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BRASIL

"A corrupção é filha univitelina da burocracia", diz escritor

Assim como em seus livros, nos depoimentos abaixo ele explica como a história tem mais aplicação no cenário político contemporâneo do que se imagina

• 04/03/2016 às 17:32 • Atualizada em 01/09/2022 às 10:55 - há XX semanas

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Escritor e jornalista, Laurentino Gomes visitou a redação do iBahia justo nesta sexta-feira (4), dia em que, em meio à nova fase da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal levou o ex-presidente Lula para prestar depoimento em condução coercitiva (quando o investigado é obrigado a depor). Assim como em seus livros, nos depoimentos abaixo ele explica como a história tem mais aplicação no cenário político contemporâneo do que se imagina. "Mas se você olhar a partir de um ponto histórico, é um momento muito rico, muito especial", disse.
Grande novidade no Brasil"Estamos vivendo as dores, mas também as alegrias de um parto. As pessoas estão assustadas, achando que o Brasil acabou, mas não. Isso é natural do processo democrático. Nós nunca tivemos as instituições civis e republicanas no Brasil atuando de forma tão eficaz e tão legítima, com tanta liberdade. Isso é uma grande novidade no Brasil"Voto tem consequência "Estamos colhendo o que plantamos. Ninguém envolvido nesse escândalo foi imposto nessa situação por um imperador, um ditador, um rei. São as escolhas que fizemos ao longo desses 30 anos de democracia. Isso mostra que o voto é a maior contribuição que podemos dar ao país. O voto tem consequência, e drástica".Amadurecimento das nossas instituições "Nossos 30 anos de democracia estão mostrando que nossas instituições amadureceram. Nunca antes houve uma atuação tão eficaz dessas instituições. Isso é motivo para comemorar. Particularmente, é um grande privilégio e estar vivo em 2016. Muitas gerações sofreram, foram reprimidas, foram exiladas para que nós gozássemos desse ambiente de hoje. Se a a gente olhar de uma perspectiva do noticiário do dia a dia, é assustador. Incomoda, clima de intolerância, um querendo matar o outro. Isso é natural da democracia. Mas se você olhar a partir de um ponto histórico, é um momento muito rico, muito especial"Primeira grande revolução democrática "Está havendo uma evolução, mas também uma revolução. Esse país famoso pela pizza, que tudo acabava em nada, a impunidade...É a primeira grande revolução democrática que nós estamos vendo. O Brasil já passou por várias crises semelhantes, que tiveram trechos traumáticos. Na véspera do suicídio de Getúlio Vargas, o clima era muito parecido com o que estamos vivendo agora. Denúncia de corrupção, presidente ameaçando ser destituído pelos militares, o auxiliares do presidente presos pela polícia. Em 1964, o clima era de novo parecido. Movimentação grande nos quartéis, nos sindicatos, nas ruas. E o Brasil não conseguiu resolver aquele dilema, teve o golpe militar. Apesar das dificuldades, com o grau de de corrupção e promiscuidade que vemos hoje, aos trancos e barrancos, com todos os sustos, nós estamos conseguindo avançar sem golpe militar, sem intervenções, sem mortes, sem suicídio. Isso é uma coisa inédita na nossa história. E democracia é assim mesmo. Você pode estudar a história de qualquer país. Houve momentos de dificuldade. Nos EUA houve corrupção, assassinato de presidente, de Martin Luther King, máfia..."Corrupção e burocracia "No passado, existe a raiz da corrupção, da desigualdade social, do jeitinho brasileiro. Esse estado muito burocrático, centralizado, cria dificuldades para depois vender favor. A corrupção é filha univitelina da burocracia. Isso é uma característica portuguesa e brasileira. Estado complexo, muito difícil, cheio de leis. Isso é um convite à corrupção. Mas isso se resolve num ambiente de democracia. No passado quem organizou o Brasil foi o imperador, foi o rei, o general, o ditador, como Getúlio Vargas na Revolução de 30. Um estado que foi imposto guela abaixo para a maioria da população, que era não-cidadã. Era escrava, pobre, não podia participar."

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