O escritor alemão de origem búlgara Ilija Trojanow, de 48 anos, foi impedido na segunda-feira (30) de embarcar em Salvador para os EUA, onde participaria de um encontro acadêmico, em um voo da American Airlines. "Não me deram nenhuma razão ou explicação", afirmou Trojanow ao Estado de S. Paulo. Trojanow estava no Brasil para lançar o romance "Degelo". O escritor acredita que suas críticas ao escândalo de espionagem da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) possam ter contribuído para a proibição de sua entrada no país, segundo texto publicado nesta terça no jornal alemão "Frankfruter Allgemeiner". O escritor conta que aguardava embarque no aeroporto de Salvador quando uma funcionária da companhia aérea disse que seu caso era "especial". Nenhum motivo formal foi oferecido ao escritor para a recusa do seu embarque, mas cerca de 45 minutos depois de apresentar seu passaporte, uma funcionária da American Airlines informou que ele não poderia viajar. Trojanow embarcaria de Salvador, onde participou de um intercâmbio literário, para Denver, onde aconteceria o debate acadêmico. Ele também participou da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Em Salvador, no último dia 26, o escritor ministrou uma palestra sobre a arte da escrita no Instituto Goethe, na Vitória. O evento fez parte do Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac). No aeroporto do Rio, já à noite, quando esperava para voltar à Alemanha, Trojanow garantiu que tinha visto válido para os EUA. "Eu me sinto prejudicado no meu trabalho de escritor e jornalista porque eu estava viajando para um grande colóquio sobre literatura alemã, onde eu seria um dos conferencistas. Ele falou sobre a proibição do embarque."Eu só posso especular: não sou o primeiro jornalista crítico que foi incomodado pelas autoridades americanas. Qualquer que seja a razão, tal arbitrariedade não é aceitável numa sociedade democrática". Trojanow diz que pretende tentar novamente viajar para os EUA e quer saber porque está na "lista negra". Manifestos e críticasNo ano passado, o escritor solicitou um visto para trabalhar como professor convidado na Universidade de Washington. Inicialmente, o pedido foi negado e só depois de protestos da instituição de ensino o governo voltou atrás e deu autorização. O escritor fala sobre temas como vigilância e critica muito a espionagem. Ao lado de Juli Zeh, é autor de "Ataque à Liberdade - Obsessão com a Segurança, Estado de Vigilância e o Desmantelamento dos Direitos Civis", de 2009. Ele também assinou um manifesto cobrando uma ação da chanceler alemã Angela Merkel em relação à espionagem dos americanos. "Pela Constituição alemã, ela tem a obrigação de defender os direitos dos cidadãos", disse o autor à Folha de S. Paulo. O Consulado Geral dos Estados Unidos informou que não se pronuncia sobre casos específicos de visto e a American Airlines não comentou o caso, segundo o Estadão. Matéria original: Correio 24h Escritor alemão que criticou espionagem é impedido de embarcar de Salvador para os EUA
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