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Exposição de Bel Borba abre comemorações da Semana do Saveiro

Em sua quarta edição, Semana do Saveiro lembrar da importância histórica dessas embarcações

• 16/03/2012 às 11:29 • Atualizada em 26/08/2022 às 17:53 - há XX semanas

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“Se eu não tivesse o saveiro na minha vida, me sentiria um peixe fora d’água”. O desabafo do mestre Jorge, dono do barco Sombra da Lua, representa o que sentem os apaixonados pelos saveiros de vela de içar. Apesar do sentimento, as embarcações, segundo a Associação Viva Saveiro, correm risco de extinção. “Já tivemos nos tempos áureos mais de 1200 saveiros que movimentavam a economia do Recôncavo. Foi um grande impulsor da economia. Hoje, não passam de 20”, alerta o presidente da associação, o engenheiro Pedro Bocca. Para lembrar da importância histórica dos saveiros e não deixar a tradição morrer, a associação promove há quatro anos a Semana do Saveiro. “A ideia deste evento é destacar o saveiro como patrimônio histórico do Brasil, além de resgatar a imagem do barco que está em extinção. Essa tradição não pode morrer porque é uma coisa legítima da Bahia”, diz Bocca. Em sua 4ª edição, a Semana do Saveiro teve início ontem coma abertura de uma exposição do artista plástico Bel Borba, no Centro Cultural dos Correios, no Centro Histórico. Intitulada Saveíros da Baía, a mostra apresenta cinco painéis, 20 esculturas, 30 desenhos e gravuras, uma série de fotografias intitulada Cidadão Maragojipano, pinturas, além de uma escultura grande externa ao casarão. Para criar as obras, o artista usou velas, ferros e madeiras de saveiros afundados. Ainda na programação, que se estende até o dia 22 de março, constam exposições de arte e artesanatos do Recôncavo, exibição de vídeos, visitação das embarcações, passeios, regatas, seresta e a apresentação de um selo comemorativo do tombamento do saveiro Sombra da Lua pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A 4ª Semana Saveiro conta como apoio da Rede Bahia. “A exposição temum sabor de nostalgia. Com os saveiros, me aproximei mais de uma Bahia que temfoco de resistência de uma Bahia mais antiga, narradas nas obras de JorgeAmado”, destaca o artista plástico que ajudou a criar a associação. Borba reclama ainda de uma padronização das cidades e uma perda de características que tornamcada lugar diferente. “São as mesmas lanchonetes, os mesmos restaurantes em todos os lugares. Temhoras que a gente fecha os olhos e se pergunta onde está. É preciso preservar o que diferencia cada cidade da outra”, complementa, referindo-se à tradição dos saveiros de vela de içar. “Hoje já começo a entender porque os mestres e saveiristas se referem ao saveiro como um ser vivo. Eles dizem‘o saveiro não gostou dessa vela’, ‘o saveiro não gostou disso, não gostou daquilo’. Me parecia engraçado, mas quando você vê um saveiro todo quebrado ou queimado parece uma carcaça animal. É comovente”, comenta Borba. HISTÓRIA Até a metade do século XX, os saveiros eram o principal meio de transporte no Recôncavo baiano. “Os saveiros transportavam mercadorias, materiais de construção e toda a produção rural do Recôncavo. Mas, como advento das estradas, o saveiro foi gradativamente perdendo o frete. Entre as décadas de 30 e 50, iniciou o período de decadência”, conta o presidente da associação que, junto comquatro amigos, conseguiram restaurar o barco Sombra da Lua. Semo uso frequente e semdinheiro para dar manutenção, os saveiros foram se deteriorando. “Quando nos percebemos que iria acabar a tradição, fundamos a associação. Já restauramos cinco saveiros. A associação busca recursos de amigos e particulares para restaurar os barcos e devolver aos seus mestres. A contrapartida seria deixar a tradição viva”, acrescenta Bocca. Para o mestre Jorge, como Antônio Jorge Oliveira é conhecido, os 25 anos que acumula velejando é voltar a infância. Como barco restaurado, ele costuma trazer cerâmica de Maragojipinho para a feira de Água de Meninos, em Salvador. “Velejar faz parte da minha infância porque meus parentes foram criados em embarcações. No mar, a gente esquece de tudo”, define.

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