Armazenamento de informações e fatos obtidos por meio de experiências ouvidas ou vividas é a definição da palavra memória e ela abre uma reflexão sobre a importância de grandes personagens na construção (ou reconstrução) e evolução de Salvador. Ao longo de 475 anos, a cidade, considerada cenário de lutas, protestos, motins e até de pioneirismo, teve interferências de muitas vidas, atreladas historicamente a cada região, bairros ou períodos do passado contados nas salas de aula.
Alguns nomes se tornaram mais conhecidos, mas os 'soteropolitanos' nascidos ou que escolheram a cidade para viver têm muitas histórias para contar. O historiador Ricardo Carvalho nos revela que muitos são os personagens urbanos que tiveram suas vidas atravessadas pela base histórica. Não estamos falando do roteiro que nos é contado, mas daqueles que acrescentaram e que, se buscados em 2024, ainda despertam curiosidade e a certeza de que viveram por aqui.
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Rusticão, Guarda Pelé, Júlia Clara Fetal, A Mulher de Roxo e Moema foram os escolhidos. Trouxemos um pouco da vida e história de cada um. Boa viagem ao tempo!
Conheça personagens com vidas atreladas ao longo dos 475 anos de Salvador
Rusticão - Francisco Pereira Coutinho
Rusticão viveu em Salvador em 1532. Ele é do período do 'Caramuru', era bruto, não tinha uma relação saudável com os indígenas nem com os padres e catequistas. Vivia sob a regência dele mesmo e os detalhes desta vivência, você acompanha no vídeo abaixo:
Rusticão - Francisco Pereira Coutinho
VÍdeo: Ricardo Carvalho
A indígena Moema
Ainda no período do descobrimento, trazemos a história de Moema e Paraguaçu. Ambas, indígenas tupinambás, citadas no poema 'Caramuru' de Santa Rita Durão.
Segundo a obra, o português Diogo Álvares Correia, em solo soteropolitano, se apaixona pela irmã de Moema. O amor é correspondido por Paraguaçu, mas ao longo dos dias por aqui um despertar gera um romance a três.
Após muitos anos negociando pau-brasil, Diogo decide morar na França. Ele leva Paraguaçu com ele. Moema fica desolada e ao ver o navio partir com o homem da vida dela, tenta segui-lo a nado. A indígena morre afogada na busca pelo português.
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Júlia Clara Fetal
Júlia Clara Fetal é um personagem histórico e que aponta um problema social citado ainda em 2024. A jovem de 20 anos foi vítima de feminicídio e hoje já foi tema de teses, novelas e dissertações. O noivo cometeu o crime por ciúmes e os detalhes dessa trama, quem conta é Ricardo Carvalho.
Júlia Clara Fetal
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A Mulher de Roxo - Florinda Santos ou Doralice
Na década de 70, uma mulher misteriosa chamava atenção de quem passava pela rua Chile, via do Centro de Salvador. Ela vestia sempre uma roupa que lembrava trajes utilizados por freiras, na cor roxa.
Alguns revelaram que 'A Mulher de Roxo' era Florinda Santos, outros Doralice. Mas, a verdade é que até hoje essa dúvida permanece.
A idosa tinha um roteiro. Com um rosto entristecido, ela andava desde a loja Sloper e seguia pela calçada pedindo dinheiro. No fim do dia, ela retornava para um abrigo da Prefeitura na Baixa dos Sapateiros.
A educação da mulher era destaque. Ninguém sabe se ela tinha boa família, se tinha perdido a riqueza, ou passado por algum trauma. Ao longo da caminhada, reafirmava que o Palácio do Rio Branco lhe pertencia.
As histórias sobre a motivação da 'Mulher de Roxo' giram ainda em torno de um possível abandono no altar, do assassinato da mãe pelo próprio pai e até da perda de um filho. A verdade, no entanto, jamais será descoberta. Florinda ou Doralice faleceu em 1997, aos 80 anos, e foi enterrada como indigente.
Guarda Pelé - Armando Marques da Silva
Anos a frente, o policial militar aposentado chamado Armando Marques da Silva deixa uma marca. Com muita irreverência, ele controlava o trânsito de Salvador fazendo uma espécie de dança. Não se espante, mas Guarda Pelé impressionou até a Rainha da Inglaterra. Veja o que Ricardo trouxe sobre a vida desse personagem icônico.
Guarda Pelé - Armando Marques da Silva
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