O bairro da Liberdade, em Salvador, é um celeiro cultural. Mas o que muitos não imaginam é que dessa região já saíram grandes artistas que seguem ganhando visibilidade nacionalmente e internacionalmente. Beto Jamaica, parceiro de Compadre Washington na banda É O Tchan, por exemplo, nasceu e construiu a sua história pelas ruas do bairro da Liberdade. Ainda na infância, Beto já dava sinais de que trilharia a carreira artística.
“Tenho o maior orgulho e prazer de ter nascido nessa comunidade. Inclusive, a minha relação hoje com a Liberdade é de felicidade, por ter conquistado muita coisa ali. Ao falar da minha infância, lembro com prazer, porque foi o tempo onde aprendi a viver a minha vida de verdade e comecei a minha carreira”, relembra o cantor.
Leia também:
Inclusive, foi nessa fase da vida que Beto Jamaica escreveu o que, para ele, é um dos seus grandes sucessos. “ ‘Vou dar a volta no mundo, eu vou. Vou ver o mundo girar. Mas eu só saio daqui quando o coral negro passar...’. Essa foi uma música que escrevi, voltando da escola. A letra estava na minha mente, mas como estava sem caneta, a escrevi em um passeio. Deixei pensando que no outro dia não ia estar mais, porém, quando voltei no outro dia pela manhã, a letra ainda estava lá. Foi aí que eu pedi uma caneta e escrevi a canção no papel de pão de um comércio local. E foi assim que surgiu essa canção”, detalha.
Figura importante no cenário do hip hop da Bahia, Ravi Lobo também é um artista que tem as raízes da sua história no bairro da Liberdade. Após uma trajetória de 12 anos à frente do grupo Rap Nova Era, quando lançou três discos e dezenas de audiovisuais, recentemente, ele anunciou seu primeiro single solo intitulado “Shakespeare do Gueto”, que, inclusive, teve o clipe gravado pelas ruas da localidade onde nasceu e cresceu.
“Cresci vendo a saída do Bloco Ilê Aiyê, que marcou muito a minha vida, principalmente musicalmente falando. Lembro que eu saia com minha mãe para curtir o bloco pelas ruas da Liberdade. Vi o É O Tchan surgindo e vários outros artistas... tudo isso formou o meu conhecimento cultural”, diz Lobo.
Ravi tenta através da arte apresentar aos jovens da região um mundo repleto de oportunidades. “Eu tento fazer a minha parte, sendo um reeducador da minha comunidade. Além da parte artística e social, tento ser um psicólogo do gueto, buscando dar autoestima para a galera. Meu objetivo é apresentar um mundo maior do que o próprio bairro, para que posso levar a nossa cultura daqui para outros lugares”.
Esses são apenas alguns exemplos de pessoas que fazem parte da história do bairro da Liberdade. Em cada rua, esquina, viela, há pessoas que, com suas particularidades, seguem construindo o seu caminho nessa região que é tão importante para Salvador. Ouça:
Leia mais sobre Fala Bahia no iBahia.com e siga o portal no Google Notícias.
Veja também: