'O que eu tinha que fazer, já fiz' - A declaração é do reggae man Edson Gomes, nascido na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. No último fim de semana, dia 27 de abril, o compositor e cantor fez show no projeto "MPB Em Movimento", na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), e conversou comigo Wanda Chase.
O show foi aberto pela banda Àttooxxá. Foi muito bom, sem dúvida alguma. Mas, Edson era o grande esperado da noite, pela história que tem e por cerca de 50 anos de carreira. O público estava ansioso para ouvir os sucessos do reggae man: "Camelô", "Fogo na Babilônia", "Campo de Batalha"... Edson chegou de mansinho e foi ovacionado pelo público. E toma-lhe reggae.
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Edson Gomes é um ícone na cena baiana. Não está em outro patamar, a gente até sabe porquê . Quem ouve Edson Gomes uma vez não esquece jamais. A música dele é necessária, em todos os espaços. O canto dele é como uma convocação. Pense nos versos: “Vamos amigo, lute. Se não a gente acaba perdendo o que já conquistou", diz muito dessa Bahia e desse Brasil que vivemos.
O meu coração bate mais forte. Emocionante aquele coral de gente em transe cantando com ele e para ele. Sem nada marcado, vou ao backstage esperá-lo para uma entrevista. Ele chega de mansinho. Dou os parabéns a ele pelo campeonato baiano (ele é Vitória e eu Bahia). Com o celular em mãos pergunto: Posso? Ele me responde que sim. Começo a entrevista.
Wanda Chase: Salvador estava com saudade de você, hein?
- E eu também estava. E pontua: na Bahia toco mais no recôncavo. Em Salvador, de “caju em caju “toco aqui".
WC: Sua música é atemporal, você canta nosso cotidiano, nossas dores, lutas …. E a gente gosta.
- É verdade, quem trabalha com a verdade é assim. Nós temos o reconhecimento porque somos isso, acreditamos nisso.
WC: A concha estava lotada, o público cantou o tempo todo com você…
- Isso é a minha vida, sem isso aí eu não sou praticamente nada, eu ainda canto com essa idade que tenho.
WC: Que idade que nada! Vc só tem 68 anos. Sabe qual é a minha idade? 73 anos, sou mais velha que você, e ainda pretendo fazer muitas reportagens…
- Sessenta e oito é o fardo da idade, mas … a música é leve. A idade só é boa quando a gente tá brincando, comendo, pulando, tomando banho no rio, jogando bola, pulando, subindo e descendo montanha, aí é maravilhoso. Passou disso é fardo, agora a gente só quer beber, namorar, curtir música e mais nada. Eu, ainda sonho jogando bola.
WC: Jura? Fazendo gol ou levando gol?
- Eu não sou muito de fazer gol, sou de armar, aquele jogador que mata no peito, bate com profundidade pro jogador fazer o gol. Sou meio-campo.
WC: Você está curtindo com a minha cara porque seu Vitória foi campeão do Baianão é isso?
- Eu não sou mais fanático pelo Vitória. Não sou mais não. Eu tenho um time de futebol em Cachoeira. É o Cão de Raça. Já foi campeão oito vezes. No dia do BAVI, o Cão de Raça estava disputando o campeonato pela nona vez e eu não estava nem aí pro BAVI.
WC: Uma vez perguntei ao Gilberto Gil como era a alimentação dele. E a sua? Você come o quê?
- Se a gente não come certo, destrói o corpo. Quando a gente faz uma alimentação saudável dura mais. Eu como feijão, salada, peixe, arroz, frango… Não como carne vermelha, de porco, sarapatel, bode. Tirei pão, manteiga. Bebo água pra caramba, água é bom pra saúde.
WC: Edson o que mais você deseja na sua vida hoje?
- Viver! (Risos) Porque o que eu tinha que fazer já fiz, tô só maturando, tô só conservando.
WC: Em determinado momento, no show, eu vi você cantando “amor, amor". Era pra alguém que estava na plateia?
- Estava brincando com a canção, botando um tom acima, brincando com a beleza da música.
WC: Você já viveu um grande amor?
- Tive alguns grandes amores, mas graças a Deus não tenho mais. Porque tive problemas com esses amores.
WC: Mas...de repente quem sabe aparece alguém...
Ele dá uma gargalhada gostosa e se despede para atender os fãs. Agradecida pela conversa. Na paz de Jah! “Vamos amigo, lute!’’
