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SALVADOR

Encosta na capital ganha sensores capazes de indicar deslizamento

Salvador é uma das primeiras cidades do país a receber um computador que, aliado a um sistema de super sensores, indicará locais de possíveis deslizamentos durante as chuvas

• 31/03/2016 às 8:52 • Atualizada em 01/09/2022 às 13:06 - há XX semanas

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O temporal que desabou sobre Salvador no dia 9 de novembro de 2011 vai demorar de ser esquecido pelos moradores da Chácara Santo Antônio, na encosta em frente ao Largo do Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico. No dia fatídico, moradores perceberam a terra deslizando durante a noite e deixaram suas casas. Foi o que evitou que fossem levados pela chuva junto com sete imóveis atingidos pela terra que desceu. Ninguém se feriu, mas, naquele dia, com imóveis interditados, mais de 300 pessoas ficaram desabrigadas.

Foi esse local, que fica na falha geológica que separa a Cidade Alta da Cidade Baixa, o escolhido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para a instalação de uma Estação Total Robotizada (ETR) e de 100 prismas de monitoramento para prevenção de deslizamentos. Informações inéditas O nome difícil serve para designar um sistema capaz de detectar qualquer movimentação ou deslizamento de terra, na encosta ou nas residências, a partir de 1 milímetro. A ideia é reunir informações inéditas sobre o solo que possam ajudar a Defesa Civil municipal a perceber as condições exatas que antecedem o desastre e se antecipar a eles, ganhando tempo para, por exemplo, evacuar uma área em risco, evitar uma tragédia ou reduzir danos. “A ETR vai permitir estabelecer o exato momento de ruptura do solo e ver quanto de umidade já tem no solo naquele momento. Quando o nível de umidade chegar próximo desses valores, a gente emite o alerta para a Defesa Civil e aí eles têm tempo de adotar medidas preventivas com a população”, explicou o pesquisador do Cemaden Rodolfo Mendes, que está em Salvador para a instalação do sistema. Segundo o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Alvaro da Silveira Filho, além de ser um ponto da falha geológica, o Santo Antônio foi escolhido por ser um local de risco, onde já aconteceram vários deslizamentos. Sensores Os 100 prismas que serão instalados, provavelmente, no dia 11 de abril, serão distribuídos ao longo da encosta e também em residências que ficam no morro, localizado sobre o Túnel Américo Simas, que liga o Aquidabã ao Comércio. Antes disso, os técnicos do Cemaden precisam visitar a comunidade a fim de mapear os melhores pontos para receber os sensores e, também, conversar com os moradores. Na prática, os prismas — pequenos refletores circulares de laser, com 8 a 10 centímetros de diâmetro — funcionam como sensores que registram a movimentação do solo e enviam as informações para a estação robótica. No caso de Salvador, a ETR será instalada sobre a caixa d’água do Hospital Naval, em frente à encosta. As informações que chegam à estação irão diretamente, via internet, para a sede do Cemaden, em São José dos Campos (SP), que redistribuirá os dados para a Codesal. Mendes explica que o projeto é uma parceria com a Prefeitura de Salvador e, primeiramente, será executado em fase experimental por um período de dois a três anos, necessários para reunir informações consistentes sobre o comportamento do solo diante da chuva. “Depois, vamos tornar esse equipamento operacional”, garantiu o pesquisador. Projeto Embora funcione como uma espécie de central de monitoramento, a ETR não precisará de funcionários, nem ocupará muito espaço. O acordo com a Marinha, que administra o Hospital Naval de Salvador, segundo o diretor da Codesal, foi que a prefeitura arque com os custos de energia elétrica para que o equipamento utilize as dependências da unidade. Em nota, a assessoria do Comando do 2º Distrito Naval confirmou a informação e informou que o acordo foi firmado no dia 22, pelo Cemaden e a Marinha. Ainda conforme o Comando, o local já está pronto para receber o equipamento. Além da proximidade com a encosta monitorada, o Hospital Naval foi escolhido para abrigar o aparelho por conta da necessidade de proteção. “Está naquela área por questão de segurança. O equipamento não é barato, então precisa ser instalado em um local que evite depredação”, diz Alvaro. O sistema custa R$ 300 mil, além dos custos com transmissão de dados via internet. Nas outras sete cidades onde o Projeto de Monitoramento dos Morros para Prevenção de Deslizamentos já foi instalado, foram feitas parcerias com as prefeituras para os serviços de internet. Porém, por problemas de conexão, o Cemaden decidiu instalar a própria rede.

Encosta na Chácara Santo Antônio, em cima do Túnel Américo Simas, foi a escolhida para receber sensores experimentais para estudo do solo (Foto: Arisson Marinho)

Implantação de equipamentos precisa de apoio de moradores Para a instalação dos prismas de monitoramento, é preciso contar com o apoio da comunidade onde eles serão colocados. Isso porque, além de instalar os equipamentos na encosta, alguns precisam ser implantados dentro de moradias. O pesquisador do Cemaden Rodolfo Mendes explica que a instalação não gera qualquer custo para o morador. “Ele vai assinar um termo de cessão do uso do espaço, que tem as cláusulas dizendo que não vai ter custo nenhum, que é só mesmo a cessão daquele local para instalação. E diz, obviamente, para ele zelar pelo equipamento”, explicou. Um dos cuidados que é preciso ter por parte dos moradores é não permitir que crianças brinquem próximas ao equipamento ou que ele receba impacto, já que o prisma é bastante sensível e qualquer movimento pode ser interpretado pela Estação Total Robotizada (ETR) como uma movimentação no solo. Para conversar com os moradores e fazer um cadastramento prévio, os técnicos do Cemaden aguardavam, ontem, o acompanhamento de um líder comunitário da Chácara Santo Antônio. A Codesal não confirmou se a visita ocorreu. Após o cadastramento prévio, duas equipes voltarão para instalar os equipamentos. Parceria com o governo do estado também monitora áreas no interiorEnquanto, na capital, a tecnologia chega para monitorar o comportamento do solo das encostas diante da chuva, no interior, o Inema mantém parcerias tanto com o Cemaden, quanto com o Inmet e a Agência Nacional de Águas (Ana). Neste caso, conforme o coordenador de Monitoramento do Inema, Eduardo Topázio, o estado auxilia no fornecimento de dados e pesquisa de locais para monitoramento, principalmente em áreas que costumam ser alvo de enchentes. Recentemente, o Inema auxiliou na troca de uma estação de monitoramento em Santo Amaro, no Recôncavo, que havia sido danificada. “Temos atuado em escolha de áreas de monitoramento e, claro, acompanhado para dar suporte às defesas civis municipais. Estamos, inclusive, discutindo com a Defesa Civil de Salvador e com a estadual um termo de cooperação técnica justamente para interpretar essas informações”, disse Topázio. Segundo ele, o trabalho começou há dois anos e vários pontos do estado estão sendo monitorados. Com as informações colhidas junto aos sistemas implantados pelo Cemaden, é possível emitir sinais de alerta sobre possíveis enchentes e alagamentos. Entre as áreas monitoradas estão Santo Amaro, Itamaraju, no Extremo Sul, além de alguns pontos do litoral e da região de Valença, no Baixo Sul. Na capital, entre as ações de prevenção do governo estão as obras de contenção de encostas. De 2015 até agora já são 19 entregues. Outras regiões já estão recebendo intervenções. Confira lista de locais ao lado. OBRAS DO GOVERNO EM ENCOSTAS DA CAPITAL Barbalho / Macaúbas Rua General Argôlo Cidade Nova Av. Serrão, Tv. São Roque (entre a Av. Heitor Dias e Rua Alto da Jaqueira) Itacaranha Travessa Teski; Rua Rio do Meio (em quatro pontos); Vila Francismar Liberdade / Macaúbas Terceira Travessa do Progresso Lobato Rua São Gervásio, Rua das Hortas e Rua Padre Noberto (em quatro áreas) Marechal Rondon Rua Ligia Maria, Dique do Cabrito (em seis áreas) Pero Vaz / Liberdade Vila Paulista Vila Canária Travessa Valdemar Oliveira
Correio24horas

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