|
---|
As férias de João Ubaldo eram na Ilha revendo amigos e caminhando pelas ruas |
No dia em que a Bahia amanhece mais triste, o Caminhos da Bahia "vai" a Ilha de Itaparica para homenagear seu filho mais ilustre: o premiado escritor João Ubaldo Ribeiro. Seus verões tinham endereço certo, a casa que herdou do avó onde viveu até os oito anos. Gostava da rotina da ilha mais famosa da Bahia, como andar pela cidade, ir ao mercado do peixe e almoçar no Largo da Quitanda. Uma de suas contribuições políticas, fazia referência a construção da polêmica ponte Salvador/Itaparica e ganhou adeptos de famosos respeitados como Chico Buarque, Cacá Diegues, Luiz Fernando Veríssimo, Milton Hatoum, Ricardo Cravo Albin, Emanoel Araújo, Monique Gardenberg, Sonia Coutinho, Jomard Muniz de Britto, Hélio Pólvora, Edson Nery da Fonseca, Sebastião Nery, Walter Queiroz Júnior, Jerusa Pires Ferreira, Hélio Contreiras, Aninha Franco, Fernando da Rocha Peres, Ruy Espinheira Filho, entre outros. Em um de seus manifestos sobre o assunto o escritor escreveu pesaroso: "Adeus, Itaparica do meu coração, adeus, raízes que restarão somente num muro despencado ou outro, no gorgeio aflito de um sabiá sobrevivente, no adro de alguma igrejinha venerável por milagre preservada, na fala, daqui a pouco perdida, de meus conterrâneos da contracosta."
|
---|
A maioria era amigo de infância do escritor e o Bar Espanha sempre recebia sua visita no fim da tarde |
Suas crônicas e romances tiveram personagens reais de Itaparica, como Espanha, Grande, Osmar, Zecamunista e Jacob Branco, Beto Atlântico e Gugu Galo Ruço. Eram pessoas que representavam as diversas esferas: intelectuais, cultos, o dono do mercado, o pescador. Sempre falava que em seus escritos, colocava quem ele gostava, era uma forma de eternizar estes nomes e homenageá-los.
|
---|
De uma beleza singular estonteante Itaparica fica a 14km de Salvador pelo mar |
O escritor sempre quis escrever mais histórias sobre o povo da ilha e a maioria de seus personagens retratava alguém ou "alguéns" da sua Itaparica. Graças a ela, o romancista escreveu Viva ao Povo Brasileiro, O Sorriso do Lagarto, O Feitiço da Ilha do Pavão e em várias entrevistas afirmava enfático: "Eu sou Itaparica!" "É minha terra, é o lugar onde eu nasci, eu moro na casa onde eu nasci, venho ver meus amigos de infância e é uma terra encantadora. É simplesmente isso. Eu não penso nunca em me desvincular daqui, só quando eu morrer", afirmava sempre que podia.