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ECONOMIA

Hoje se fala em hiperconsumo

Estudiosos se debruçam sobre consequências do consumo inconsciente, enquanto lojas exibem novos modelos de TV que consumidores devem adquirir para ver os jogos da Copa

• 08/07/2010 às 10:25 • Atualizada em 29/08/2022 às 16:56 - há XX semanas

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Seguindo a tendência da época, lojas atraem consumidores para adquirirem novos aparelhos de TV para acompanhar a Copa do Mundo
A propaganda massifica o desejo, a indústria se encarrega de jogar no mercado a quantidade e o varejo cria as facilidades de compra. Esse é o ciclo que sustenta, hoje, um dos maiores problemas do mundo moderno: o consumo desenfreado. A vida útil de roupas, celulares, computadores e outros produtos é cada vez menor, graças ao ritmo de atualização imposto pela tecnologia. O resultado disso tudo é o enorme lixo produzido, pois tudo é descartado de forma veloz. Embora pouco se fale sobre isso, o problema está aí. É crescente e já dá sinais das consequências socioambientais, provocadas por essa economia global e, por que não dizer (?), doentia A questão é abordada em artigos de pesquisadores publicados no livro Da produção ao consumo: impactos socioambientais no espaço urbano (Selo Cultura Acadêmica), obra organizada pela geógrafa Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza e pela ecóloga Ana Tereza Caceres Cortez. Os textos levam o leitor à reflexão sobre como as ações de consumo prejudicam a qualidade de vida, a justiça social e a saúde do planeta. Para as organizadoras da coletânea, “a explosão do consumo surge como modo ativo de relação das pessoas com os objetos, com a coletividade e com o mundo, servindo de base ao nosso sistema cultural”. Isso, invariavelmente, causa reflexos diretos nas questões sociais e nos problemas ambientais, que se agravam com a industrialização. Hiperconsumo - A questão é profunda e também está entre os pontos de estudo do filósofo francês Gilles Lipovetsky, autor de obras como A Era do Vazio, O império do Efêmero, O Crepúsculo do Dever e Os Tempos Hipermodernos. Para o autor, a situação atual já pode ser classificada como hiperconsumo. E ele vai muito além. Credita tal estágio a uma transformação profunda da sociedade. As mudanças não dizem respeito apenas à economia, mas estão em todas as categorias da vida moderna: cultura, política, ética, trabalho e etc. O consumo nada mais é do que a tradução de tudo. Para Lipovetsky, isso ultrapassa a modernidade, que marcou as sociedades industriais da década de 80. O filósofo defende: vivemos aagora a sociedade hipermoderna, que conduz às novas formas de sociabilidade, mais estar do que ser, por isso, uma sociedade excludente, descartável, veloz e baseada no agora, no vazio existencial e no culto às aparências do ter. O ato de consumir em si não é o problema real, pois isso faz parte do ser humano desde que mundo é mundo. A questão é que o hiperconsumo é resultado de uma ação sem riscos calculados. Agora o desejo é compulsivo; consumir com e sem razão, com e sem necessidade, o que deve e o que não deve. A perversidade industrial morde e assopra, pois ao mesmo tempo que gera emprego e renda, cria necessidades para objetos que passam a existir sem nenhuma demanda. O consumo é, então, psicológico e intangível; isso explica se pagar caro por marcas e grifes, o que acontece não só com o vestuário. Copa na tela - Preste atenção ao aumento de vendas de aparelhos de televisão com a aproximação da Copa do Mundo. Quase todas as casas brasileiras possuem uma televisão, mas com a realização do campeonato mundial, as pessoas correm às lojas com o objetivo de adquirir uma TV maior, mais moderna e de marca melhor, mesmo que financiada em várias vezes. Claro que essa compra é "justificada" por uma outra questão intangível: a paixão pelo futebol. Enfim, o consumo é feito dessas coisas, de necessidades que as circunstâncias fazem acreditar que são reais. O objeto "de marca" tira o sujeito do anonimato e o coloca em posição de destaque, pois o desafio no mundo moderno é também por ser reconhecido, individualizado. Esse processo de hiperconsumo, no entanto, é paradoxal, pois o sujeito investe para ser diferente e repete o que todo mundo faz. Tudo é simbólico, representativo e muda de acordo com a "moda do momento". Por mais que se fuja disso, o ser humano acaba caindo na armadilha dia após dia. Só que em alguns casos, o ato torna-se totalmente inconsciente.

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