Público feminino é o que mais investe nos produtos para pets

Uma pesquisa realizada pelo Radar Pet avaliou 1.781 domicílios em capitais brasileiras como Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, e Brasília, revelando que 64% dos consumidores de produtos para animais domésticos (pets) são do sexo feminino, uma tendência no consumo de modo geral. A pesquisa mostrou ainda que 43% dos domicílios possuem um cão ou um gato ou os dois. Mais de 60% do total de consumidores do mercado pet são formados por casais que possuem um filho adulto. Nesses casos, o animal passa então a ser tratado como o filho mais novo e mimado como a maioria dos caçulas. Nas capitais pesquisadas, 27% das casas possuem gatos, enquanto 73% delas têm cão. Veja também Mercado para pets deve crescer 15% nos próximos cinco anos

A produtora Ana Paula Macêdo, por exemplo, é uma dessas pessoas para as quais os animais de estimação – no caso em especial a cadela Suri e a gata Isadora - são tratados como membros da família. “Não há distinção nos cuidados. Aqui em casa cuidamos das pessoas e dos bichos”, pontua.

Ela diz que os gastos são muitos e envolvem ração, banhos e cuidados em geral, além de urgências quando eles precisam de medicação ou consultas veterinárias extras. “Temos ainda uma outra cadela de guarda, que fica na empresa, então os gastos com eles perfazem uma média de R$ 800 por mês”, esclarece.

Ana Paula divide os cuidados entre o filho e o os animais de estiação (Foto: Angeluci Figueiredo)

Outro dado apontado pela pesquisa Radar Pet diz que o consumidor é muito mais interessado em adquirir produtos como caminhas e brinquedos que garantir a saúde do pet. Para Maurício Nogueira, esse comportamento reproduz uma tendência humana em relação a si mesmo. “A maioria das pessoas prefere comprar algo que lhes dê prazer, no shopping, que investir nos cuidados com a saúde e acho que isso termina sendo transferido também para o animal de estimação”, completa o veterinário. Com uma postura parecida, o psicólogo e também veterinário Stefano Lima, especialista em psiquiatria animal, lembra que esse descuido em relação a algumas necessidades do animal, como brincar, desenvolver o lado cognitivo e exercitar os instintos pode gerar estresse e problemas de comportamento no animal. Por isso mesmo, ele destaca a necessidade de ampliar as informações sobre aliar a vontade de mimar o pet com as necessidades físicas e mentais dos bichinhos. “No Brasil, ainda é bem recente a produção de brinquedos e jogos capazes de estimular e atuar na saúde mental dos animais de estimação”, explica, ressaltando que em países da Europa, esse tipo de produto é comum e muito usado para promover o equilíbrio mental do pet. “Aos animais domésticos, que ficam privados de estimular os instintos de caça, busca de alimento e fuga, resta pouca coisa para garantir esse equilíbrio”, atesta. A primeira linha nacional de brinquedos ocupacionais para pets chama-se o Pet Game e já é largamente comercializada nas lojas. Um levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostrou que, por mês, as famílias gastam, em média, R$ 350 com seus bichos de estimação. Serviços que vão da criação de joia a aplicativos O mercado pet não vive apenas de alimentos, acessórios e centros de saúde e estética. Dentro desse universo há espaço ainda para produção de joias, serviços de cartório para criação de identidade e testamento, serviços como aplicativos para celular, seguros e planos de saúde voltados para esse público.

Em Salvador, os serviços ainda não são largamente conhecidos, mas já começam a se estabelecer e crescer. Inspiradas pelo exemplo de uma cliente que abandonou uma viagem para exterior porque não tinha com quem deixar seu bichinho, as empresárias Tânia Almeida e Ana Rubra, do Grupo A&T, há cinco anos começaram a investir numa linha voltada para expressar o amor dos humanos pelos seus pets. As peças como a Gargantilha Família demoram uma média de 45 dias para ficar pronta e são feitas sob encomenda, no entanto, existem outras peças para a pronta-entrega. Além das joias para humanos, a A&T também produz para os próprios pets. As peças são placas de identificação e pingentes para lacinhos que são feitos de prata. Os planos de saúde ou seguro-animal também não são serviços amplos, presentes em qualquer clínica ou centro. Eles são vantajosos quando garantem o atendimento, caso o animal exija grandes cuidados médicos, afinal, visitas constantes aos veterinários podem sair mais caras sem esse tipo de assistência. Geralmente, eles não cobrem parto, esterilização ou problemas preexistentes. Entre as novidades no mercado está a criação de aplicativos para celular e tablets para encontrar o parceiro pet ideal. Conhecido como o Tinder animal, o DogsApp possibilita que os guardadores conheçam futuros parceiros pets por fotos e por informações do animal, a exemplo do peso, tamanho, idade, entre outros. Para fazer parte do grupo é preciso ter uma conta no Facebook. Outro aplicativo que também tem conquistado humanos e caninos é o DogDate. Mais antigo e com cerca de dois mil usuários, maior no exterior que no Brasil, o aplicativo também faz a felicidade de guardadores e seus amados e mimados pets.