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LITERATURA

Dia do Escritor: poucas comemorações e três cadeiras vagas na ABL

As perdas tão recentes de nomes da literatura, como Ivan Junqueira, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna deixaram o dia pouco festivo

• 25/07/2014 às 17:49 • Atualizada em 27/08/2022 às 10:25 - há XX semanas

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"Já falei que eu gosto muito de doido e gosto muito de mentiroso, também. Não o mentiroso, que prejudica alguém, mas aquele que mente pra melhorar as coisas, como é o caso do escritor". A frase é de Ariano Suassuna, em palestra feita em Salvador, na semana passada. Impossível não citá-lo, pela sua recente partida e pelo Dia do Escritor, comemorado neste 25 de julho. É certo que a literatura brasileira e mundial têm muitos grandes nomes, mas, este ano, as comemorações ficaram, de fato, contidas, afinal, no julho turvo de 2014, as letras perderam Ivan Junqueira, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano. Por causa das perdas, o dia foi pouco comemorado, tanto nas redes sociais quanto nos sites oficiais, com o da Academia de Letras. Uma verdadeira baixa por aqui, o que nos leva a acreditar que o sarau foi organizado lá no céu. Se mentiroso ou não, o escritor, que transforma e melhora realidades, merece as homenagens da data, que foi estabelecida na década de 1960, por ocasião do 'I Festival do Escritor Brasileiro', organizado pela União Brasileira de Escritores, que tinha João Peregrino Júnior e Jorge Amado, como presidente e vice-presidente, respectivamente. Um dos maiores reconhecimentos na trajetória de um escritor é tornar-se um imortal, membro da Academia de Letras, por onde passam os grandes nomes da literatura. A Academia Brasileira de Letras foi fundada em 20 de julho de 1897, e teve Machado de Assis como presidente; Rodrigo Otávio (1º secretário), e Joaquim Nabuco (secretário-geral), que pronunciou o discurso inaugural. A ideia de fundar no Brasil uma academia nos moldes da Academia Francesa, no fim do século XIX, foi de Afonso Celso Júnior, ainda no Império, e Medeiros e Albuquerque, já na República. Na época, o êxito social e cultural da 'Revista Brasileira', de José Veríssimo, contou com um grupo coeso de escritores e deu impulso ao projeto. Até a implantação da academia algumas reuniões, as chamadas "sessões preparatórias", foram realizadas para que tudo fosse organizado. A primeira delas aconteceu em 15 dezembro, na redação da Revista Brasileira, quando Machado já foi escolhido presidente.
Pouco mais de um mês depois, em 28 de janeiro do ano seguinte, aconteceria a última sessão preparatória, já para instituir a academia. Dessa vez, estavam lá reunidos grandes nomes, como: Araripe Júnior, Artur Azevedo, Graça Aranha, Guimarães Passos, Inglês de Sousa, Joaquim Nabuco, José Veríssimo, Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, Medeiros e Albuquerque, Olavo Bilac, Pedro Rabelo, Rodrigo Otávio, Silva Ramos, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay, além de Coelho Neto, Filinto de Almeida, José do Patrocínio, Luís Murat e Valentim Magalhães, Afonso Celso Júnior, Alberto de Oliveira, Alcindo Guanabara, Carlos de Laet, Garcia Redondo, Pereira da Silva, Rui Barbosa, Sílvio Romero e Urbano Duarte.
Mas tal qual o modelo francês, a academia precisava de 40 nomes. Assim também foram eleitos para ocupar cadeiras: Aluísio Azevedo, Barão de Loreto, Clóvis Beviláqua, Domício da Gama, Eduardo Prado, Luís Guimarães Júnior, Magalhães de Azeredo, Oliveira Lima, Raimundo Correia e Salvador de Mendonça.
Com a morte de Ivan Junqueira, João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna, três cadeiras estão vagas na Academia Brasileira de Letras (32, 34 e 37). De acordo com o estatuto da casa, os candidatos a imortal devem ser brasileiros e terem publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de mérito literário reconhecido. A ABL possui 40 membros efetivos e perpétuos. Os acadêmicos são escolhidos por meio de eleição por escrutínio secreto. No caso de falecimento do acadêmico, a cadeira é declarada vaga na 'Sessão de Saudade'. Só a partir daí são aceitas as novas candidaturas, através de carta enviada ao presidente. A eleição acontece três meses após o anúncio da vaga. A data de posse é sempre marcada em comum acordo entre o novo acadêmico e o acadêmico veterano, que fica responsável por receber o novo membro e fazer discurso de boas-vindas. Na ocasião, o escritor eleito usa o fardão, oferecido pelo Governo do seu Estado de origem.
Academia de Letras da Bahia
Fundada em 7 de março de 1917, a casa dos escritores baianos, na qual João Ubaldo Ribeiro ocupou a cadeira 9 (por hora vaga), também segue os moldes da Académie Française e da Academia Brasileira de Letras. São 40 cadeiras numeradas, cada uma com o respectivo patrono permanente e imutável. A criação foi uma causa do engenheiro Arlindo Fragoso, natural de Santo Amaro da Purificação, que também fundou o Instituto Politécnico e a Escola Politécnica da Bahia.
A data de fundação foi uma homenagem à Academia Brasílica dos Esquecidos, primeira academia de letras do Brasil, instituída na Bahia em 7 de março de 1724. Entre os objetivos da instituição, está “o cultivo da língua e da literatura nacionais, a preservação da memória cultural baiana e o amparo e estímulo às manifestações da mesma natureza, inclusive nas áreas das ciências e das artes” (Art. 1º do Estatuto), tendo ainda como lema “Servir à Pátria honrando as letras”.

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