Os pais que se sacrificaram pela carreira dos filhos no futebol

Francisco 'Tiquinho' Jesus acompanha de perto carreira do filho Cassiano, de 13 anos

Desde os tempos bíblicos, histórias de sacrifício em prol dos filhos sempre foram associadas às mães. Muitas pessoas se esquecem de dar o divido crédito a esforços sobre-humanos que vários pais fizeram pelo futuro profissional de seus herdeiros. Com o Dia dos Pais chegando, resolvemos contar algumas dessas histórias, muito comuns no cenário esportivo. Em Salvador, é notável a jornada de Francisco 'Tiquinho' Jesus. Após jogar na base do Vitória e do Bahia, e de encerrar a carreira por conta de uma lesão, 'Tiquinho' viu no talento inato do filho Cassiano, aprovado para jogar no Barcelona em 2012, uma possibilidade de realizar o antigo sonho. "Deus me deu uma segunda oportunidade. Se não eu, o meu filho". Apesar da boa proposta recebida pelo clube espanhol, 'Tiquinho' recusou-a por conta das exigências impostas: para jogar no grande time europeu, Cassiano deveria ir para a Europa sem a companhia da família. Sendo assim, em 2013, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde o garoto joga no Clube de Regatas do Flamengo. Deixou aqui amigos, trabalho e familiares. "Não é fácil sair de sua terra, onde você tinha uma vida e vir pro Rio de Janeiro. Aqui é igual a Salvador, mas aqui acontece tudo, é um palco", declara. 'Tiquinho' conta ainda que ficou extremamente preocupado na ocasião da mudança, sobretudo pela exposição midiática que filho iria sofrer:"Minha preocupação foi essa vitrine que ele se tornou, essa explosão da mídia. Quando isso acontece, todo mundo cobra da pessoa. Tinha uma preocupação de como ele seria tratado e as exigências sobre ele". Como ajudar um garoto, no início da adolescência, a gerir a própria carreira sem prejudicar o seu desenvolvimento enquanto ser humano? Mesmo carregando essa angústia no início, a família Bouzon foi aos poucos se acostumando àquela nova vida. O garoto franzino e bom de bola, a quem vê no pai uma inspiração para a vida, conquistou a nova cidade como se sempre tivesse pertencido a ela. "Cassiano conseguiu encantar a todos com o perfil dele. As pessoas dizem que ele é muito especial. Isso me deixou confortável e eu soube que eu e a minha esposa estávamos fazendo o papel certo", diz 'Tiquinho'. Como nem relógio trabalha sozinho, o pai coruja faz questão de mencionar algumas pessoas que o ajudaram (e ainda ajudam) a realizar o seu sonho. Foi o seu irmão, Eduardo Jesus, um dos grandes incentivadores da carreira de Cassiano, e talvez o responsável pelo encontro do garoto com o futebol no momento certo. "Jamais pensei em colocá-lo [Cassiano] no futebol tão precocemente", revela 'Tiquinho'. Neymar Jr. e seu pai: uma história de parceria A trajetória de 'Tiquinho' e o filho Cassiano é semelhante a de diversas outras famílias - inclusive a de craques como o jogador Neymar Jr.. Ex-ponta direita do União Mogi Futebol Clube, da cidade de Mogi das Cruzes, a 62km de São Paulo, Neymar Silva Santos tinha 27 anos quando nasceu o seu filho, Neymar Jr., em 5 de fevereiro de 1992. Após passar por vários times diferentes e finalizar sua carreira no gramado, Santos tornou-se empresário e ajudou a transformar o filho em um dos maiores jogadores de futebol do mundo.

Desde pequeno, a carreira esportiva do craque Neymar é gerida pelo pai, 'Seu Neymar'

Dono na NR Sports, empresa montada em 2006, 'Seu Neymar', como é chamado em Santos, começou a investir no filho quando este tinha sete anos de idade. Ele diz que aproveitou e ampliou cada oportunidade que surgia. Morando na casa da mãe, na Baixada Santista, ele fez de tudo: trabalhou como pedreiro, vendedor de purificador de água, mecânico e técnico de manutenção. Entretanto, chegou um momento que não conseguia mais conciliar o trabalho com as atividades de Neymar. 'Seu Neymar' mantinha um absoluto controle sobre a vida financeira do filho. Com a estrela da família ganhando milhões, era necessário "trazê-lo para a realidade". Hoje, afirma que Neymar Jr., apesar de ganhar muito, gasta pouco. E, quando resolve tirar o escorpião do bolso, é para fazê-lo com generosidade. Vaidoso, Neymar gosta mais de comprar brincos. Com o argumento de "aprender a gerenciar o atleta dentro de casa", o empresário decidiu, em 2006, estudar Educação Física na Universidade Santa Cecília. Na época, Neymar Jr. tinha 13 anos e jogava na base do Santos Futebol Clube e era necessário ensiná-lo a se comportar quando não estava treinando. Hoje, 'Seu Neymar' é também responsável por representar as 11 marcas que patrocinam o filho. Segundo o site oficial de Neymar Jr., o esportista tem acordo com Nike, Panasonic, Claro, Tenys Pé, Lupo, Guaraná Antartica, Unilever, Volkswagem, Santander, Heliar e Red Bull.