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Bafo de onça, boca de esgoto, hálito de múmia. A vida de quem sofre com o mau hálito ou halitose é uma constante de constrangimentos. Embora o problema não traga grandes consequências do ponto de vista clínico e físico, são significativas as repercussões na vida profissional e pessoal do indivíduo. Tudo isso porque o problema, que chega a atingir 65% da população, pode gerar sérios prejuízos psicossociais, como a insegurança no contato com as pessoas, dificuldade em estabelecer relações amorosas, esfriamento do relacionamento afetivo, a depressão secundária a essas aproximações, resistência ao sorriso, ansiedade, baixo desempenho profissional, quando o contato com outras pessoas se faz necessário. De acordo com o atual vice- presidente da Internacional Society for Breath Odor Research (ISBOR), que participou de um congresso internacional sobre o tema neste final de semana na capital baiana, o bioquímico Sérgio Salvador, a halitose é o termogeral empregado para descrever o odor desagradável do hálito e, ao contrário do que muitos imaginam, suas causas raramente estão ligadas aos problemas estomacais.
CAUSAS “Possíveis problemas gastrointestinais respondem por apenas 1% dos casos de halitose e, normalmente, estão relacionados a hérnia de hiato ou a algum outro defeito da válvula cárdia, que permite o trânsito dos gases gerados no estômago”, esclarece o também doutor em microbiologia e professor de ciências farmacêuticas. Infecções na garganta e em todo o trato respiratório superior também podem gerar o temido mau cheiro, mas dizem respeito a apenas 9% das situações. “As inúmeras cavidades existentes no trato respiratório permitemque as bactérias se alojem e despreendam o mau cheiro”, pontua o bioquímico. Salvador lembra que, no entanto, as causas mais comum da halitose são os problemas bucais.“ Os micro-organismos que vivem na língua, no espaço entre os dentes e nas gengivas se nutrem do que comemos e metabolizam esses restos de alimentos gerando gases como o sulfeto de hidrogênio, ometilmercaptana e dimetilsulfeto, que são responsáveis por 90% do mau cheiro da boca”, explica.
CURA A boa notícia é que a halitose tem tratamento e cura, mas, para tanto, é fundamental investigar as causas do problema, que ainda pode surgiremdecorrência de problemas como o diabetes (que provoca um odor de acetona ou fruta), nefrite (odor amoniacal característico devido à concentração de uréia na saliva e sua decomposição em amoníaco pelas bactérias),tabagismo, as doenças febris, deficiência de vitamina A e D e intestino preso. Para evitar as causas mais comuns de mau hálito, a melhor estratégia é investir numa higiene bucal cuidadosa, diminuindo a camada de bactérias (biofilme) da língua, dentes e gengivas. “Os cremes dentais com ação antimicrobiana, o fio dental e os enxaguatórios são bons aliados, mas o segredo está na repetição do procedimento, pelo menos três vezes ao dia, afinal as bactérias se regeneram e voltam a contaminar a boca”, completa.
90% do mau cheiro da boca é causado pela ação de bactérias que metabolizam o alimento e secretam gases como o sulfeto de hidrogênio
001% dos casos de halitose são causados por problemas gastrointestinais, como a hérnia de hiato, mas há uma crença que as causas estejam aí
65% da população mundial tem halitose. O problema é tão impactante que possui uma sociedade mundial que estuda as repercussões do mau hálito
Mau cheiro pode ser evitado na alimentação A sabedoria popular lembra que prevenir é melhor que remediar, por isso mesmo, se você quer fugir do mau odor da boca, além de realizar uma boa higienização dos dentes, língua e gengivas, procure evitar as carnes gordurosas, as frituras e até mesmo algumas leguminosas como o repolho, brócolis, couve- flor, alho, cebola, que possuem odor muito característico e marcante. Na escolha dos laticínios, opte pelo leite desnatado, queijo branco (tipo frescal) ou a ricota. Em busca de um hálito agradável e de uma saúde melhor, fuja das bebidas alcoólicas, fumo e, sempre que possível, dos medicamentos com cheiro acentuado. Outra boa dica é incrementar a dieta com cenoura, maçã e outros alimentos fibrosos, pois eles auxiliam na promoção de uma limpeza total na parte dos dentes e na linha das gengivas. O hálito saudável e a qualidade de vida também pedem por um cuidado especial na ingestão de água. No dia a dia, mesmo naqueles mais frios, não deixe de consumir dois litros de água, pelo menos, não esquecendo que comer alimentos que contenham algum carboidrato, preferencialmente os integrais, como pães, biscoitos e as raízes e grãos que são muito importantes.
As informações são do Correio