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Fornecedor de drogas da facção Katiara é o mesmo do PCC

PF prende mulher de Roceirinho em Nazaré

• 27/08/2015 às 8:36 • Atualizada em 27/08/2022 às 5:31 - há XX semanas

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A ligação entre a facção Katiara e o PCC (Primeiro Comando da Capital) vai além de a quadrilha comandada por Roceirinho inspirar-se na facção paulista para criar o seu código de conduta, batizado de Estatuto da Katiara. As duas organizações criminosas têm o mesmo fornecedor de drogas, conhecido como Alemão, responsável pela negociação direta com traficantes do Mato Grosso do Sul e Paraná, estados que fazem fronteira com o Paraguai e Bolívia, produtores de maconha e cocaína, respectivamente. A informação é da Polícia Federal, que na terça-feira cumpriu dez mandados de prisão preventiva por tráfico de drogas e associação por tráfico em Salvador, Serrinha, Nazaré, Feira de Santana e Mirandópolis (SP). Entre os mandados cumpridos, um deles foi contra o líder da Katiara, o traficante Roceirinho, que está custodiado no Presídio de Serrinha. “Quando ainda estava no Complexo da Mata Escura, ele dava as ordens tranquilamente através do uso de celulares. Com a autorização da Justiça, interceptamos as ligações e constatamos várias conversas com Alemão”, explicou ontem o delegado Leonardo Almeida Rodrigues, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF.

Roceirinho (à esquerda) está desde 2012 em presídio federal no Mato Grosso do Sul
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)

“Em sua defesa, Roceirinho disse que deixou o tráfico em 2013 e que pessoas usam o nome dele para se promover e que veio para Salvador trabalhar como açougueiro em Valéria, onde vivem seus pais”, disse o delegado, que interrogou o líder da Katiara dentro do presídio de Serrinha.Também foi presa na operação a mulher de Roceirinho, Ana Carla Ferreira, 26 anos, que estava em prisão domiciliar em Nazaré, no Recôncavo. Alemão, que já cumpria pena em presídio em Mirandópolis (SP), responderá, agora, por mais um processo por tráfico de drogas. Os mandados foram cumpridos também em Salvador - cinco no total, dos quais três foram no Complexo Penitenciário da Mata Escura, um no Barbalho e outro em Itapuã. Os policiais federais estiveram também em Feira de Santana, onde duas pessoas foram capturadas. “Só teve mandado de prisão de gerente para cima, pessoas de confiança, que viajam para finalizar a compra das drogas”, declarou o delegado Leonardo Almeida. Logística No caso específico da Katiara, o delegado Leonardo disse que uma pessoa de confiança de Roceirinho viajava a São Paulo exclusivamente para pagar integralmente Alemão, em local não informado pela PF. De posse do dinheiro, Alemão encomendava a carga a traficantes do Mato Grosso Sul e Paraná, que, por sua vez, faziam a compra com organizações do narcotráfico do Paraguai e da Bolívia. “Alemão é o cara que comprava a droga que vinha das fronteiras e revendia para Katiara, PCC e outras facções do país”, explicou o delegado. Ainda segundo a Polícia Federal, a carga chega à Bahia em carros e vai direto para as cidades de São Sebastião do Passé e Alagoinhas, onde ficam armazenadas em fazendas e sítios. Depois de um período, a carga é transportada para os bairros de Valéria e Palestina, onde, segundo o delegado, ficam os centros de distribuição da quadrilha em Salvador e no Recôncavo. Hierarquia familiar Segundo o delegado, no topo da pirâmide está Roceirinho. Depois dele, um irmão, Fernando de Jesus Lima, o Ojuara. “Tem muita gente da família envolvida. O irmão dele é o segundo no comando, que controlava todas as ações em Salvador”, disse. Na mesma função de Ojurara, Alan Santos Fonseca, o Junior Pial, ou JP, respondia pelas bocas de fumo de Nazaré e o restante do Recôncavo. Os dois foram presos em dezembro do ano passado, quando foram flagrados a bordo de um veículo, na região do Retiro, com uma pistola Glock automática, de calibre ponto 40, com dois carregadores municiados. Na época, a polícia apurou que “JP” e “Ojuara” ordenaram os ataques aos ônibus em Valéria, ainda em dezembro, depois que um comparsa traficante teria sido morto numa troca de tiros com policiais militares. Tortura no mangue A Katiara usa métodos de tortura que incluem deixar rivais e devedores amarrados no mangue, feridos, sem comer, expostos a insetos e caranguejos. O delegado Leonardo Almeida disse que, durante as investigações da Polícia Federal, também obteve relatos sobre as práticas. “A organização criminosa tentava manter a hegemonia no local e tivemos vários informes que houve torturas de inimigos e muitas mortes”, disse. O mangue funcionava como um tribunal do júri. Moradores relataram que, à noite, ouvem, vindos do mangue, gritos e gemidos de vítimas da facção sendo espancadas. Depois, elas são deixadas amarradas, por dias, com os ferimentos expostos a insetos e caranguejos. Para a foz do Rio Jaguaripe, entre os bairros Apaga Fogo e Muritiba, são levados devedores e quem desobedece as regras da facção. Aqueles que devem muito não têm segunda chance e são mortos de imediato. Depois de julgadas por uma comissão, formada pelo gerente da boca e comparsas, as vítimas são agredidas e amarradas. No caso de dívida de droga, aguarda-se o pagamento do montante devido pela família. A intenção dos bandidos é fazer com que os parentes quitem as dívidas, mas a maioria acaba morrendo e os corpos são despejados no mangue. A outra forma de tortura é arrastar as vítimas na rua e, depois, jogar os corpos nas casas das famílias. Comandante da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Nazaré), o capitão Maurício Costa contou que integrantes da própria Katiara já foram amarrados no mangue. “O chefe deles mandou amarrá-los como castigo. Já encontramos um tronco com corda”, disse à reportagem.Na semana passada, uma operação das polícias Civil e Militar efetuou dez prisões na região.
Correio24horas

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