Aos 40 anos, o arquivista Jorge da Cruz Vieira, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), assume um cargo que pela primeira vez na história será ocupado por uma pessoa negra.
Conhecido como Jorge X nos meios sociais e políticos, o soteropolitano, nascido e criado no Complexo Nordeste de Amaralina, assumirá a direção do Arquivo Público do Estado da Bahia.
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"Estou muito feliz e motivado a fazer um excelente trabalho, porque se trata da memória do povo da Bahia, parte da memória do povo do Brasil e da história do ex-Império português. E ser o primeiro diretor e arquivista público do estado da Bahia negro é uma demonstração que nós estamos vivendo novos tempos, e as políticas públicas e projetos do movimento negro estão sendo frutificados nesses espaços de poder", conta ao iBahia.
Jorge, que também é pós-graduando em Direito Processual Civil pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), foi o convidado deste domingo (12) do programa Atitude, da Bahia FM, e falou sobre o cargo e a representatividade que ele acaba assumindo ao se tornar diretor.
"Esse lugar do exemplo é bastante motivador, só que eu tenho uma compreensão que as estruturas da sociedade hoje estão moldadas para que as pessoas não deem certo. Eu não posso vender a ideia de que basta você querer, é preciso, diante da estrutura estatal, construir mecanismo para colocar toda sociedade na engrenagem de desenvolvimento para isso".
O baiano, que já ocupou o cargo de vice-presidente da Associação dos Arquivistas da Bahia (AABA) e há 13 anos assume o cargo de Arquivista na Defensoria Pública da União (DPU), terá como desafio gerenciar a preservação da memória pública e privada do povo baiano.
Inspirado por um amigo do colégio a seguir na profissão, Jorge, que sempre foi apaixonado por tecnologia da informação e história, explicou ao iBahia a função de um arquivista.
"Já conheço o Arquivo Público, fiz pesquisa de projeto de melhorias. O arquivista é o profissional que trabalha na gestão de documentos e existem três fases, o arquivo corrente que é o arquivo que tá dentro das organizações; o arquivo intermediário, que é o arquivo que guarda prescrição legal; e o arquivo permanente, que é aquele que salvaguarda a memória a história da instituições. Eu sempre trabalhei no âmbito judiciário, e a gente trabalha com informações orgânicas, esse é o nosso instrumento de trabalho. Sempre tive interesse de unir o passado e o presente na sua legalidade. E essa questão da ancestralidade dos registros históricos, ele disse muito à Constituição do nosso povo, esse foi meu trabalho de pesquisa, e é necessário para a sociedade."
Ao site, o arquivista ainda comentou a importância de sua profissão para a sociedade e uma forma para colocar ainda mais jovens no mesmo caminho, além de criar interesse pela área.
"Primeiro, acesso a concurso público dentro das instituições. As instituições públicas precisam de arquivista, por transparência civil. Se o arquivista está lá, ele dá transparências. Ela é muito mais eficiente e acho que um estado que possui uma administração eficiente é um estado moderno."
Confira a participação de Jorge X no Atitude: