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SAÚDE

Slime caseira pode causar queimaduras de segundo grau

A "geleca" feita em casa pode conter água boricada, cola branca, bicarbonato de sódio, xampu e até sabão em pó

Redação iBahia • 24/05/2019 às 12:45 • Atualizada em 27/08/2022 às 15:51 - há XX semanas

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O slime virou uma febre entre as crianças. Muitos pequenos tem canais no youtube ensinando como fazer a "geleca" caseira — os ingredientes principais são água boricada, cola branca e bicabornato de sódio — mas muitas receitas levam também xampu, creme de barbear e sabão em pó. Nesta quarta-feira, viralizou nas redes sociais o relato de uma mãe após a filha de 12 anos ser diagnosticada com "envenamento por bórax".

Foto: Divulgação

Segundo o especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), doutor Nelson Cordeiro, a produção caseira pode trazer risco a saúde das crianças, podendo causar até queimaduras de segundo grau e eczema.

De acordo com o relato sobre a menina Valentina, diagnosticada supostamente com "envenanemento por bórax", a pequena fazia slimes em casa diariamente, tendo um contato prolongado com bórax, que diluía em água para brincar. A jovem está internada há nove dias por gastroenterite. Segundo o portal da ANVISA, os sintomas de alerta para envenamento por bórax são náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia com coloração azul/esverdeada, cianose, queda de pressão sangüínea, letargia ou choque.

Foto: Reprodução | Facebook

Em desacordo com a afirmação da mãe que o médico teria entrado em contato com a Vigilância Sanitária, a prefeitura de São Paulo informou que não recebeu nenhuma notificação de intoxicação com ácido bórico este ano. Até o momento dessa publicação, não foi possível entrar em contato com os responsáveis de Valentina nem com seu médico.

"A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que o Programa Municipal de Prevenção e Controle de Intoxicações (PMPCI/DVE/COVISA) não recebeu, até o momento, nenhuma notificação de intoxicação por ácido bórico em 2019. Foram registrados dois casos na base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), um em 2011 e outro em 2018. Em nenhuma das ocorrências há relação com o 'slime", disse a assessoria em nota.

O doutor Cordeiro alerta que a reação mais comum ao uso tópico do bórax (apenas de contato com a pele), é somente uma "dermatite irritante primária", ou seja, uma irritação cutânea leve e possível irritação nos olhos. Já altas concentrações de bórax podem causar queimaduras com bolhas. O uso não causa choque anafilático.

— As crianças ficam muitas horas fabricando o slime e fazem parte de todo o processo químico. A exposição delas é alta. Quanto maior a exposição, maior o risco.

O uso acumulativo de sabão em pó e produtos de higiene pessoal, que contêm metilisotiazolinona ou khaton cg, pode também causar reações alérgicas e até mesmo eczemas (erupções cutâneas).

As crianças têm usado cada vez mais produtos para colorir seus slimes: giz de ceras, sombras de maquiagem, achocolatados, ketchup, glitter, tintas, entre outros.

— A metilisotiazolinona causa sensibilidade pelo uso constante. Ela pode causar dermatite de contato alérgico. Na Europa, os índices de sensibilização à substância já tem crescido.

Além do tempo de exposição, um fator essencial é a quantidade de substância usada. Na mistura caseira, é melhor usar água boricada, que tem uma concentração diluída de bórax, do que o reagente químico em si, vendido em algumas papelarias. A água boricada pode ser encontrada em farmácias e usada em tratamentos oftmalógicos.

Ainda assim, deve-se ter atenção com o quanto a criança coloca na mistura. Para fazer em casa, é recomendável usar kits prontos, que já vêm com concentrações controladas.

— Não quer dizer que toda criança que mexa com slime caseiro vá ter problema. Algumas crianças são mais sensíveis a ter reações alérgicas. Não é uma regra.

No uso de produtos industrializados, a criança não faz parte do processo de reação química, pois brinca com o slime já pronto. Além disso, na fabricação industrial são utilizadas concentrações mínimas e os produtos são regulamentados pelo INMETRO. As marcas mais conhecidas são Kimeleka, da Acrilex, e Gelelé.

— A quantidade de bórax utilizada na fabricação da Kimeleka é muito pequena (menos de 4%) e ao reagir no processo químico industrial não gera risco nenhum a saúde. O Bórax age como uma espécie de catalizador e as crianças não tem contato com o mesmo depois do produto final acabado — explicou a Acrilex via assessoria.

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