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EDUCAÇÃO

Dez novos centros vão funcionar como laboratórios de ensino

Unidades vão atender 12 mil alunos, com intenção de estender aprendizagem para tempo integral

• 04/10/2015 às 14:30 • Atualizada em 01/09/2022 às 3:55 - há XX semanas

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Aprender Matemática através de jogos, entender um assunto de Ciências Naturais usando experiências de laboratório, fixar um conteúdo de Língua Portuguesa jogando um game eletrônico. A partir do próximo ano, cerca de 12 mil alunos do 1º ao 9º ano da rede municipal de ensino vão poder viver essas experiências de aprendizado nos Escolabs – centros educacionais tecnológicos criados pela prefeitura de Salvador para promover aprendizagem de maneira dinâmica e interativa.
A iniciativa, pioneira no país, está sendo desenvolvida há seis meses pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) e vai começar a funcionar em 2016, quando dez centros serão inaugurados. A previsão é de que, em março, os Escolabs do Cabula, do Centro e do Subúrbio Ferroviário comecem a funcionar. Até o final do ano que vem, mais sete serão entregues à população.
Dos dez centros, oito serão instalados, com as devidas adaptações, em prédios onde antes funcionavam escolas da rede municipal. Apenas duas unidades, localizadas nos bairros de Coutos e Pirajá, serão construídas do zero, a um custo de R$ 15 milhões cada. “A nossa intenção é fazer com que os alunos aprendam com experiências e atividades mais dinâmicas, com tecnologia”, afirma o secretário municipal de Educação, Guilherme Bellintani. Por ano, os centros custarão à prefeitura R$ 25 milhões, entre despesas com equipamentos e pessoal.
Os Escolabs vão funcionar como um complemento à educação regular, seguindo o modelo de educação integrada iniciado no Brasil pelo educador baiano Anísio Teixeira. Se pela manhã o aluno frequenta a escola regular, no turno da tarde ele irá para o Escolab de seu bairro, e vice-versa.
“Teremos um equipamento central, capaz de absorver os alunos da escola do entorno para que em um período ele estude e no turno oposto ele vá ao centro e nele estabeleça atividades pedagógicas ampliadas”, explica Bellintani.
Os alunos permanecerão quatro horas por dia nas unidades, onde também vão receber duas refeições. Cada centro de educação receberá alunos de quatro a seis escolas da região em que está localizado. As unidades escolares atendidas deverão estar localizadas a uma distância de, no máximo, 1.500 metros do Escolab para onde seus alunos serão direcionados.
Dinamismo
O projeto pedagógico dos Escolabs prevê o contato semanal dos estudantes com seis áreas do conhecimento: Matemática, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ciência e Tecnologia, Artes e Esporte. Por dia, os alunos participarão de atividades lúdicas envolvendo duas dessas áreas, com duração de 1h30 para cada uma. É nesse momento que os alunos vão poder entrar em contato com uma realidade diferente da vista por eles na escola regular, onde ainda predominam o quadro e o caderno.
Games, jogos, experiências científicas vão auxiliar o estudante a fixar e aprender, na prática, o conteúdo trabalhado no turno oposto na escola onde eles estudam. “Não é reforço pedagógico, é dinamismo pedagógico. A intenção é surpreender a aprendizagem e gerar carga de prazer mais intensa nos alunos”, reforça Bellintani. Os estudantes vão participar das atividades inseridos na mesma turma com que estudam na escola. “Isso facilita a integração dos estudantes”, acredita.
Para o secretário, os Escolabs se integram a uma tendência tecnológica e moderna já vivenciada pelos estudantes em outros contextos em que estão inseridos, como a família. “Hoje em dia, a criança pega o celular do pai e mexe, faz várias coisas. Mas quando ele chega na escola, não faz nada disso porque não há nada lá que estimule ele dessa forma”, conta.
“A aprendizagem por meio de laboratórios apresenta uma nova metodologia, um novo conceito. Acredito que é um processo sem volta”, complementa ele.
O plano é que a metodologia aplicada nos Escolabs seja posteriormente levada para os 2.500 alunos das 14 unidades escolares da rede municipal que já oferecem educação em tempo integral.
Socialização
Sendo estimulada a aprender em um período maior de tempo, a criança tem a possibilidade de desenvolver a aprendizagem de maneira mais tranquila e continuada.
“Essa modalidade permite que a criança tenha a oportunidade de ter o contato com as linguagens em um tempo mais amplo para desenvolver a aprendizagem”, afirma a pedagoga Iza Lopes, diretora da Escola Municipal Lagoa do Abaeté e pós-graduada em Educação Integral.
Por conta do convívio prolongado com outras crianças e professores, os alunos de educação integral tendem a desenvolver com mais facilidade sua autonomia e suas habilidades de socialização.
“A gente percebe uma diferença entre os alunos de educação integral se comparados aos de educação regular. As crianças que permanecem um tempo maior na escola são mais autônomas e desenvolvem melhor a convivência social”, afirmou Rose Curvelo, coordenadora pedagógica com MBA em Gestão Escolar.
Chorosa
A rotina de proximidade intensa acaba contribuindo também para a criação de um vínculo afetivo maior entre os alunos e os profissionais responsáveis por tomar conta deles e acompanhá-los nas atividades desenvolvidas. “Os professores viram um pouco a família deles. Eles dormem, comem e são acolhidos por estes profissionais. Então o que mais deve ser prezado é esse vínculo”, conta Rose.
Apesar da série de benefícios oferecidos em relação à socialização dos alunos e da diversidade das atividades desenvolvidas, nem todas as crianças se adaptam à rotina de educação integral.
“Algumas crianças não se adaptam a esse perfil, ficam chorosas, se isolam um pouco. A gente observa isso. Algumas têm necessidade maior de ficar em casa, no cantinho deles, convivendo mais com a família”, conta Rose.
Em alguns casos, a permanência prolongada dentro das escolas chega a gerar episódios de estresse e agressividade nos pequenos. “Tem que ter cuidado com a gestão desse tempo, não podemos colocar muitas tarefas para esse aluno desempenhar porque isso pode acabar gerando estresse”, afirma Thais Costa, psicóloga e mestra em Educação.
Para evitar criar o que Thais chama de “miniadultos”, crianças com agendas abarrotadas de atividades, é preciso garantir tempo para que os pequenos descansem, se expressem e brinquem com tranquilidade, mesmo estando inseridos em uma rotina de educação integral.
Família x escola
Em algumas situações, os pais de filhos em educação integral acabam demandando da escola papéis que deveriam ser exercidos pela família. “Muitas crianças têm chegado à escola com o mínimo de procedimento doméstico. A participação das famílias ainda é pequena. Os pais, em sua maioria, trabalham o dia todo e por isso só comparecem à escola nas reuniões pedagógicas”, afirma Iza Lopes, diretora da Escola Municipal Lagoa do Abaeté, uma das 14 unidades municipais que oferecem educação integral em Salvador.
Defensora da educação integral, Iza acredita ser necessário um envolvimento de toda a comunidade e da cidade no processo educativo das crianças.
“A integração com a cidade e a comunidade é fundamental para que a educação integral aconteça. Isso deve ser feito através de parcerias com grupos sociais e políticas públicas que incentivem essa interação. Ainda precisamos avançar muito nesse aspecto”, afirma ela.
Correio24horas

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