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Tabus, Tretas e Troças

Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1

Tragédia de Ímola marcou o último suspiro do tricampeão brasileiro Ayrton Senna que, ao partir, deixou um vazio jamais preenchido entre os fãs

Silvio Tudela • 06/05/2024 às 21:53 - há XX semanas

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Senna vem pra completar a sexta volta. Passa rasgando na reta Ayrton Senna, seis voltas completadas. Aí ele tenta fazer falar mais alto o seu motor Renault em relação ao motor Ford. É a parte de maior velocidade e eles vão atingir os 330 quilômetros por horaaaaa!!! Senna bateu forte!!! Senna escapou e bateu muito forte! Ele vinha em primeiro, escapou e bateu muito forte... Ayrton Senna...


				
					Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1
Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1. Foto: Instituto Ayrton Senna/Divulgação

A batida muito forte ali na Tamburello, no mesmo lugar onde Piquet e Berger bateram. (...) Demora pra chegar o socorro, demora absurda pra chegar o socorro. Senna está dentro do carro. Mexe a cabeça. Mexe a cabeça Ayrton Senna, parece ter a consciência. E não chega absolutamente ninguém! A Itália que se especializou em ter um atendimento muito rápido... Senna tem um movimento de cabeça ali...

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As imagens ao vivo unidas à angustiante narração de Galvão Bueno deste trecho do GP de San Marino, realizado em Ímola, naquele primeiro domingo de maio de 1994, paralisaram o Brasil e ainda estão na memória de milhões de pessoas. Ayrton Senna (Williams-Renault) liderava a prova quando, na sétima volta, passou reto a mais de 200 km/h na curva Tamburello e se chocou com a mureta de proteção. Eram exatamente 14h17 em Ímola, no enclave situado no interior do território italiano. Na manhã daquele dia, o Brasil assistia, perplexo, em tempo real, a morte daquele que ainda é considerado, 30 anos depois, como o maior piloto de todos os tempos.

Em razão da transmissão cada vez mais tensa, um silêncio se espalhava pelas casas e ruas do Brasil. Cada imagem mostrada ia evidenciando a gravidade da situação: Ayrton Senna imóvel no carro, chegada da equipe médica e da ambulância, posição dos pés dele na maca, colocação de um pano sobre o corpo, e a remoção do piloto por helicóptero para o Hospital Maggiore de Bolonha. E veio a divulgação do boletim médico indicando a morte cerebral.

"O eletroencefalograma de Ayrton Senna não registra nenhuma atividade. Continuamos com a ventilação pulmonar. Senna tem morte cerebral. Nós o mantemos vivo apenas porque a lei italiana assim o exige. Não há mais esperança", afirmava a médica Maria Teresa Fiandri. Pouco tempo depois, ela voltou a pedir a atenção para fazer o anúncio derradeiro: "Às 18h40 [hora local], ele não apresentava mais atividade cardíaca. Ayrton Senna está morto!".

Comentarista de Fórmula 1 das rádios do Grupo Bandeirantes e referência em esportes automobilísticos, a jornalista Alessandra Alves acredita que os dez anos de feitos absolutamente impressionantes de Ayrton Senna nas pistas e as circunstâncias de sua morte trágica “dentro da sala da casa das pessoas” foram marcantes para os brasileiros e os amantes de Fórmula 1 em todo o mundo, num fenômeno que se transmitiu de uma geração para outra. Segundo ela, em que pese o fato de alguns de seus recordes numéricos terem sido superados nestes últimos 30 anos, é muito difícil você ver um atleta de qualquer esporte continuar sendo referência e ídolo tanto tempo depois de sua morte.

“Ayrton Senna deixou de ser uma pessoa, um atleta e um esportista para virar um mito. Mesmo não sendo considerado tecnicamente por muita gente como o melhor piloto de todos os tempos, Ayrton Senna carrega essa mística em torno dele e ainda alimenta o imaginário das pessoas por tudo o que realizou e pela forma como se foi”, afirma.


				
					Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1
Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1. Foto: Instituto Ayrton Senna/Divulgação

Dos treinos ao sepultamento, a semana mais sombria da F1

Outros eventos trágicos rondaram o GP de San Marino de 1994, antes da morte do tricampeão brasileiro (1988, 1990 e 1991). O primeiro deles ocorreu na sexta-feira, 29 de abril, no grave acidente com o piloto Rubens Barrichello, que sofreu escoriações, teve o nariz quebrado e foi salvo após ser reanimado na pista pela equipe médica. Um dia depois, 30 de abril, o austríaco Roland Ratzenberger bateu na curva Villeneuve, perdeu o controle do carro e teve sua morte confirmada poucas horas depois do acidente.

No dia da prova, 1º de maio, já na largada, o finlandês JJ Lehto e o português Pedro Lamy se chocaram sem ferimentos, porém os destroços do carro chegaram às arquibancadas e feriram nove espectadores, segundo relatos da época. O acidente levou o safety car à pista por cinco voltas e a corrida foi reiniciada na sexta, com Ayrton Senna na liderança e o novato Michael Schumacher na segunda colocação. Até que veio o acidente fatal do brasileiro na curva Tamburello, na sétima volta.

Os acidentes com Rubens Barrichello e Roland Ratzenberger antes da corrida deixaram o tricampeão brasileiro profundamente preocupado, a ponto de cogitar o boicote à prova italiana, mas Ayrton Senna acabou sendo convencido a correr. Em seu carro foi encontrada uma bandeira da Áustria, que possivelmente seria empunhada pelo brasileiro em homenagem ao piloto falecido no dia anterior.


				
					Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1
Os 30 anos da morte de Ayrton Senna e da semana mais sombria da F1. Foto: Instituto Ayrton Senna/Divulgação

Com a corrida paralisada e reiniciada após o acidente com Ayrton Senna, a dez voltas para o fim do GP, mais um imprevisto e desta vez nos boxes, quando uma das rodas do carro de Michele Alboreto se soltou e atingiu quatro mecânicos, os quais precisaram ser socorridos imediatamente.

O alemão Michael Schumacher ganhou a corrida à frente de Nicola Larini e Mika Häkkinen. Em sinal de consternação e até de constrangimento, na cerimônia de premiação, em respeito a Roland Ratzenberger e Ayrton Senna, nenhum champanhe foi estourado.

Finda a trágica corrida, duas horas e 20 minutos depois, às 18h40, veio o anúncio de que Ayrton Senna havia partido. O horário oficial da morte foi dado, no entanto, como 14h17, significando que o piloto havia morrido instantaneamente.

Enlutado, o Brasil assistiu pela televisão o corpo de Ayrton Senna deixar a Itália após três dias, passar pela conexão em Paris e chegar a Guarulhos, em São Paulo. Já em solo brasileiro, num percurso de cerca de 30 quilômetros entre o aeroporto e o local do velório, um carro do Corpo de Bombeiros levou o corpo do piloto até a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP).

Em duas horas e meia de cortejo, filas de carros se estenderam por quilômetros, com milhares de pessoas ao longo do caminho, reverenciando Ayrton Senna com acenos, palmas, cânticos e lágrimas. O piloto foi velado nos dias 04 e 05 de maio por mais de 240 mil pessoas. Da ALESP, seu caixão seguiu por cerca de 17 quilômetros até o Cemitério do Morumbi, acompanhado pela maior parte da comunidade da Fórmula 1 e por cerca de 1 milhão de fãs.

Do acidente com Rubens Barrichello ao sepultamento de Ayrton Senna passaram-se longos e dolorosos sete dias. Este ciclo completa 30 anos.

Imagem ilustrativa da coluna Tabus, tretas e troças com Sílvio Tudela
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