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SALVADOR

Polícia aponta 19 acusados de liderar tráfico no Subúrbio

Relatos de moradores revelam a situação de quem vive nos bairros do Subúrbio Ferroviário de Salvador

• 09/06/2013 às 8:20 • Atualizada em 27/08/2022 às 16:31 - há XX semanas

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Eu ia chegando em casa com as compras do mês e eles mandaram eu arriar as sacolas no chão e deixar tudo para trás. Bateram na minha cara e ainda me chamaram de vagabundo". Esse relato de um morador de 67 anos do bairro Nova Constituinte revela a situação de quem vive nos bairros do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Os homens que agrediram o morador pertencem ao grupo do traficante Gefferson dos Santos Viana, vulgo Geu Branquinho. Levantamento feito por policiais do Serviço de Investigação da 5ª Delegacia, em Periperi, indica que Geu é um dos 19 traficantes que ocupam a liderança nas ações criminosas nos diferentes bairros da região - o mapa abaixo aponta o domínio de cada um. Segundo o delegado Nilton Borba, titular da 5ª Delegacia, a localidade do Subúrbio onde atualmente ocorrem os confrontos mais sangrentos é Nova Constituinte — onde Geu Branquinho disputa o comando com o traficante Vagner Santos Araújo, vulgo Miau. "No último ano, as gangues deles dois mataram pelo menos dez pessoas de cada lado. Pelo menos quatro delas foram nos últimos 15 dias", explica o delegado lembrando que Miau já havia sido preso por tráfico, mas foi liberado pela Justiça.
Amigos - Geu e Miau nem sempre viveram em confronto. Moradores da região contam que eles eram até amigos. No ano passado, porém, o irmão de Geu foi assassinado e ele passou a assumir o comando e acusar o grupo de Miau de ter cometido o crime. "Desde a morte do irmão de Geu, eles vivem em pé de guerra. Geu nunca foi bandido, mas assumiu isso do irmão. Já Miau sempre tivemos notícia dele no envolvimento com o tráfico", afirma. De aparência franzina, Miau é um dos traficantes que mais dão trabalho para a polícia e assusta moradores. Um PM que trabalha na região de Nova Constituinte desde 2011 explica que ele, assim como a maioria dos traficantes da região, usa a coação para manter os domínios. "Temos a informação que o bando de Maiu, por exemplo, tem armas de grosso calibre incluindo metralhadoras que ele obriga moradores a guardar nas suas casas sob ameaça de morte", conta o militar, em anonimato. Ele conta que esses traficantes agem como "juízes" das suas comunidades. "Eles se metem até em casos de violência doméstica para impedir que a polícia tenha conhecimento e tenha que entrar na comunidade para entregar intimações. Muitas mulheres já foram coagidas e maridos agressores espancados por traficantes", explica. Atuação - Borba, que assumiu a unidade policial em março deste ano, explica que o tráfico na região não tem um líder central, mas vários traficantes que exercem seus domínios nas comunidades. "No Subúrbio, o que dá dor de cabeça para a polícia são esses traficantes que atuam nas entradas das ruas. Não há um grande traficante, mas vários traficantes que agem nas ruas", explica o delegado. Em localidades como o Boiadeiro há vários traficantes que dividem o comando sem necessariamente viver em confronto armado para evitar chamar a atenção da polícia. As investigações da 5ª Delegacia apontam que a maioria dos líderes do tráfico no Subúrbio é homem jovem que adora ostentar objetos dourados em grandes correntes penduradas no pescoço. Outra característica, segundo a polícia, é que eles usam "olheiros" na entrada das comunidades para serem avisados da chegada da polícia. "Eles me bateram uma vez porque eu me recusei a avisar pelo celular quando a polícia estivesse chegando. Eles obrigam todo mundo a avisar. Fica também um monte de 'avião' deles jogando bola o dia todo ou dominó na porta dos bares só para avisar a chegada da polícia", destaca uma comerciante da localidade de Coutos, território de atuação do traficante Bruno dos Santos Ferreira, vulgo Índio, segundo informações da Polícia Civil. Nem Gorda - Apontada pela polícia como mandante de pelo menos 30 homicídios, a traficante Maria Lúcia dos Santos Gomes, a Nem Gorda, está em prisão domiciliar na rua Alto do Tanque, em Periperi. Apesar disso, segundo o delegado Nilton Borba, há indícios de que ela continua traficando de dentro de casa.
*VIOLÊNCIA CRESCENTE
112 MORTES VIOLENTAS foram registradas na região da Aisp 5, do Subúrbio de Salvador entre janeiro e maio deste ano. 3117-8218 é o telefone da 5ª Delegacia para receber denúncias sobre o paradeiro dos traficantes procurados pela polícia.
"Com certeza ela está comandando hoje o tráfico de dentro de casa. Apesar disso, o bando dela perdeu muita força depois que o marido dela (Alex Brito das Neves, mais conhecido como Grilinho) foi baleado na cabeça no final de abril", afirmou o delegado. O serviço de investigação da 5ª Delegacia, em Periperi, identificou que Murilo Carlos Santana de Souza, que seria sobrinho de Nem Gorda, atua no tráfico na rua. Depois da volta de Nem Gorda para o bairro, segundo o delegado, o grupo dela intensificou as ações. "A quadrilha deles chegou a expulsar famílias da rua para tomar as casas. Apesar disso, hoje eles estão com menor atividade, se retraíram depois que Grilinho foi baleado. Há no grupo ainda um menor conhecido como Cara de Kombi", explica. Subúrbio teve mais de 100 homicídios em cinco meses O coordenador do Programa Pacto pela Vida do governo do estado, o secretário de Comunicação Robinson Almeida, afirmou que a Área Integrada de Segurança Pública 5 (Aisp 5 - Periperi), que engloba vários bairros do Subúrbio, é a mais problemática de Salvador. "O problema da Aisp de Periperi é a sua extensão, de Tubarão ao Lobato. Com certeza é um dos nossos desafios". No relatório do programa divulgado na última quinta-feira (6), na Aisp 5, há um aumento de 6,7% nos casos de Crimes Violentos Letais Intencionais - homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidos de morte - na comparação entre janeiro e maio deste ano com o mesmo período do ano passado. Passou de 105 para 112. O coronel Raimundo Nonato, comandante do Comando de Policiamento Regional da Capital/Baía de Todos os Santos (CPRC/BTS), informou que o trabalho feito pela Polícia Militar no Subúrbio consiste em ações de policiamento ostensivo com abordagens realizadas diuturnamente. Ele não informou o tamanho do efetivo policial na região, afirmou apenas que estão em atuação três Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPMs, 14ª Lobato, 18ª Periperi, 19ª Paripe) e duas Bases Comunitárias de Segurança Pública (BCSs Rio Sena e Fazenda Coutos), além do reforço das Rondas Especiais (Rondesp/BTS) e equipes da Operação Apolo, Gêmeos e do Esquadrão de Motociclistas Águia. Matéria original: Jornal Correio* Polícia aponta 19 acusados de liderar tráfico em bairros do Subúrbio

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