Sairé. Para Marcelo Jeneci, a pequena cidade de Pernambuco simboliza começo. Em "Caravana Sairé", o novo álbum do cantor, compositor e instrumentista, o local se torna fonte de inspiração e a possibilidade de revisitar o passado para marcar o presente.
O lançamento é o primeiro de uma trilogia de álbuns de Marcelo e chega às principais plataformas digitais na sexta-feira (14). A sequência completa com os três discos estará disponível apenas em 2025, sendo um por ano. Além disso, o projeto ainda conta com um documentário, também previsto para 2025.
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Às vésperas da novidade, Marcelo Jeneci conversou com a GFM para contar um pouco mais sobre as vivências na música e como abraçou ainda mais as raízes nordestinas a partir do projeto. Confira:
De volta ao começo para embarcar na "Caravana Sairé"
"O disco se chama 'Caravana Sairé', porque Sairé é um município no Agreste de Pernambuco, da onde vem a minha família paterna. Então, é de lá que começa, através do meu avô, depois do meu pai, passo a passo em busca da metrópole, até chegar em mim, que posso de repente cantar esse movimento todo e reverenciar a música popular brasileira construída a partir do Nordeste", iniciou Marcelo Jeneci, que admitiu ser a colisão das duas realidades - a agrestina pernambucana e periférica paulista.
A música acompanhou o artista desde o princípio. Filho de consertador e eletrificador de sanfona, o instrumento marca a trajetória pessoal e profissional de Jeneci, que se diz ser também 'filho da tradição': "Eu ganhei a minha sanfona de Dominguinhos, então, sou filho da tradição".
E apesar do vínculo com a cultura do Nordeste e toda a inserção viva na música, ele ainda acredita que demorou a sentir a necessidade de trazer este mundo, definitivamente, em seus trabalhos.
"Faço parte da água corrente da tradição, não da margem", começou Marcelo. "Eu demorei a sentir essa necessidade de mergulhar nesse universo da sanfona, da música popular brasileira construída a partir do Nordeste. É a sanfona e a melodia Agrestina, essa coisa da festa da saudade, ela tá presente nas minhas músicas desde o primeiro disco. Mas em momento algum nos três primeiros discos, eu senti que devia trabalhar com a tradição dessa música tão importante, de maneira mais latente."
Assim como no disco de estreia "Feito Pra Acabar", as expectativas do artista para o lançamento são as melhores possíveis. [Relembre primeiro álbum de Marcelo Jeneci ao final da matéria]
Podem entrar, navegantes: liberada a entrada para a "Caravana Sairé"
Marcelo Jeneci segue o exemplo de mestres como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Gilberto Gil no sentido de dar uma nova dimensão ao forró. Com dez faixas, o trabalho abraça ainda mais do pop - onde o forró e a música nordestina já deveria estar. Não à toa, ainda na fase da concepção sonora do projeto, Jeneci se referia à mistura feita no álbum informalmente pelo apelido de “sanfona sound system”.
Confira faixas que integram o novo álbum:
- "Sou o estopim"
- "Lembrança de um beijo"
- "Baião"
- “Amor Não Faz Mal a Ninguém"
- “Devagar”
- "Olha Pro Céu" / "Felicidade"
- "Vem Morena"
- "Oxente"
- "Cadeira De Balanço"
- "Ai Que Saudade De Ocê"
Longe de ser finito, mas ainda sim, "Feito Pra Acabar"
Passados 13 anos do álbum "Feito Pra Acabar", as 13 canções da obra seguem presentes. "Felicidade", "Pra Sonhar" e "Dar-te-ei" são apenas alguns dos exemplos de faixas que mudaram a vida de Marcelo. O disco lançado em 2010 chegou a ser indicado ao Grammy Latino.
Ao ser perguntado sobre o sucesso do trabalho de estreia, Jeneci acredita que a potência das músicas estão na identificação que elas trazem ao público.
"Tem uma fala do Nildo Almeida, que é um grande compositor pernambucano, que a gente canta nesse disco com a música 'Amor Não faz mal a ninguém'. O compositor vive um tanto esse papel de através de uma emoção, ele conseguir traduzir o que a outra pessoa nem sabe que gostaria de dizer, mas gostaria de dizer. Então essas canções que estão durando no tempo, eu acho que elas duram no tempo porque elas continuam encontrando receptáculos para receber elas dessa maneira, porque a pessoa quando ela ouve uma canção e ela diz ser dela, ela fala 'isso é meu', 'isso sou eu dizendo'", declarou.
Assista um trecho da entrevista com Marcelo Jeneci: