“O samba é autenticamente um gênero musical e a maior expressão da música popular brasileira”, com 65 anos de rádio jornalismo e estudos sobre o samba, é assim que Perfilino Neto define o gênero. O pesquisador já entrevistou diversas referências do samba, incluindo Bucy Moreira, neto de Tia Ciata, quando ele veio a Salvador na comemoração tradicional do dia do Samba, que acontece no dia 2 de dezembro.
Cid confirmou com todas as letras ao pesquisador que, sim, o samba começou na Bahia, mas é importante destacar também as bases africanas do gênero.
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“Na realidade o samba chega aqui nas primeiras levas de africanos que vieram para a Bahia. Tia Ciata levou o samba daqui, que ela herdou também do pai dela, João Alabá, ele tinha um candomblé na Barroquinha”, relata Perfilino.
Em contrapartida, o músico Roberto Mendes, conhecido por compor e tocar o tradicional samba chula do Recôncavo, trata a origem do samba como um movimento que nasceu na Bahia e se criou em outra (Rio), como uma mistura de elementos que criou as próprias características em cada região que cresceu.
“Dizer nasceu ali e nasceu aqui é estupidez. O samba sai daqui e se encontra lá. A chula daqui é um verso cantado nesse canto da Bahia e nossa chula é de Portugal. Quando a viola veio pra cá, ela teve que se incorporar aquilo que já estava aqui, que era o batuque. Então o batuque abraça a viola e vira o belo canto violado que conhecemos na chula.”
‘Por Trás do samba’: Bahia x Rio de Janeiro
O que nasceu no Recôncavo baiano e cresceu em terras cariocas, com o tempo o samba foi criando as próprias diferenças em cada região. Na Bahia, a forte influência da percussão evidencia os sambas de base africana, de terreiro. Já no Rio de Janeiro, os instrumentos de corda ganham mais destaque, como o cavaquinho.
“Eu gosto de dizer que a gente daqui da Bahia, do Recôncavo, lá dentro do interior, o couro me parece que vibra mais. O instrumento percussivo parece ser mais vivo. No Rio tem os instrumentos mais melódicos, um instrumento que é mais de repique, como o cavaco. Aqui a gente tem os instrumentos melódicos, mas eu acho que o coro vibra diferente”, afirma Lui, cantor e compositor do Recôncavo baiano.
É evidente que, mesmo com instrumentos vindos dos portugueses, a cultura e as religiões de matriz africana foram essenciais para o samba baiano que conhecemos hoje. "A batida do tambor é a raiz do nosso samba", como diz LUI.
