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Turismo étnico é uma das grandes atrações na Bahia. Saiba mais.

Os turistas têm a possibilidade de conhecer uma Bahia com manifestações culturais e um acervo étnico singular

• 04/09/2014 às 15:41 • Atualizada em 27/08/2022 às 2:26 - há XX semanas

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Na Bahia, a cultura afro permanece viva. O legado africano está presente no dia a dia dos baianos, seja na religião, nos ritmos, na comida ou na arte. Trazidos de vários pontos da África, entre os séculos XVI e XIX, os negros chegaram à Bahia na condição de escravos e trouxeram na bagagem seus costumes e crenças. Com 80% da população afrodescendente, Salvador é considerada a cidade mais negra do mundo fora do continente africano. Aqui, a cultura negra se integrou, criando uma verdadeira identidade afro-brasileira. Na Bahia, o turista tem a possibilidade conhecer e vivenciar essa cultura nas suas mais belas manifestações e no cotidiano da vida local.
Baiana
A comercialização do acarajé, no Brasil, tem início ainda no período da escravidão com as "escravas de ganho", que trabalhavam nas ruas para as suas senhoras desempenhando diversas atividades, dentre elas a venda de alimentos nos seus tabuleiros.Além de fazer parte do trabalho servil, o comércio de quitutes era uma obrigação do candomblé, e só as iniciadas podiam vender o acarajé. As baianas colocavam os tabuleiros equilibrados na cabeça e seguiam de porta em porta oferecendo beijus, cuscuz, bolinhos, acarajé, vatapá, abará e outras iguarias. Essas filhas de santo saam impecavelmente vestidas com batas, saias rendadas brancas, torso e pano-da-costa, e se enfeitavam com colares, brincos, pulseiras e balangands na cor do seu orix.Esse comércio de rua permitiu só mulheres escravas irem além da prestação de serviços aos seus senhores: elas garantiam, muitas vezes, o sustento de suas próprias famílias, foram importantes para a constituição de laços comunitários entre os escravos urbanos e também para a criação das irmandades religiosas e do candomblé. Hoje, a "baiana de acarajé" é um dos principais símbolos da influência africana na nossa cultura, personagem tradicional das ruas de Salvador e suas festas populares. Em vários pontos das cidades, essas mulheres vendem seus quitutes distribuindo sorrisos e simpatia, uma marca da hospitalidade do povo baiano. Devido à sua importância para a cultura local, o dia 25 de novembro foi reservado para homenageá-las. Na Bahia, o turista tem a possibilidade de conhecer e vivenciar essa cultura de raiz negra nas suas mais belas manifestações e no cotidiano da vida local.
O Acarajé O principal atrativo no tabuleiro um bolinho característico do candomblé. Acarajé uma palavra composta de outras duas, na língua Yorubá: "acara" (bola de fogo) e "jé" (comer), ou seja, "comer bola de fogo". Sua origem está num mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho ritual uma oferenda a esses orixás.
Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda considerado pelas baianas como uma comida sagrada. Para elas, o bolinho de feijo fradinho frito no azeite de dendê no pode ser dissociado do candomblé.
Blocos Afro
Os blocos afro são entidades culturais que representam, através da música e da dança, a cultura negra na Bahia. O som percussivo dos tambores que nasceu da tentativa de reproduzir a música africana, teve forte influência do ritmo trazido pelos negros ainda escravos. Suas festas e ensaios são eventos musicais que atraem turistas e baianos durante todo o verão, num festival de sons, coreografias e cores. Formados na sua maioria por jovens negros da periferia de Salvador, os blocos so engajados em movimentos polticos, culturais, além de exercerem também um importante papel de inclusão social através da arte. Os mais expressivos so Filhos de Gandhy, Olodum, Ilê Aiyê, Muzenza, Malê de Balê e Cortejo Afro.
Gastronomia
A culinária baiana é caracterizada pelo tempero exótico à base de azeite de dendê, leite de coco, gengibre e pimenta, heranças da cultura africana. O acarajé, o caruru e o vatapá são pratos típicos de fama internacional que podem ser degustados também nos tabuleiros das baianas, nas ruas de Salvador. Em cerimônias religiosas, nos terreiros de candomblê, alguns pratos so preparados para serem ofertados aos orixás.
CapoeiraMistura de dança com luta, a capoeira teve sua origem na frica e foi trazida ao Brasil pelas mãos dos escravos como forma de defesa. Na Roda de Capoeira, os sons bem marcados do berimbau, atabaque, pandeiro e reco-reco do o ritmo para que dois participantes joguem com mandinga, gingando o corpo e fazendo com braços e pernas movimentos cheios de molejo, malícia e malemolência, enquanto as pessoas que formam a "roda" respondem as ladainhas e refrões das cantigas de capoeira.
A capoeira pode ser dividida em duas vertentes. A primeira a capoeira de Angola, difundida e popularizada pelo Mestre Pastinha, que aprendeu com um Velho Africano de Santo Amaro. O jogo de Angola tem mais movimentos de pernas e geralmente é mais vagaroso, com golpes de cho (como a meia-lua de compasso), a queda de rim e a negativa.
No final da década de 20 do século passado, Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, resolveu adaptar alguns golpes de artes marciais à capoeira para popularizá-la e trazê-la para as academias da cidade. Nasceu assim a segunda vertente da capoeira, a Regional. Hoje em dia a mais difundida e jogada na Bahia.
A Roda de Capoeira é composta de lutadores e instrumentistas, responsáveis pelo tom e marcação do jogo. Os berimbaus so a alma da capoeira, entoando e guiando o ritmo.
A mais popular manifestação folclórica do estado rompe fronteiras e preconceitos, conquistando o mundo com sua identidade afro-baiana. A capoeira é uma prática difundida por todos os cantos, atraente e dominada com maestria pelo baiano.
A manifestação é mais forte em Salvador, Cachoeira, Mata de São João, Santo Amaro, São Félix, Feira de Santana e Maragogipe.
Festas Religiosas
Na Bahia, ao longo do ano, os orixás são homenageados com música, dança e comidas sagradas. Muitas dessas comemorações se misturam são homenagens e devoção aos santos católicos, num sincretismo religioso que une, por exemplo, Iemanjá à Nossa Senhora da Conceição, Iansã à Santa Bárbara e Senhor do Bonfim à Oxalá. Os terreiros de candomblé possuem calendários próprios, herança da cultura africana, com algumas festas abertas aos visitantes. Em Santo Amaro da Purificação, no mês de maio, a festa do "Bembô do Mercado" celebra o fim da escravidão no Brasil, em 1888. A única cerimônia do candomblé realizada ao ar livre.
Festa da Boa Morte
Uma das mais importantes celebrações litúrgicas da fé brasileira acontece de 13 à 15 de agosto, na cidade de Cachoeira, a 109 km de Salvador, no Recôncavo Baiano. Mais do que uma simples comemoração, a Festa da Boa Morte faz surgir um mundo onde cultura, tradição, história e magia se entrelaçam, mesclando sagrado e profano.
A programação da festa de Nossa Senhora da Boa Morte inclui a confissão na Igreja Matriz, cortejo representando a morte da santa, vigília e ceia. Depois, é celebrada a ascensão de Nossa Senhora, seguida de procissão e de uma missa. O cortejo, composto de senhoras descendentes de escravos, vestidas como verdadeiras rainhas, sai em devoção. "Dormição de Maria", como é chamada a Assunção da Virgem aos Céus. Desde 1820, as irmãs se mantém fiéis nessa devoção, onde mesas e filhas de santo se vincularam à Igreja Católica para continuar cultuando, sem perseguição, seus orixás (divindades do candomblé). Ao participar dessa cerimônia, o visitante mergulha no passado e revive os tempos do Brasil colonial, imperial e independente, percorrendo uma paisagem onde a energia dos escravos ecoa e conhece a Irmandade da Boa Morte, uma organização de mulheres negras que resistiu e se rebelou contra os sofrimentos do regime escravagista. Assim, seculares tradições encontram no sincretismo religioso uma forma de preservar a sua história.

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