O Dia do Rádio é comemorado nesta segunda-feira (25) no Brasil, e se hoje esse veículo de comunicação é a principal companhia dos motoristas e das pessoas que querem se informar enquanto estão em movimento, houve uma época em que a história era outra. Entre os anos 1930 e 1950 do século XX, ouvir rádio era uma atividade que reunia as pessoas na sala de seus lares, ao redor daqueles aparelhos valvulados de grande porte - e zero portabilidade.
Além dos noticiários e radionovelas, a música - executada ao vivo em programas de auditório - era um dos principais conteúdos que atraíam e envolviam o público. Foi assim que surgiram verdadeiros ídolos das multidões, em uma espécie de "show business" que ainda engatinhava.
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Artistas como Marlene, Emilinha Borba e Cauby Peixoto fizeram parte da Era de Ouro do Rádio brasileiro. Eles conquistaram fãs fervorosos, que queriam seguir todos os seus passos para além da música: nessa época, o cotidiano dos artistas também se tornou algo de interesse do público. Revistas e jornais ajudavam a manter esse status de "mito" atribuído aos cantores, que estavam sempre marcando presença em entrevistas e reportagens, falando sobre suas vidas pessoais e profissionais.
Para relembrar a chamada Era de Ouro do Rádio, o Mundo GFM destaca a seguir cinco ícones desse período da nossa música.
Confira:
Marlene
Nascida Victoria Bonaiutti de Martino, em 24 de novembro de 1922, a artista adotou o nome Marlene para não ser descoberta pela família no início de sua carreira como cantora de rádio. Aos poucos, alcançou grande sucesso, tornando-se uma das estrelas da Rádio Nacional no fim dos anos 1940. Com sucessos como "Lata D'Água" e "Mora na Filosofia", a intérprete notabilizou-se pela sua voz e conquistou o trono de Rainha do Rádio em 1949.
Sua trajetória também foi marcada pela rivalidade com outra colega de profissão, Emilinha Borba. A disputa pela coroa de "Rainha do Rádio" mobilizava os fãs de ambas e era assunto constante na Revista do Rádio, periódico voltado para tudo que acontecia nos estúdios e nos bastidores.
Além de brilhar na Era do Rádio, Marlene seguiu fazendo trabalhos como atriz e reposicionou sua carreira musical a partir do fim dos anos 60, com shows como "É a Maior!" (1969) e "Te Pego Pela Palavra" (1974). A artista faleceu em 2014, devido a uma pneumonia severa.
Emilinha Borba
Emilia Savana da Silva Borba nasceu em 31 de agosto de 1923 e começou a carreira ainda na adolescência. Aos 16 anos, gravou seu primeiro disco de 78 RPM. Na mesma época, tendo Carmen Miranda como madrinha, passou a se apresentar como crooner do Cassino da Urca. Em 1942, foi contratada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde permaneceu por 27 anos, sendo considerada a "Estrela Maior" da emissora. Em 1953, foi coroada pelo voto popular como a "Rainha do Rádio".
Emilinha foi a primeira artista brasileira a fazer uma longa excursão pelo país com patrocínio exclusivo, com patrocínio do laboratório Leite de Rosas. Até agosto de 1995, ela foi a personalidade que mais vezes apareceu em capas de revistas no Brasil.
A artista ficou inativa por problemas nas cordas vocais entre 1968 e 1972. Nos anos 2000, seguiu fazendo shows pelo Brasil. Em 3 de outubro de 2005, Emilinha morreu de infarto fulminante, aos 82 anos.
Cauby Peixoto
Nascido em Niterói (RJ), em 10 de fevereiro de 1931, Cauby Peixoto Barros começou a carreira artística no fim dos anos 40. Era conhecido pelo estilo próprio de interpretação e por seu visual excêntrico. Em 1949, estreou no programa "Hora do Comerciário", da Rádio Tupi, e logo se transferiu para São Paulo. Em 1952, foi contratado pela filial paulista da Rádio Nacional.
O estrelato, no entanto, só veio na metade dos anos 50, com a gravação da versão em português de "Blue Gardenia", sucesso na voz de Nat King Cole. Nessa época, o assédio das fãs se intensificou: ele chegava a ter pedaços de suas roupas arrancados pelas admiradoras.
Cauby também passou uma temporada nos Estados Unidos, usando o nome artístico Ron Coby, com idas e vindas entre 1955 e 1958. Com o declínio da Era do Rádio e dos programas de auditório ao vivo, buscou se reinventar. Em 1957, foi o primeiro cantor a gravar um rock em português, intitulado "Rock and Roll em Copacabana". Em 2007, venceu o Grammy Latino na categoria "Melhor Álbum de Música Romântica". Cauby morreu na noite de 15 de maio de 2016, aos 85 anos, por complicações de uma pneumonia.
Orlando Silva
O chamado "Cantor das Multidões" viveu alguns percalços até alcançar a fama. Nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 3 de outubro de 1915, Orlando teve os dedos do pé amputados após um acidente com um bonde. Ele foi reprovado em dois testes para ser cantor de rádio, até ser apadrinhado pelo compositor Bororó e pelo cantor Francisco Alves, conhecido como "O Rei da Voz". Em 1934, passou a cantar na Rádio Cajuti. Dois anos depois, ajudou a inaugurar a Rádio Nacional e foi o primeiro cantor a se apresentar na estação.
Orlando Silva foi o primeiro cantor a ter um programa de rádio exclusivo, que ia ao ar nos fins de tarde de domingo, e fazia tanto sucesso que suas fãs criaram o hábito de colecionar pedaços de suas roupas. Ele costumava atrair multidões em suas apresentações. No início dos anos 1940, entretanto, o vício em morfina e álcool passou a minar sua carreira. Ele morreu aos 63 anos, em 7 de agosto de 1978, vítima de uma isquemia cerebral.
Ângela Maria
Uma das maiores divas da música brasileira, Angela Maria também foi revelada na Era do Rádio. Ela nasceu em São Paulo (SP), em 29 de setembro de 2018, e foi eleita "Rainha do Rádio" em 1954. A artista, conhecida como Sapoti, consagrou-se como uma das grandes intérpretes de samba-canção, ao lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran. Além de cantora, Angela era atriz, tendo participado do filme "Portugal... Minha Saudade" (1973), de Mazzaropi.
Angela Maria foi o grande ídolo de Elis Regina, uma das maiores cantoras da segunda metade do século XX. Ela ainda inspirou artistas como Djavan, Milton Nascimento e Ney Matogrosso. A artista morreu em 29 de setembro de 2018, aos 89 anos.