O Brasil comemora nesta segunda-feira (25) o Dia do Rádio, e há quem diga que "quase não se ouve rádio hoje em dia" e que as plataformas digitais passaram a ser o principal meio de se escutar música. Quem ouve a Bahia FM certamente não concorda, mas não há como negar que as redes sociais e as plataformas de streaming, hoje, têm um papel importante para definir o que é sucesso na música.
Nesse novo momento, o hit que viraliza, que ganha dancinha no TikTok, que está na boca do povo e nos reels do Instagram, também toca no rádio. Mais do que nunca, a programação musical das emissoras está sintonizada com as tendências das plataformas - com o perdão do trocadilho.
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O programador da Bahia FM, Augusto Souza, explica que para construir a sequência das músicas que tocam na rádio é preciso estar com a antena sempre ligada. Se antes as ruas, os shows e as gravadoras eram as principais fontes de possíveis sucessos, agora as plataformas digitais também são um ponto de atenção.
"Estamos falando de um movimento que vem há alguns anos e que impacta muito a vida das pessoas. As plataformas todas que estão aí, principalmente o Instagram e o TikTok, elas vieram para contribuir muito com o mercado, porque elas, na verdade, trazem as descobertas de novos produtos, de novas marcas, e a música também navega nesse universo. A influência é justamente essa coisa imediata. Hoje a gente mede o sucesso de uma música principalmente pelas redes sociais, a gente usa muito o TikTok, o YouTube. A vantagem é que temos uma conexão muito forte com o que há de novo, as músicas chegam muito mais rápido. Como a tecnologia traz essa mudança de comportamento, a gente acompanha essa mudança de comportamento através do que o ouvinte quer escutar. A gente acompanha e caminha junto com a internet", pontua.
O radar de Augusto levou para a programação da Bahia FM músicas que explodiram nas redes sociais e no streaming, a exemplo de "Malvadão 3", de Xamã, o hit do Carnaval "Zona de Perigo", de Léo Santana, e "Lovezinho" de Treyce. O programador destaca, no entanto, que nem todos os hits virais da internet chegam ao rádio. Segundo ele, o teor das letras é, por vezes, um fator que impede a veiculação.
"Às vezes a gente fica sem saber de que forma lidar com essa filtragem em relação aos sucessos. Nós temos um cuidado em relação ao que vai agredir muito do outro lado. O rádio é feito para adultos, jovens, idosos, crianças, então a gente tem um pouco de cuidado. Nem tudo que está muito forte nas redes sociais pode ser colocado no ar, porque tem palavras, tem frases que às vezes impactam muito o ouvinte de uma forma não muito positiva", diz.
Até o início dos anos 2000, o artista que queria ter sua música tocando no rádio dependia de divulgação, seja por conta própria ou por meio da gravadora da qual era contratado. Com as redes sociais, o esquema mudou radicalmente, como destaca o coordenador de programação da Bahia FM, Maurício Habib.
"Pode acontecer de um artista que nunca teve nenhum histórico de rádio estourar nas redes sociais. Tenho vários exemplos de artistas que estouraram em redes sociais e hoje fazem parte do rádio, mesmo sem terem feito qualquer tipo de divulgação em rádio. O cara que está à frente de uma programação, de uma coordenação ou gerência artística de rádio, tem que estar atento a todas as movimentações musicais que existem, em todos os meios", afirma.
Dez hits das redes sociais que entraram na programação da Bahia FM:
Xamã - Malvadão 3
Mari Fernandes - Não, Não Vou
Léo Santana - Zona de Perigo
Zé Vaqueiro - Letícia
Tierry - Rita
Ana Castela e Melody - Pipoco
Treyce - Lovezinho
Os Barões da Pisadinha - Esquema Preferido
Gusttavo Lima - Ficha Limpa
Marília Mendonça - Leão