvador foram cancelados. O problema para ampliar a democratização do Carnaval, segundo Boulhosa, é que muitos trios independentes, mesmo com patrocínio, só querem tocar n a Barra. "O artista tem que querer tocar na Liberdade, na Avenida e nos bairros também. Tem muitos trios independentes que só querem tocar na Barra, mesmo tendo patrocínio. O Trio Dodô e Osmar, por exemplo, com Armandinho. Eles só querem tocar na Barra. Para eles, o visual só é bacana na Barra. Eles são os que mais recebem patrocínio, mais de R$ 1,5 milhão. E não tem diálogo ali, é só na Barra e acabou. No dia da Avenida passam rápido", diz. O produtor e músico da banda de Armandinho, Aroldo Macedo, rebateu as declarações e acusou o Conselho do Carnaval de ter loteado a cidade. "Não somos o que mais recebe patrocínio. Tocamos na Barra porque fomos expulsos do carnaval da avenida por causa da organização do Carnaval, feita por este Conselho. Estamos na Barra há décadas já. Eles [do Conselho] mataram o carnaval na Avenida e em outras partes e agora querem achar algum culpado quando eles são os responsáveis. Lotearam o circuito e os melhores horários estão ocupados por cordas por isso falta mais democracia e opções para o povo", alfineta. O fim do carro de Apoio No carnaval, uma das queixas comuns é a grande ocupação das avenidas pelo blocos de corda. Este, inclusive, seria um dos motivos para a geração de brigas e de confusões. Na opinião de Miguez, uma iniciativa a ser adotada já no próximo carnaval é a extinção do carro de apoio. "O carro não tem nada a ver com a cultura da a festa. É só o negócio. O carnaval não fica mais rico ou melhor com ele. Atrasa o desfile, ocupa mais espaço público. São 30 metros na pista, para banheiro, posto médico, que a prefeitura já oferece com qualidade, e para o bar. Bar privado numa festa de mais de 30 mil ambulantes. É só para as subcelebirdades ficarem ali em cima. Salvador tem arquitetos e engenheiros que poderia pensar em uma alternativa melhor", pondera. Apesar dos argumentos apresentados por Miguez, Boulhosa acredita que a ideia é descabida: "Isso é um maluquice. O carro de apoio ocupa espaço dentro do bloco, não é um espaço extra. Além disso, ali é oferecido um serviço de banheiro. E os poucos que a prefeitura disponibiliza ficam numa imundice terrível. Os foliões estão pagando e querem ter o direito de usar um bar limpo, um posto médico. E o carro é uma forma de captação de patrocínio". O papel do Conselho Criado em 1990, o Conselho Municipal do Carnaval (COMCAR), com funções consultivas e deliberativas, representa os segmentos envolvidos na concepção, controle e avaliação dos processos administrativos e financeiros da festa. Atualmente, o conselho é composto por 21 entidades representativas, incluindo blocos, autoridades municipais e estaduais. A coordenação executiva é composta por três membros: "Nós trabalhamos com o consenso. As nossas decisões são baseadas no entendimento comum de quem participa da festa. Outras Associações que estão de fora também podem participar das reuniões, mas sem poder de voto. Para fazer parte mesmo, é preciso que os nomes seja submetidos à aprovação da Câmara de Vereadores", afirma Boulhosa. Na visão de Miguez, entretanto, o órgão está defasado e precisa se adequar mais aos interesses da população de Salvador. "A regulação da festa precisa mudar logo. O Conselho não tem capacidade de liderar e precisa ser mais amplo. Tem Associações que não tem impacto nenhum e estão lá e outras importantes que estão de fora. Dá para pensar em um Conselho sem a presença de moradores da Barra, do Campo Grande ou do Pelourinho? Ou mesmo sem a presença da Associação de Camarotes? Quer dizer, está defasado. Não se coloca em discussão as complexidades da festa", avalia. Ainda segundo o professor, o governo estadual precisa se envolver mais para mudar a cara da festa: "A responsabilidade é da prefeitura, mas o governo pode e precisa agir para uma folia mais democrática. O governo tem cadeiras cativas no Conselho e precisa peitar as mudanças necessárias à organização da folia", finaliza. O Conselho é formado por um representante da Associação dos Blocos de Salvador, da Associação dos Blocos de Trios, do Blocos Afros e Afoxés, dos Blocos de Percussão, do Sindicato dos Músicos, da Associação dos Barraqueiros de Festas Populares,da Emtursa e Bahiatursa, da Polícia Militar e Polícia Civil, da Associação de Cronistas Carnavalescos, da Secretaria de Saúde Municipal e Estadual, do Juizado de Menores, do Poder Legislativo, da Executivo Municipal, da Federação dos Clubes Sociais da Bahia, da Federação dos Clubes Carnavalescos da Bahia, do Sindicato dos Vendedores Ambulantes e Feirantes de Salvador, dos Blocos de Índios, dos Trios Elétricos Independentes, da Associação dos Proprietários de equipamentos de som, da Associação dos Artistas Plásticos Modernos da Bahia e do Conselho Baiano de Turismo. Já a coordenação executiva do Conselho é composta por três coordenadores. O principal é eleito diretamente pelo pelo Conselho, uma pessoa é indicada pelo governador da Bahia e o terceiro é escolhido pelo prefeito municipal.

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