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SAÚDE

Nutella se defende sobre risco de alimento provocar câncer

Agência alerta que o óleo de palma, ingrediente do produto, gera substância cancerígena

Redação iBahia • 13/01/2017 às 16:43 • Atualizada em 27/08/2022 às 10:37 - há XX semanas

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A bilionária indústria do óleo de palma, conhecido no Brasil como azeite de dendê, recebeu o apoio de um gigante após autoridades europeias listarem o alimento como cancerígeno. A italiana Ferrero, que produz a Nutella, lançou uma campanha publicitária para garantir a segurança do produto, que responde por cerca de um quinto do faturamento da companhia.

A campanha surge em meio à polêmica criada após a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês) alertar, em maio último, que o óleo de palma gera um contaminante potencialmente cancerígeno quando refinado a temperaturas superiores a 200 graus Celsius. A agência não chegou a recomendar a suspensão da ingestão do alimento, e afirmou que mais estudos são necessários para avaliar o nível de risco.

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O creme de avelã com chocolate é uma das marcas de alimento mais conhecidas da Itália, e utiliza o óleo de palma para conferir textura e aumentar a validade do produto. Segundo a Ferrero, substitutos, como o óleo de girassol, provocariam mudanças em sua características.

"Produzir Nutella sem o óleo de palma poderia resultar num substituto inferior ao produto real. Seria um passo atrás", disse Vincenzo Tapella, gerente de Compras da Ferrero, em entrevista à Reuters.

O contaminante é conhecido como GE (glycidyl fatty acid esters). Segundo EFSA, existem evidências suficientes para determinar que a substância é tóxica e cancerígena, apesar de não terem sido determinados limites seguros para o seu consumo. A agência não tem poder para criar regulações, mas a questão está sendo debatida pela Comissão Europeia, que deve emitir uma orientação até o fim deste ano, segundo o porta-voz para Saúde e Segurança Alimentar, Enrico Brivio. As medidas devem incluir regulações limitando o nível de GE em produtos alimentares, mas não haverá um banimento do uso de óleo de palma.

Foto: Reprodução

A Organização Mundial de Saúde e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura alertaram sobre o mesmo risco em potencial sobre o GE, mas não recomendaram que as pessoas parem de ingerir óleo de palma. A Food and Drug Administration, dos EUA, também não baniram o uso da substância.

Mas o assunto ganhou a atenção dos consumidores italianos após a maior cadeia de supermercados do país, a Coop, boicotar o óleo de palma em todos os produtos de marca própria após o alerta da EFSA. A decisão foi descrita como uma “precaução”. A Barilla, maior fabricante de massa do país, também eliminou o uso do ingrediente em suas receitas, e imprimiu o selo “livre de óleo de palma” nas embalagens.

O contaminante é gerado quando o óleo é exposto a altas temperaturas, para remoção de sua natural cor avermelhada e o forte cheiro. A Ferrero alega que utiliza um processo industrial que combina temperaturas abaixo de 200 graus Celsius e pressão extremamente baixa, para minimizar os contaminantes. O procedimento é mais demorado e 20% mais caro do que o refino em altas temperaturas, mas, segundo a fabricante, permite que os níveis de GE sejam tão baixos que não são identificados por instrumentos científicos.

"O óleo de palma usado pela Ferrero é seguro porque vem de frutos frescos amassados e é processado em temperaturas controladas", diz Tapella, em anúncio que está sendo vinculado na televisão italiana, acompanhado de publicidade nos jornais com a mesma mensagem.

Impacto nas vendas
A Ferrero não é a única grande companhia europeia a manter o uso do óleo de palma em seus produtos após a divulgação do relatório da EFSA, mas é a única a montar uma campanha publicitária em sua defesa. Segundo a companhia, foram realizados “centenas de milhares de testes” para análise de contaminantes tanto no óleo de palma utilizado como nos produtos finais.

Nos doze meses encerrados em agosto do ano passado, a Ferrero registrou queda de 3% nas vendas de Nutella na Itália, num resultado que a companhia culpa rivais por promoverem produtos como livres de óleo de palma. Em termos globais, as vendas não foram afetadas, mantendo ritmo de crescimento entre 5% e 6% anualmente.

A campanha publicitária não agradou ativistas, que defendem o banimento do óleo. O partido Movimento 5 Stelle pediu à autoridade italiana sobre publicidade o bloqueio da campanha da Ferrero, e multa por enganar os consumidores sobre os riscos ambientais e para a saúde. Segundo o órgão, a decisão ainda será tomada, mas deve demorar algumas semanas.

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