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Iron Man baiano: uma história de superação que não está no gibi

Apaixonado pelo esporte, Ricardo Serravalle superou uma série de problemas de saúde e tem um grande desafio pela frente

• 03/09/2011 às 7:40 • Atualizada em 27/08/2022 às 22:55 - há XX semanas

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Histórias dos super-heróis inspiram Serravalle
Problemas congênitos nos rins, coração e na vesícula seminal, fraturas e rompimentos seguidos de ligamentos no joelho e tornozelo e três AVC's isquêmicos seriam motivos mais do que suficientes para alguém desistir de uma vida de esportista, certo?. Para um baiano, não. Ele não é nenhum herói nacional. É herói de si mesmo, mas merece a reverência de quem se entrega ao deparar-se com os primeiros obstáculos. Aos 35 anos e depois de superar inúmeros problemas, ele caminha lado a lado com o esporte e tem um objetivo a atingir. Quando criança, Ricardo Serravalle vivia lendo as revistinhas de super-heróis. Levou os contos tão a sério que resolveu copiar. E não é exagero dizer que ele conseguiu. A sua história de superação merece o título de "Iron Man" da Bahia. Nenhum vilão da vida real foi capaz de detê-lo. Ele passou por cima de todos, assim como o Super-Homem elimina Lex Lutor, o Homem-Aranha acaba com o Duende Verde e o Batman destrói o Coringa. A história não está no gibi, mas nem por isso os capítulos da saga, que ainda não terminou, não podem ser contados. A primeira aventura é uma prévia das façanhas que o tempo aguardava. Aos 12 anos, acreditando que podia mesmo ser imortal, o garoto deita no skate e desce a movimentada Avenida Princesa Isabel, na Barra, em Salvador. "Em algum momento da vida, eu resolvi viver como se eu fosse um super-herói". Por sorte ele escapou vivo e a história continuou. A primeira investida de Ricardo foi no futebol. Jogou por cinco anos nas categorias de base do Bahia, até que apareceu o primeiro entrave. De uma família de classe média, os colegas de clube demoraram a aceitar a presença do garoto. "Tinham uns que chegavam para mim e diziam: você tá tirando comida da minha boca". Por essa e outras, os caminhos para o futebol levaram à desilusão e era hora do aventureiro mudar de rumo. O primeiro vilão aparece. "Descobri que tinha um rim hectópico. O rim é um pouco à frente da bexiga. Os médicos disseram que era para eu parar de jogar futebol". Parte da ordem foi obedecida. Com o futebol ele parou, mas apesar do perigo de uma pancada que agravaria ainda mais o problema descoberto, o refúgio escolhido por Serravalle foram as artes marciais. Resultado: 21 anos de luta e os títulos baiano, brasileiro e sul-americano de Kickboxe, conquistado em 2005. Às vesperas da disputa do Mundial, fratura e rompimento dos ligamentos do tornozelo esquerdo. Literalmente, o Iron Man começava a nascer.
— Resolvi viver como se eu fosse um super-herói
Dois parafusos e uma placa de metal no tornozelo impediram a disputa do título mundial do Kickboxe, em 2006. No saldo das lesões ainda constava o nariz quebrado por seis vezes, que precisou ser reconstruído com cartilagem da costela. Para evitar mais fraturas, outra mudança de trajetória. A nova alternativa foi o Triatlon. Se acostumar ao novo esporte não seria simples. "É como se você pegasse Ayrton Senna e colocasse ele para jogar futebol. Foi uma grande virada. Complicado, mas eu fiz". Fora do esporte Serravalle também enfrentou outras batalhas. Uma das mais duras: conviver com a ideia de não poder ter filhos naturalmente, devido a um problema na veíscula seminal. O tal super-herói temia não dar continuação à sua linhagem. Mas o semên congelado mantêm a possibilidade de realizar o desejo de ser pai. Assim como na história original, o coração é um ponto fraco do Homem de Ferro, mas é nele também que Serravalle encontra motivos para continuar sua caminhada. Em 2009, num dia normal de trabalho, um mal-estar avisava os três acidentes vasculares que estavam para acontecer por conta de um problema congênito no coração. Foram dez dias de internação - três na UTI, mas outra vez Serravalle vencia uma fase no jogo da vida e voltava para o campo de batalha, o esporte, com novas restrições.Em abril de 2010, uma partida de futebol com os amigos da empresa de telefonia onde trabalha daria o golpe final para frear os desejos do atleta. Ele mesmo explicou o que aconteceu: "dei um carrinho para cortar um cruzamento e o pé ficou preso em um buraco no gramado, o pé desencaixou, rompi todos os ligamentos do tornozelo, fraturei a fíbula". Foram seis horas de cirurgia e quatro parafusos no pé. Fim da linha? Não.
A paixão falou mais alto outra vez. "Você tem que fazer aquilo que você ama. Decidi que não ia parar e resolvi me dedicar", disse Serravalle. No vídeo game e nos filmes é assim: o jogo só acaba depois de passar pelo chefão. Neste caso, o desafio maior tem nome: IronMan Brasil 2013, em Florianópolis. Tarefa nada fácil. Em quilômetros, no mesmo dia, serão 3,8 de natação, 180 de ciclismo e 42 de corrida. Tem mesmo que ser de ferro para conseguir. A preparação já começou e o primeiro teste será completar a travessia Mar Grande - Salvador, no próximo ano. Mas para quem já venceu tantas batalhas na vida, o final promete outra conquista. A história vai ganhar as páginas de um livro. Esse é o mais novo projeto de Ricardo Serravalle. "+ Rápido, + Alto, + Forte" vai registrar uma trajetória de vida que pode ser tão difícil como a de muitos baianos, mas que se diferencia por fazer do esporte o responsável pela vontade de continuar lutando. Emocionado, ele garante que a força continua existindo. "Os problemas todos que eu já tive são meu maior incentivo, porque isso me fortalece".

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