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MÚSICA

Lenine fala ao iBahia sobre turnê 'Carbono' e show em Salvador

“Parte da cultura que me ajudou a chegar aqui é fruto dessa experiência com o nordeste”, afirmou o cantor

• 03/07/2015 às 16:37 • Atualizada em 30/08/2022 às 4:12 - há XX semanas

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Com mais de 30 anos de carreira e dez discos lançados, Oswaldo Lenine Macedo Pimentel esbanja descontração numa entrevista ao iBahia em que fala sobre seu processo de composição, a alegria de ver a família reunida na música e seus novos projetos. Além disso, o amor pelo nordeste e a identificação do cantor com a capital baiana também são temas da entrevista.
Logo após colocar as mãos no primeiro exemplar de seu mais recente disco de inéditas, Lenine colocou os pés na estrada com a nova turnê ‘Carbono’ e chega a Salvador no dia 10 de julho. “Parte da cultura que me ajudou a chegar aqui é fruto dessa experiência com o nordeste”, afirmou o cantor. Confira abaixo a entrevista completa:
“Eu continuo sendo um repórter do meu tempo”
iBahia - Foram quatro anos entre 'Chão' e seu último lançamento, 'Carbono'. Por que tanto tempo e como foram surgindo as músicas que preenchem esse novo disco?
Lenine - Não foi tanto tempo assim, não. Acontece que o período de vida curto de cada projeto meu varia entre três anos e três anos e meio que foi, mais ou menos, o tempo do ‘Chão’. Acontece que a gente precisa amputar alguma coisa para ter o desejo de fazer outra e, no final do ano passado, eu percebi que, pelos pedidos, se eu deixasse, eu estaria fazendo 'Chão' até hoje, então me propus a fazer um projeto novo. Mas eu já descobri uma mecânica de fazer que me diz que antecede ao fato deu fazer as canções, eu descobrir uma audiência sonora e um título. Depois de descoberto isso, eu vou atrás das canções. Foi isso que aconteceu com ‘Carbono’. E eu tive que fazer as músicas a partir, então, só de janeiro, quando resolvi fazer um projeto novo e cheguei ao título 'Carbono'. Eu tive dois meses e meio para fazer e isso realmente foi o novo pra mim, eu nunca tive tão pouco tempo para realizar.iBahia - Por que você teve tão pouco tempo para realizar o projeto?
Lenine - Foi pouco tempo porque, quando a gente chegou a conversar sobre isso, eu tinha uma oferta de uma pauta muito interessante em SP, de fazer quatro dias consecutivos num teatro bacana e isso significava dia 30 de abril, então eu estava em janeiro. Pra eu, no dia 30 de abril estrear esse show, eu disse “eu quero fazer, estrear esse show, mas que eu tenha o CD físico”. Pra eu, no dia 30 de abril, ter o CD físico, eu tinha que terminar o CD no dia 30 de março e eu marquei a masterização pro dia 30 de março e entrei no estúdio pra, com o tempo restante, fazer o projeto.
iBahia - Você considera que ‘Carbono’, tanto o álbum quanto a turnê, é uma mistura de todos os "Lenines", o cantor, compositor, arranjador, letrista, ator, escritor, produtor musical, quase engenheiro químico e ecologista?
Lenine - [risos] Ah, eu acho que isso... De alguma maneira, sim. Reflete minha experiência pessoal. Não se distancia das questões que são importantes pra mim e que, ao longo desses anos, foram tema das minhas canções. Eu continuo sendo um repórter do meu tempo.
“Eu não me sinto capaz de cantar 50% do que eu produzo”
iBahia - Noventa por cento do que você escreve acaba sendo cantado por outras pessoas. Quando compõe, você já tem em mente qual voz interpretará aquela canção?
Lenine - Ah, na maioria das vezes, sim. Tanto é que eu não me sinto capaz de cantar 50% do que eu produzo porque esses 50% foram feitos para outros intérpretes e, aí, eu chego à conclusão... Há muito tempo, eu cheguei à essa conclusão de que antecede ao fato de eu ser cantor, intérprete ou mesmo arranjador e produtor, o fato de eu ser compositor. Essa realmente é minha profissão. E aí, nesse sentido, como compositor, eu componho não só pra mim, mas para outros intérpretes. E esse exercício é completamente diferente, dependendo do intérprete em foco.
iBahia - O disco contém várias participações especiais (Carlos Posada, Nação Zumbi, Dudu Falcão). O que veio antes, os convidados ou as músicas?
Lenine - Ah, tudo surge simultaneamente, mas eu tenho que ser honesto. Tudo surge a partir do título. Se você reparar, todas as músicas de Carbono versam sobre o carbono. A palavra chega a aparecer em cinco ou seis das onze canções, então, assim, evidentemente que essa equação muda com os ingredientes mudando. Com Nação foi evidentemente diferente que com a Rumpilezz. E todas elas são verdade dentro do plano de fundo que é o disco 'Carbono'. Então 'Carbono' é um somatório de experiências e com mecânicas diferentes, realizadas num período muito curto de tempo.
iBahia - É diferente trabalhar com um projeto que, de certa forma, une a sua família? (Cantando com João e sendo produzido pelo Bruno, filhos de Lenine)Lenine - Ah, o melhor de tudo é poder reunir todo mundo. Além disso, tem o Bernardo, que é o meu filho mais novo, e que eu uso os três também fazendo todos os ‘backs’ do disco, porque temos o aparelho fônico muito similar. São todos meus filhos e o timbre é bem parecido e aí, nesse sentido, eu posso explorar os vocais de uma maneira muito mais profunda e é extremamente divertido porque são duas sessões no estúdio, só a família cantando junto.
iBahia - Há também uma parceria com várias orquestras e instrumentistas (Orkestra Rumpilezz, Martin Fondse Orchestra, Carlos Malta, Marcos Suzano, Ricardo Vignini), dentre eles a holandesa Fondse Orchestra. Como aconteceu essa parceria?
Lenine - Ah, já aconteceu há alguns anos. A gente tem um projeto juntos e já chegamos a rodar e fazer algumas turnês pela Europa, EUA e mesmo no Brasil. Então, por essas e por outras eu digo que Carbono é também esse ajuntamento das minhas experiências de uma vida toda. Ali estão presentes os meus antigos parceiros e permanentes parceiros como Lula Queiroga, Dudu Falcão e Ricardo. Tem também os parceiros de música como Suzano, Carlos Malta... Com todos eu tenho uma experiência e uma vivência na área da música. Portanto é natural que, na hora em que eu vou fazer um disco, eu queira reunir todos esses amigos.
iBahia - Você já fez diversos shows internacionais. Como é tocar para o público estrangeiro? Há expectativa de que aconteça o mesmo com 'Carbono'?
Lenine - Eu acho que foi uma conquista que tem a ver com o tipo de sonoridade que a minha música tem e que eu descobri muito cedo que isso frequentava vários nichos espalhados pelo mundo, não só no Brasil e, a cada lançamento, eu faço esse lançamento fora do Brasil, faço com que os discos sejam traduzidos pelo menos nas três línguas: inglês, espanhol e francês. Com isso, a gente continua frequentando o planeta de uma maneira muito bacana e é o melhor da festa. O melhor da história é poder viajar tendo como passaporte a música que a gente faz.iBahia - Há também uma pegada ambiental no evento, com o projeto de redução do impacto ambiental da turnê e o plantio de árvores para neutralização das emissões de CO2. É um desafio fazer algo desse tipo em Salvador?Lenine - Não, eu sempre faço isso e eu acho que talvez esteja em evidência agora porque tem canções como ‘Que de água’ e ‘Simples assim’ que falam realmente dessa questão ambiental de maneira mais explícita. Mas, em todos os meus discos, houve essa reportagem cujo foco é o homem e o meio ambiente. Essa relação que está desequilibrada por culpa do homem.iBahia - A ideia do projeto é também "tirar um som junto com amigos de longa data". Quem mais vai dividir o palco com você nessa turnê?
Lenine - Ah, não, mas aí no palco a minha turma é pequena. Somos cinco. São duas mecânicas completamente diferentes: uma é fazer o disco, este momento é de experimentação, eu não tenho obrigação de gravar com os mesmos que tocam comigo. Muito pelo contrário, eu até evito isso para aprofundar coisas e me aproximar de gente que eu nunca toquei, mas que eu admiro. No palco, não. É um núcleo duro que está comigo há muitos anos e que me ajuda a transportar, do CD para o palco, a música que eu faço.iBahia - Você afirmou numa entrevista recente que sente diferença na maneira como o Nordeste compreende as suas canções. Qual a sua relação com o Nordeste e, em especial, com Salvador?
Lenine - Na verdade, o que eu falo é que existe uma alma que é comum no povo nordestino. Essa alma vai do Maranhão até o São Francisco e abrange toda essa região. É natural que, quando eu toque nessa região, eu tenha um entendimento de que as pessoas compreendem infinitamente melhor o que eu estou cantando. Porque parte da cultura que me ajudou a chegar aqui é fruto dessa experiência com o nordeste, então essa questão cultural fica evidente pra quem é do nordeste e as pessoas reconhecem isso no meu trabalho. É essa carga de nordeste que talvez esteja muito evidente nesse novo disco ‘Carbono’.iBahia - Quais novidades o público poderá perceber no seu show aqui em Salvador?
Lenine - A novidade é que é um espetáculo quadrifônico [com autofalantes cercando a plateia] assim como foi ‘Chão’. Eu descobri essa tecnologia e a facilidade e a mecânica de como fazer isso, portanto, quando fui fazer o ‘Carbono’, já levei em consideração isso, que o meu show seria quadrifônico. Tem também um pouquinho do meu repertório que não é ‘Carbono’, que eu pensei para fazer o repertório do show homônimo ao disco, já que, no show, serão onze canções e, no disco, são onze. Isso significa que quase a metade é de músicas que eu pincei do meu repertório. E eu só pincei músicas que se adequariam àquele ambiente que a gente estava exercitando, então essas são as novidades.*Com supervisão de Rafaele Rego

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