Quando se trata de jazz em Salvador, a Orkestra Rumpilezz ganha destaque! O Mundo GFM entrevistou seis artistas que representam este cenário da música instrumental na capital baiana e todos mencionaram a orquestra idealizada por Letieres Leite como um marco fundamental para o gênero na cidade.

Composta por sopros e percussões afro-baianas, a Rumpilezz estreou em 2006, no Festival de Música Instrumental da Bahia, e é reconhecida ainda hoje pelos artistas do gênero como símbolo de inovação e valorização da cultura baiana. A Orkestra une os ritmos tocados pelos blocos afro com a improvisação do jazz.
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A Rumpilezz foi um fenômeno e está aí, viva, com os músicos mantendo ela. É revolucionária. Zeca Freitas, maestro e idealizador do Festival de Música Instrumental da Bahia.
Para explicar a importância da Orkestra Rumpilezz, é preciso falar da grandeza que foi Letieres dos Santos Leite. Arranjador, compositor e instrumentista, o soteropolitano viveu na Europa nos anos 90, onde conheceu Guilherme Scott (Guiga) e voltaram para Salvador com a ideia pronta: a criação do UPB - Universo Percussivo Baiano.

Muito além da orquestra, Letieres idealizou uma metodologia de ensino de música a partir de conceitos afro-brasileiros. Segundo Guiga, este ensino se dá pelo sistema de claves — os símbolos das notas musicais — e, na Bahia, os ritmos tradicionais usados como base no candomblé, samba-reggae, samba-afro, Ilê Ayê e Olodum.
"Não importava o gênero musical, o que guiava ele era a improvisação e esse conceito de música mais aberta, mais criativa, mais rítmica também", explicou Guiga.
A força das orquestras baianas

A trajetória da Rumpilezz se cruza com a formação de outras orquestras que ajudaram a moldar a identidade da música instrumental na Bahia. Nos anos 80, Salvador já abrigava diversas orquestras que variavam entre ritmos mais criativos a repertório mais sofisticados, de acordo com Zeca Freitas.
Entre as mais lembradas estão a Orquestra de Fred Dantas, a Orquestra de Paulo Primo e a de Zeca Freitas com arranjos de festa. Além dessas, a Orquestra Fina Flor, a Sanbone Pagode Orquestra e a Orquestra Afro Sinfônica se unem a Rumpilezz com melodias mais complexas. Essas e outras formações fortaleceram o cenário da música instrumental em Salvador.
Instrumentistas que abriram caminho
Além das orquestras, artistas solo também se destacaram na trajetória do jazz na cidade. Entre os pioneiros estão os saxofonistas Paulinho Andrade e Mou Brasil. Eles são lembrados por Zeca Freitas e outras nomes da cena jazz atual como peças-chave para o desenvolvimento do gênero em Salvador.
Outros nomes como os grupos Pulsa, Operanóia, Banda de Vidro, Andrea Daltro e a banda Canja também contribuíram para a diversidade da música instrumental, inspirando a criação do Festival de Música Instrumental da Bahia.
Embora o festival não aconteça desde 2016, o impacto das orquestras e artistas formados sob sua influência continua perceptível. A Rumpilezz, por exemplo, segue ativa, mantendo vivo o legado de Letieres Leite com formações renovadas e apresentações que unem tradição e vanguarda.

O maestro e compositor morreu em outubro de 2021, aos 61 anos, em Salvador.
Série especial do Mundo GFM
Esta é a segunda reportagem da série especial do Mundo GFM em comemoração ao Dia Internacional do Jazz.
Ao todo, serão cinco produções que contam a história do jazz em Salvador. Na próxima reportagem, você vai conhecer os espaços e eventos que mantêm viva a cena musical na cidade.