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Há 20 anos, Leão encantava o Brasil com o 'Brinquedo Assassino'

Longe de ter fracassado, geração que chegou à final de 1993 despontou o clube para o cenário nacional

• 15/12/2013 às 10:01 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:53 - há XX semanas

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Naquela quarta-feira de novembro, o narrador Juracy Santos, do Telesportes, não soltaria o gogó para narrar mais um gol apenas. Impiedoso como Chuck, o atacante Alex Alves saiu em velocidade da intermediária do seu campo, catou quatro adversários e fuzilou na saída do goleiro. Além de simplesmente descrever o lance, Juracy ainda fez uma exigência. - Golaço! Golaço! É do Leão! É do Leão! Levou o time todo do Corinthians! Erga-se uma estátua! Erga-se uma estátua!
A estátua nunca seria erguida, mas, ainda assim, o mais épico capítulo da trajetória do Vitória, em 1993, jamais será apagado. O gol de Alex contra o até então invicto Corinthians, no Campeonato Brasileiro daquele ano, é considerado por muitos o mais bonito da história da Fonte Nova. Longe de ser o único feito heroico da equipe, que ficou conhecida, nacionalmente, como Brinquedo Assassino. Há 20 anos que o time de garotos das divisões de base, mesclados com alguns jogadores experientes, encantou o Brasil e atropelou potências do futebol brasileiro. Além do Timão, o Chuck rubro-negro apunhalou Flamengo e Santos, chegando às finais com o poderoso Palmeiras - o jogo decisivo aconteceu dia 12 de dezembro. Os rubro-negros mais jovens podem enxergar naquela uma geração perdedora. Mas, a Juventude Cara-Pintada, como também era chamada, mudou a história do clube. A partir dali, o Vitória despontou no cenário nacional e mundial. “A lembrança que eu tenho é de transformação do clube. A partir dali, o Vitória se tornou referência de revelação de jogadores e melhorou sua estrutura”, diz o ex-zagueiro João Marcelo. “Não houve fracasso. Poucos acreditavam na gente. Foi tudo muito mágico. Participamos daquilo com orgulho e isso não pode passar em branco”, diz Paulo Isidoro, buliçoso meio de campo do Brinquedo. Além de Isidoro, Dida, Rodrigo e Alex Alves surgiram das divisões de base. E na reserva, recém-revelados, ainda tinham Vampeta e Giuliano. O que mais chamava a atenção era a simplicidade, tanto na forma de jogar quanto financeira. Reportagem do Jornal Nacional, na véspera da decisão, mostrava que a soma do que recebiam por mês os 24 jogadores do elenco não pagava o salário de Edmundo. Na época, o craque do Palmeiras ganhava US$ 30 mil - mais de 8 milhões de cruzeiros reais. “A geladeira lá de casa tava estragada e dei uma de presente a minha mãe. Agora meu sonho é dar uma casa”, dizia o próprio Alex, que morreu esse ano vítima de uma doença rara. “Depois do treino a gente tinha que subir um morro de barro a pé. Mas nunca vou esquecer daquela campanha. Guardo no coração”, diz o ex-capitão Roberto Cavalo. O futebol chamava a atenção pela rapidez e ousadia, semelhante ao que fez a trupe de Ney Franco este ano. Jogando sempre pra cima e apostando em contra-ataques mortais, o Vitória de 1993 foi o time que mais marcou gols no campeonato: 39 no total. TimeA defesa bem plantada tinha Dida no gol, a maior revelação. Rodrigo, na lateral, compunha a linha defensiva com João Marcelo, campeão em 88 pelo Bahia, China e o experiente Renato Martins. No meio, Gil Sergipano, outro campeão de 88, protegia a zaga. O capitão Roberto Cavalo era o dono do time. Chute violento e certeiro, fez nove gols de falta. A bola então chegava a Isidoro, que distribuía nas pontas para Alex e Pichetti. Enquanto esses dois infernizavam os zagueiros, Claudinho puxava a marcação e se valia do oportunismo pelo meio. Tudo organizado pelo técnico Fito Neves. “Era uma forma simples, objetiva e mortal”, explica Cavalo. O regulamento do Brasileiro de 1993 fez o Vitória atravessar a primeira fase soberano. No quadrangular semifinal, pegou um grupo fortíssimo, com Santos, Flamengo e o invicto Corinthians, em jogos de ida e volta. Talvez o uniforme, com o vermelho e o preto se misturando em uma espécie de eletrocardiograma tenha ajudado a amedrontar. As baterias dos afros Ilê Aiyê e Olodum reforçaram a corrente e marcaram presença nos jogos. Embalado pelos versos do hit “a festa começa na ladeira”, e jogando no 4-3-3, o Vitória superou todos os gigantes. O Corinthians de Viola, Rivaldo e Tupãzinho. O Flamengo de Renato Gaúcho, Marcelinho e Casagrande. O Santos de Veloso, Sérgio Manoel e Cuca, atual técnico do Atlético(MG). A cada entrada em campo, a torcida, puxada pela Leões da Fiel, explodia. E o Leão chegou invicto à final contra o Palmeiras. Torcedor-símbolo do Vitória, Alvinho Barriga Mole prendeu dois periquitos em uma pequena gaiola. “Um é Edmundo e o outro Evair”, disse. Mas esqueceu-se de Mazinho, Antônio Carlos, Roberto Carlos e Edilson. Que time! Justo o Capetinha fez 1x0 na Fonte Nova, diante de mais de 77 mil pessoas. Em um ônibus, 300 torcedores rumaram para São Paulo. O Palmeiras era uma seleção. Final 2x0. Pouco importa. O Brinquedo Assassino continua imortal. É parte da história rubro-negra. Regulamento estranho teve quadrangular semifinalO Campeonato Brasileiro de 1993 teve um regulamento, no mínimo, diferente. Os 32 participantes foram divididos em quatro grupos de oito clubes. Doze oriundos da Série B do ano anterior compuseram dois grupos (C e D), entre eles o Vitória, que integrou o Grupo C. Antes de ficar entre os oito clubes do grupo de elite, o Vitória ainda teve que eliminar o segundo colocado do Grupo D. Tirou o Paraná com dois empates. Os classificados foram então reagrupados em duas chaves de quatro clubes. O Grupo E tinha Vitória, Santos, Corinthians e Flamengo. O Grupo F ficou com Palmeiras, São Paulo, Guarani e Remo. Os campeões de cada grupo garantiram vaga na final, no caso, Palmeiras e Vitória, que se classificaram sem derrota. Fez a diferença: Chuteira do capitão Cavalo foi roubada na véspera da decisão Futebol é detalhe, todo mundo sabe. Na própria final contra o Palmeiras, apesar do adversário cheio de craques renomados, pequenos detalhes poderiam fazer a diferença para o lado rubro-negro. O chute cruzado de Claudinho que passou raspando a trave. A falta cobrada por Roberto Cavalo que tirou tinta. Aliás, é o próprio capitão quem, 20 anos depois, nos revela um fato curioso. Ele, dono dos tiros certeiros de bola parada, teve o par de chuteiras roubado no dia anterior à decisão. “Era uma chuteira velha, amaciadinha. Entraram na rouparia da Toca e levaram. Tenho certeza que fez a diferença”, brinca Cavalo. Matéria original Correio 24h: Não é brinquedo, não! Há 20 anos, Vitória encantava o Brasil com o 'Brinquedo Assassino'

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