Toda geração, toda galera, toda turma, gosta e precisa eleger seus heróis. A “gente fina, elegante e sincera” da fervilhante década de 80, composta de surfistas, gatas bronzeadas, naturistas, gente que respirava o Rio de Janeiro e inspirava jovens do Brasil afora a sonhar com aquele cenário de sexo, praias, cultura e contracultura, escolheu um dos seus artistas preferidos para ser um deles.
Na aquela época, Lulu se destacava como um jovem musical, que se comunicava como ninguém com os de sua idade, através de uma música que não era propriamente o rock, mas que soava agradável aos ouvidos. O som dele é jovial, com letras de mensagens fortes, mas com tempero de leveza.
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A música de Lulu, anunciando um zen surfismo, era de fato um “budismo fumado”, um “surfismo anarquista”, uma dançante forma de pensar a vida.
Assim “como uma onda”, bateu forte e constante, anunciando “tempos modernos”, que surgiam no fim das trevas de uma ditadura militar já cansada, carcomida e quase derrotada. E de repente, “uma Califórnia” surge na vida desse cara... Esse Lulu encontrou em uma cabeça gigante, a do parceiro Nelson Motta, o letrista perfeito para vestir suas canções, de leveza e beleza sonora.
Lulu não era um qualquer, “um certo alguém”. Era e é um gigante cheio de coragem para anunciar que são válidas “todas as formas de amor”. E com paixão e verdade, riquezas que só os autênticos e “últimos românticos” possuem, virou uma espécie de embaixador do amor sem fronteiras e preconceitos.
Esse grande artista Lulu Santos, faz hoje aniversário. Setentou, mas na alma continua aquele juvenil, aquele garotão cheio de vida, ousadia e leveza.
O aniversário é dele, mas o presente já entregue há muito tempo, é nosso, que podemos ter eternamente nas nossas vitrolas, celular e onde for, um som formidável, atemporal, fruto do seu magistral talento.