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'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum

Em entrevista ao iBahia, percussionista contou sobre vivências na música e paternidade negra

Alan Oliveira • 12/08/2023 às 8:00 - há XX semanas

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					'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum
Foto: Reprodução/Instagram

Segundo especialistas, um dos processos mais difíceis enfrentados por pais negros durante a descoberta e prática da paternidade é a insegurança de criar um filho em uma sociedade racista. O percussionista Bira Jackson, da banda Olodum, vivencia essa experiência.

Negro e pai de uma mulher de 31 anos e três jovens, com idades entre 23 e 27 anos, o artista enfrentou alguns desafios e ainda tenta quebrar barreiras. Tudo sem deixar de lado aquilo que acredita e defende como arma de combate ao racismo: a educação.

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"O que eu pude fazer para os meus filhos é mostrar para eles o caminho correto, que é o respeito. Eles têm o direito de ir e vir, como todos têm. A gente combate o racismo com educação. Foi o que eu passei para os meus filhos" Bira Jackson

No entanto, no caso do baiano, os problemas envolvem não só o preconceito racial, como também questões de saúde. O filho mais novo de Bira ainda tinha 12 anos quando foi diagnosticado com esquizofrenia.


				
					'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum
Foto: Reprodução/Instagram

Desde então, entre períodos de alucinações e lucidez do jovem, o músico e a esposa têm aprendido a lidar com a condição e a cuidar de Ubiracy, que é carinhosamente chamado de Birinha.

"Ele acordava assustado e a gente não tinha ideia do que seria, mas Deus e os Orixás nos deram entendimento para que pudéssemos estar cuidando e buscando a melhora dele" Bira Jackson

Atualmente, o jovem é o filho que mais requer a atenção de Bira e o que mais convive com ele. A parceria vai desde as refeições e programas em família, até a vida fitness, como mostra o músico nas redes sociais.

Em entrevista ao iBahia, para o especial de Dia dos Pais da editoria Preta Bahia, o percussionista contou como é a companhia de Birinha nos treinos. Segundo o artista, o filho sempre acorda disposto e o chama para "bater ponto" na academia ainda nas primeiras horas do dia.

"Essa parceria com Birinha é muito preciosa para mim. É muito bacana. No início, foi muito difícil, porque ele tinha as crises e a gente não tinha muito controle. Demorou para a gente entender", contou.


				
					'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum
Foto: Reprodução/Instagram

O jovem e os outros irmãos chegaram a experimentar o caminho da música, mas não seguiram como o pai. Bira conta que sempre incentivou os filhos a terem esse contato, mas nunca os forçou. Hoje, eles apenas assistem ao artista no palco.

"No início eles me acompanhavam, mas escolheram caminhos diferentes. A gente tem que deixar nossos filhos livres para escolherem o que eles quiserem", disse.

"Ser pai é você ter amor por seu filho. Ser pai é estar presente o máximo que você pode. Ser pai é ter cuidado com seu filho, é dar carinho, é dar educação, dar muito amor", completou.

De mil e uma atividades ao Olodum


				
					'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum
Foto: Reprodução/Instagram

E foi de outras áreas também que Bira partiu quando começou a trabalhar. Durante a entrevista, o músico relembrou a trajetória na dança, como vendedor e como office boy. Bira conta que sempre abraçava as oportunidades possíveis.

"Minha vida sempre foi corrida. Eu sempre fui correria".

O ingresso no Olodum só aconteceu em 1990, quando o músico começou a aprender e praticar a percussão no grupo, que hoje é considerado um dos mais importantes movimentos negros do Brasil.

"O Olodum, como precursor de toda essa história com os tambores, é merecedor, porque ele não só fala de música. Ele fala da cultura e da arte. O Olodum leva e prega sempre essa luta contra o racismo, contra a desigualdade racial e homofobia" Bira Jackson

Agora, mais de 30 anos depois, o artista ainda reflete as conquistas e os feitos tocando na Bahia e fora do Brasil. Para ele, o sentimento é de gratidão. "O Olodum é tudo para mim. O Olodum é minha vida. O que eu tenho hoje eu agradeço ao Olodum, e, claro, primeiramente a Deus".

"Para mim é uma honra poder fazer parte dessa arte, dessa cultura linda e forte dentro da nossa Bahia. É mágico e me fortalece. Eu sou muito grato por estar dentro desse contexto, de tocar o meu tambor com minha leveza, com minha alegria, com muita transparência, muita simpatia. Você tem que amar o que você faz para chegar em algum lugar" Bira Jackson

Prova do que defende Bira é a participação da banda em grandes espectáculos e em sucessos de artistas nacionais e internacionais, como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Wayne Shorter, Jimmy Cliff, Alpha Blond e o eterno Michael Jackson, que inspirou o nome do artista baiano.


				
					'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum
Foto: Reprodução/Instagram

Seguindo essas conquistas, em novembro deste ano, a banda é atração confirmada do AFOPUNK Bahia, que acontece em Salvador. O evento, que é um dos maiores festivais de música preta do mundo, terá ainda atrações como Iza, Alcione e Carlinhos Brown.

E, se depender de Bira, as realizações com a banda só crescerão. "Eu tenho 51 anos, mas eu não me sinto velho. Continuo no Olodum firme e forte. Faço minhas caminhadas, faço minhas atividades. Eu quero tocar meu tambor por muito tempo".


				
					'A gente combate o racismo com educação', diz Bira Jackson, do Olodum
Foto: Reprodução/Instagram
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