Coluna ValoRH: feedback, uma via de mão dupla

Quem tem medo de feedback? Essa palavra ainda assusta muita gente e é compreensível que seja assim. O olhar do outro pode nos revelar aspectos do nosso comportamento que ainda não percebemos e dispara centenas de alertas. São os mecanismos de defesa da nossa “janela cega” que ficam de prontidão: epa! O que será que vem por aí? E, muitas vezes, nem sequer ouvimos o que o outro tem para dizer e já descartamos, contra-atacando com uma justificativa construída enquanto o outro falava, fechando assim uma porta que podia nos levar ao crescimento.

A percepção do outro pode ajudar? Claro que sim, desde que venha embasada em fatos e que nos seja apresentada com amorosidade. E quando se fala em amor, incluem-se aí valores nobres como o respeito e a ética. Uma coisa é alguém nos dizer que falamos alto e outra, bem diferente, é ser rotulado de mal-educado. Daí, a máxima “quem diz o que quer (de forma irresponsável), acaba ouvindo o que não quer”. Confira as oportunidades de empregos e concursos Até aí, nenhuma novidade. Mas é que a gente fala muito em abertura para aprender, em diversidade cultural, em inclusão e muitas vezes torcemos o nariz para ideias e práticas diferentes da nossa. Como disse Caetano Veloso “É que Narciso acha feio o que não é espelho...” Se o que escutamos não reflete o que pensamos e não confirma a nossa visão de mundo ou sobre nós mesmos, jogamos fora, ou pior, desqualificamos. Aprendizagem e auto-conhecimento Como o feedback pode gerar bons resultados? Primeiro, é necessário conceber o processo sob a perspectiva dupla aprendizagem, de quem dá e de quem recebe, ou seja, dar feedback pressupõe abertura para o auto-conhecimento e percepção do outro. Saber falar e saber ouvir. E como isso funciona? Inicialmente, considere verdadeiramente as suas intenções quando propõe ou inicia um feedback. Se o seu propósito é de ajuda, então fale sobre as suas percepções, sem julgamentos, com base em fatos e observe como o outro recebe, respeite o tempo do outro e esteja aberto a ouvir também as percepções do outro. Você não é o dono da verdade.

"Uma dica importante ao dar feedback é colocar-se no lugar do outro, exercitar a empatia"

Uma dica importante ao dar feedback é colocar-se no lugar do outro, exercitar a empatia. E se você perceber um comportamento defensivo de quem está recebendo o seu feedback, então reveja as suas intenções. As defesas só são ativadas diante de ameaças. Você está mesmo querendo ajudar ou somente impor o seu ponto de vista? Está aberto a ouvir e a compreender o outro ou apenas apontar os seus erros?Ao dar ou receber um feedback, busque abrir-se para a escuta, pergunte, esclareça e peça esclarecimentos, reflita, observe-se, amplie a sua auto-percepção e depois, peça feedback a pessoas da sua confiança e a partir daí, comece a experimentar mudanças no seu comportamento. Se precisar, busque ajuda, mas não fique na auto-culpa e nem entre na síndrome da Gabriela “eu nasci assim, vou ser sempre assim...” Leia também: Especialização ou mestrado? Que caminho seguir? Como escolher o curso de especialização ou MBA? Escolher ou ser escolhido? O ingresso em um curso de mestrado E nas organizações, em que bases são gerados os processos de feedback? As lideranças estão preparadas para ouvir a devolutiva das suas equipes? Será que estão abertas a perceber que o olhar dos seus colaboradores sobre o seu estilo de liderança pode contribuir muito para a melhoria da sua performance de gestão? O feedback, para ser construtivo, precisa ser dialético, incluir o ponto de vista do outro. Dar e receber feedback são uma via de mão dupla que requer abertura de ambos os lados para a escuta. Se uma das vias se fecha, o aprendizado não flui, não há crescimento. Aprender é correr riscos, é experimentar o novo. Próxima colunaVocê não está realizado com a profissão que escolheu? Então não perca a coluna ValoRH da próxima terça-feira (07).