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Após morte na Bahia, anestesista alerta para importância de acompanhamento da área em cirurgia de implante capilar: 'Doses seguras'

Laudo médico apontou que houve intoxicação por anestésico. Causas ainda não foram detalhadas. Especialista detalha atuação para evitar riscos

Alan Oliveira • 02/09/2022 às 21:58 • Atualizada em 04/09/2022 às 23:45

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Um laudo divulgado pela Polícia Civil aponta que a morte do homem que passou mal durante um implante capilar na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, foi provocada por intoxicação por anestésico. Segundo as investigações, a substância usada para que o paciente não sentisse dor na cirurgia não foi aplicada por um médico anestesista. Nesta sexta-feira (2), um especialista explicou ao iBahia a importância do acompanhamento de um profissional da área em um procedimento como esse.

Em entrevista ao portal, o anestesista e presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia, Alexandre Pustilnik, contou que as clínicas que realizam o implante capilar sem a presença de um anestesista descumprem a resolução que regula a área, e disse que isso pode causar riscos graves aos pacientes submetidos aos procedimentos dessa forma.

"Qualquer procedimento com maior complexidade, dose de anestésico local, duração prolongada ou necessidade de sedação deveria contar com a presença de um médico anestesiologista [anestesista no popular] para executar tal assistência, sendo o médico cirurgião responsável pelo procedimento cirúrgico em si, enquanto o médico anestesiologista presta assistência à manutenção das funções vitais do paciente. O anestesiologista é familiarizado com as doses de anestésicos seguras para um determinado paciente", contou.

De acordo com Pustilnik, sem o acompanhamento correto durante as cirurgias, os pacientes podem ter desde dor no local operado até comprometimento das funções vitais, como aconteceu com o paciente em Feira de Santana. No entanto, o médico anestesista detalha que não é possível dizer ao certo o que teria provocado a intoxicação no homem, sem uma análise mais precisa do caso.

"Para uma análise adequada somente o acesso a todo o caso, incluindo o prontuário médico, entre outros dados, poderiam identificar as possíveis causas", falou.

O anestesista disse também que, em caso de implante capilar, a anestesia costuma ser aplicada no local onde está sendo feito o procedimento - ou seja, na cabeça, e explicou como procede um anestesista em procedimentos desse tipo.

"Um anestesiologista inicia sua abordagem com uma avaliação clínica e de risco cirúrgico do paciente, traçando um plano anestésico que contemple o conforto, a segurança do paciente e a complexidade do procedimento cirúrgico, incluindo o seu tempo de duração. Os possíveis testes necessários, dependem da condição clinica do paciente".

Caso em Feira de Santana

O paciente que morreu durante o implante capilar em Feira de Santana foi identificado como Cláudio Marcelo de Almeida. A situação aconteceu no dia 27 de março. Ele chegou a ser socorrido e foi levado para uma unidade de saúde, mas teve uma parada cardiorespiratória e morreu.

Logo após a morte de Cláudio, a esposa dele acusou o médico de negligência. O homem foi ouvido pela polícia em abril e negou as acusações.

O resultado do laudo que apurou as causas da morte só foi divulgado na quinta-feira (1°). Além da morte por intoxicação, a polícia divulgou também que o médico que fez o procedimento não possui as especializações clínicas que dizia ter.

Contudo, os detalhes sobre esses documentos não foram informados, e as autoridades também não disseram se eles eram obrigatórios para que o médico pudesse realizar o implante capilar. O nome dele ainda não foi divulgado pela Polícia Civil.

O crime é investigado pela delegada Ludmilla Vilas Boas, que informou para a TV Subaé que todo o material será encaminhado para o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que decidirá se denunciará o médico. Ele pode responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

"Nós ouvimos cerca de 20 pessoas. Analisamos prontuários médicos e informações de órgãos regulamentadores. Agora vamos reunir toda essa documentação e analisá-la, para produzir um relatório final de investigação, que será encaminhando ao Ministério Público", detalhou a delegada.

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