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MÚSICA

Milton Nascimento festeja 50 anos de estrada em show no TCA

No repertório do show deste sábado (1º), clássicos de todas as fases de Milton - entre eles, Minas Geraes, Caçador de Mim, Cais e Travessia

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01/09/2012 às 14:41 • Atualizada em 10/09/2022 às 16:04 - há XX semanas
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Para a pimentinha Elis Regina (1945-1982), “se Deus cantasse, seria com a voz do Milton”. Maria Bethânia, outra nobre admiradora, diz que a voz dele não é mais humana - é de um anjo. Pois é esse intérprete especial, que encanta colegas e plateias brasileiras e internacionais, que se apresenta hoje no TCA, às 21h, com ingressos esgotados. Patrocinado pela Natura, o bonito show da turnê comemorativa Milton Nascimento - 50 Anos de Voz nas Estradas em Salvador contará com a participação especial de Carlinhos Brown. No repertório, clássicos de todas as fases de Milton - entre eles, Minas Geraes, Para Lennon e McCartney, Caçador de Mim, Cais, Ponta de Areia e Travessia. A turnê vai gerar um DVD (e CD) que será gravado no Rio, dia 6 de outubro.
Confira entrevista exclusiva com o cantor, feita pelo jornalista Hagamenon Brito e publicada no Jornal Correio*. São várias efemérides envolvendo você nesta temporada: 70 anos de vida (dia 26 de outubro), 50 de carreira, 45 de Travessia e 40 do álbum Clube da Esquina. Qual dessas datas você está tendo mais prazer de comemorar? Não tenho pensado muito nessa coisa de idade e, quando me perguntam, eu devolvo a pergunta: “Artista tem idade?”. Agora, todas as homenagens, Travessia, Clube, carreira, tem sido um prazer enorme receber o carinho das pessoas. Está sendo um ano maravilhoso pra mim. No dia em que assistiu Jules e Jim (1962), ao lado de Márcio Borges, você decidiu que seria compositor também e não só intérprete. O que no filme de François Truffaut, sobre amizade e um triângulo amoroso, te inspirou a tomar essa decisão tão importante? E, saindo do cinema, o que você e Márcio fizeram? Foram compor? Depois de entrarmos no cinema às duas da tarde, e sairmos dez da noite, pegamos um violão e, naquela mesma noite, fizemos três músicas: Novena, Gira Girou e Crença. Posso atribuir a Truffaut meu começo oficial como compositor, digamos assim. Apesar de que eu já tinha feito alguma coisa. Mas devo muito a esse filme. O show tem um olhar claramente retrospectivo de sua carreira. Foi difícil deixar tantas boas canções de fora, diante da quantidade e da qualidade do seu repertório nesses 50 anos? Nossa, foi uma das coisas mais difíceis escolher esse repertório. O diretor, Regis Faria, fez a primeira seleção junto comigo, depois fomos lapidando a lista. Até chegarmos nesse formato. Impossível, diante de quase 500 músicas, escolher apenas 20 pra sintetizar toda uma carreira. E a decisão de ter o ‘velho’ parceiro Lô Borges na turnê? Como tem sido esse reencontro e convivência no palco e na turnê? Já tiveram algum ‘insight’ para uma nova parceria? Tem sido incrível. Lô Borges é meu grande amigo e parceiro. Ainda não tivemos tempo de compor nada, mas tenho certeza de que isso vai acontecer logo. Mesmo assim, ainda continuamos gravando juntos. Eu participei do último disco dele, que é uma das coisas mais lindas que saíram ultimamente. Com o distanciamento do tempo, sábio conselheiro nessas situações, qual a melhor contribuição que a turma do Clube da Esquina deu à música brasileira, na sua opinião? Além do disco, tem também aquela coisa da união, da amizade, de tudo aquilo que nos vem à cabeça quando ouvimos o Clube. Falar da contribuição do disco é difícil pra mim, parece autopromoção. Prefiro que as próprias pessoas falem o que sentiram. Em cada capital, você convida um artista local. Em Salvador, é Carlinhos Brown. O que te atrai na música e na arte de Brown? Carlinhos é um grande amigo, dificilmente a gente passa muito tempo sem se encontrar. Como nós dois viajamos muito, sempre a gente se cruza em alguma cidade. E ele foi o primeiro nome que eu lembrei quando tive que decidir o convidado de Salvador. Inclusive, a gente tem amadurecido a ideia de gravarmos um disco juntos. Mas também não posso adiantar nada agora, também é surpresa.
Falando de baianos, a Tropicália te marcou nos anos 60? O que você achou, qual a sua reação?Claro que a Tropicália marcou, mas naquele tempo eu confesso que estava envolvido com um outro tipo de coisa. Eu morava em São Paulo e ainda estava buscando meu espaço, e estava muito difícil, pois para cada vaga havia pelo menos uns 50 músicos desempregados, e eu era um deles. Até que conheci Gil, também em São Paulo, em 1966, na casa de Elis Regina, quando fui mostrar uma porção de músicas e ela escolheu Canção do Sal. Pouco depois também fiquei amigo de Caetano, e somos bastante próximos até hoje. Você tem parcerias com Caetano: entre elas, Paula e Bebeto, que gosto muito e provoca curiosidade. Os personagens existiram? Era um amor diferente?Nos anos 1970, a gente estava em Três Pontas numa época de férias e os dois (Paula e Bebeto), também trespontanos, namoravam, e eu era como se fosse um padrinho deles. Um dia fomos na casa da Paula e eu comecei a tocar uma coisa sem pretensão nenhuma e, quando eu parei, Bebeto me falou: “Nossa, Bituca, que música linda”. E eu respondi que não tinha prestado atenção no que estava tocando, e que nem lembrava mais. Daí ele começou a cantar pra mim. Mais tarde, tempos depois, cada um foi pra um lado e, um dia, encontrei Bebeto numa rua de Belo Horizonte e disse que tinha esquecido completamente aquela música, e ele cantou novamente pra mim. Mediante isso, a única coisa que eu poderia fazer era batizar a música de Paula e Bebeto. E, como eu sempre presto muita atenção naquilo que eu faço, resolvi que só Caetano poderia fazer a letra. Foi isso. Milton, você passa uma imagem de muita timidez, mas ao mesmo tempo gosta de estar cercado por amigos e afilhados - e gosta de contar histórias. Você lembra de alguma história interessante que tenha acontecido em Salvador, com amigos baianos? Qual sua relação com Salvador?Tenho muitas coisas com a Bahia. Se eu for começar a falar aqui vamos passar uma semana falando de Jorge Amado, de Caymmi, de Gilberto Gil, Caetano. Pra começar, a minha melhor amiga é baiana, nos conhecemos desde meu primeiro festival da canção, que eu disputei em 1966. E toda vez que eu venho à Bahia fico na casa dela. Inclusive agora, neste centenário de Jorge Amado, comecei a me lembrar dos encontros que tive com ele, alguns aconteceram na própria casa dele, no Rio Vermelho, levado por essa minha amiga. Enfim, é muito difícil falar da Bahia em tão pouco tempo. Um dos maiores clássicos da MPBO disco Clube da Esquina inovou a cena musical do país em 1972 ao apresentar, em torno de Milton, um grupo de amigos mineiros e talentosos que amavam MPB, mas também gostavam dos Beatles. No repertório, pérolas como Tudo Que Você Podia Ser, Cais, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, Paisagem da Janela, O Trem Azul e Nada Será como Antes Envie para um amigo. Matéria original: Correio 24hEntrevista: Milton Nascimento festeja 50 anos de estrada e convida Brown para show no TCA

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