A cantora e atriz baiana Emanuelle Araújo lançou a música "Cadência Nobre". A canção evidencia um encontro entre os tambores ancestrais do Ilê Aiyê e a sutileza de uma orquestra de cordas. A criação da dupla Tenison Del Rey e Edu Casanova, traduz a sonoridade da axé music da virada dos anos 1980 e 1990 e uma orquestra de cordas, que faz "cama” para a voz de Emanuelle. A música já está disponível em todas as plataformas digitais.

“Estava na minha casa em São Paulo quando recebi a música, em versão voz e violão. Foi tão impactante que comecei a chorar", confessa a cantora. “Meu marido perguntou até o que tinha acontecido. Disse: ‘Me dê solidão e não te preocupa porque é uma coisa boa”, diz.
Leia também:

A composição que estreou no dia 17 de abril nas plataformas de streaming presta reverência ao Ilê Aiyê, o bloco afro mais antigo do país e que no Carnaval de 2025 comemorou meio século de existência. “O Ilê é o precursor de tudo isso que a gente está falando.", comenta Emanuelle.
Assim que escutou a composição, a cantora entrou em contato com Vovô, do Ilê Aiyê, que adorou a música e deu aval para a participação de integrantes da Banda do Bloco. Os arranjos orquestrais, por seu turno, ficaram a cargo de Felipe Pinaud, que também se encarregou da função de flautista.

A maior parte das gravações aconteceu em Salvador, no lendário estúdio W.R. (o Abbey Road da música baiana). Os sopros e a voz, por seu turno, foram gravados no estúdio Marini, no Rio de Janeiro. As cordas ficaram a cargo da Tallin Studio Orchestra, grupo sinfônico estoniano – terra natal do compositor erudito Arvo Part e dos maestros Paavo e Kristjan Jarvi, ou seja, melhor selo de qualidade não há. Há de se destacar ainda o piano de Marcelo Galter (do trio Mocofaia), cuja delicadeza promove um encontro certeiro com a interpretação de Emanuelle.
Entenda a relação de Emanuelle com o Ilê Aiyê
A relação de Emanuelle com o bloco afro data do tempo em que fazia aulas de dança no Pelourinho, região central de Salvador. E que se manteve firme quando assumiu a carreira de intérprete, mais especificamente na Banda Eva. “Convivi algumas vezes com Vovô, a gente criou uma relação de muito respeito. O Ilê Aiyê faz parte das minhas playlists diárias. Com sua musicalidade potente, o bloco e a fundação persiste e comunga trabalhos importantíssimos o ano inteiro. Então, para mim esse lançamento do dia 17 de abril tem uma grande importância", comenta.

“Adoro o nome da música Cadência Nobre. Me vem de imediato a imagem da nobreza dos seus integrantes, na saída do Ilê. Ali estamos na frente de muitas divindades. Para mim é um momento sagrado", diz Emanuelle. “Me lembrei muito das imagens dessas noites do Ilê quando fui colocar voz na música", complementa.