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De A a Z: vice-presidente conta tudo sobre o clube em entrevista

Valton Pessoa fala de contratações, planejamento 2014 em todas as áreas, marketing, negócios e muito de futebol

• 15/01/2014 às 9:02 • Atualizada em 30/08/2022 às 8:45

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Valton Pessoa trabalha dobrado no Mundo Plaza. Lá ficam a sede administrativa do Bahia e o escritório de advocacia do qual é sócio. Essa rotina, afirma o vice-presidente em entrevista ao jornal Correio, acabará após as eleições de dezembro, quando voltará a torcer das arquibancadas.
As carências foram supridas? O time está pronto?Acho que está pronto. Pra mim, a única incógnita para o segundo semestre é o centroavante. Temos dois (Rafael e Jonathan) que vamos fazer experiência. Marquinhos também pode tentar um estilo de jogo sem o 9 fixo. Isso aconteceu pela dificuldade do mercado. A única contratação de centroavante foi do Internacional, com Wellington Paulista. Vamos estudar o futebol sul-americano e procurar um 9 para vestir a camisa do Bahia, como titular.Existe um nome em mente? Se o Bahia chegar a 30 mil sócios vocês vão trazer esse jogador? A ideia é trazer assim que chegarmos aos trinta mil sócios. Atingir isso em um mês, por exemplo, acho difícil. Mas, se tiver, trazemos de imediato. Esse ídolo, basta olhar as últimas contratações, será de fora. É mais fácil, mais em conta. Queríamos Romagnoli, mas precisamos de dinheiro. Também queríamos Saviola, Salgueiro, além de Nicolás Blandi. Com 30 mil antes de maio, junho, vamos trazer. Mas a promessa é para o Brasileiro.Foram contratadas muitas apostas? O número não é alto? Os dois jogadores de maior nome são Maxi e Pittoni. Mas eu colocaria Rhayner próximo. Ano passado, jogou no Fluminense, colocou Thiago Neves no banco na Libertadores. Foi difícil negociar, pois ele teve outras propostas. Perdemos quatro atacantes, trouxemos quatro. Meia não tinha; contratamos três. Vamos disputar cinco torneios e precisamos ter, no mínimo, dois jogadores por posição. Saíram 15 e contratamos 13.Nas contratações, existiu nenhum contrapeso? Não. O único jogador, e a gente estava precisando de um meia, não foi uma exigência, foi uma estratégia de negociação, foi o irmão de Maxi, Emanuel. A gente fez isso pra poder ter um atrativo pro Maxi. Foi pra facilitar, não pra uma exigência. É um jogador com um custo muito baixo, com a possibilidade do Bahia ganhar dinheiro, pois a gente tem 50% do passe. O Bahia tem vitrine em todos os contratos. São salários dentro do mercado, e não acima.Não é perigoso, para o futuro, ter sete jogadores de Eduardo Uram? No futebol, o que eu percebi é que você paga se as coisas não dão certo. Quando chegamos a pressão era para tirar Anderson Barros e Cristóvão Borges. Se a gente tira e cai, a culpa é nossa. Se não tiramos e caímos, a culpa é nossa também. Temos que fazer o que a gente acha que é certo, e não fazer alguma coisa para agradar ao torcedor. A torcida não quer que a gente seja simpático, quer time forte, título. Estou totalmente tranquilo com a situação da negociação com Uram. Talvez algumas relações passadas tragam alguma má lembrança ao torcedor, mas não vejo nenhum problema neste caso. Todos são contratos de um ano, com vitrine e diretos com o jogador. E foram aprovados pelo treinador. Em alguns casos, negociar em bloco também traz vantagens, porque os salários saem um pouco abaixo do que seriam normalmente. Tenho minha vida transparente e aberta. Se amanhã vier um empresário com cinco, dez jogadores que nos interessem, com salários baixos, vitrine e contratos curtos, faria tudo de novo.O Bahia teve dificuldade para negociar com outros empresários? O caso  de Uram é especial. Ele tem 60% ou 70% dos jogadores de mercado na mão dele. No São Paulo, tem dez atletas dele. Alguém reclamou? No Flamengo tem uns seis, no Fluminense uns cinco. É normal no mercado. Entendo o questionamento, mas o Bahia não ficou com o elenco do ano passado. Não tínhamos time. Dia 19 tem jogo e já vamos entrar "meia boca" em campo. Tínhamos que correr. A maioria dos clubes tinha uma base. Se a gente não tivesse que correr, talvez fizéssemos melhores contratações.Não tínhamos atacantes, nem estávamos fechados com zagueiros. No Vitória, Goiás e Atlético-PR, por exemplo, era assim. Nenhum atleta consagrado, nenhum craque, e deu certo. Não tenho constrangimento nenhum de tirar jogador porque é de um empresário, nem que ele tire o atleta dele do clube. A relação do clube com o empresário não muda se tiver um ou vinte jogadores dele no elenco.
Já existe algum pré-contrato assinado para o Brasileiro? Não. Não assinei nada. Estou fazendo muito contato, mas contrato não. Já conversamos com três ou quatro nomes desse nível e as coisas estão bem evoluídas.Marquinhos Santos admitiu que vai usar a Copa do Nordeste como teste para o resto da temporada. Como fazer a torcida assimilar que o time está a apenas 35 ou 40% do ideal? Já estou acostumado com isso. Foi difícil no início, mas hoje não ligo mais. Tenho que avaliar futebol como emoção. Cada torcedor é um técnico e quer uma coisa diferente. Poucas decisões no esporte agradam com unanimidade, como as contratações de Maxi e Pittoni. Nosso próximo jogo vai ser o mais difícil da temporada, porque estamos com apenas 70% do condicionamento físico e com quase ninguém regularizado.  Nosso elenco não tem entrosamento ainda, enquanto o CSA, que está com o mesmo time há um tempo, já fez uns seis amistosos. Vai ser muito duro. Espero que o torcedor tenha paciência. Se tiver um pouco de razão nessa análise, terá. Caso contrário, o que temos que fazer é aguentar as críticas e suportar a pressão.Como pretendem investir nas divisões de base? Precisamos ter um macroplanejamento à parte. Hoje, os jogadores não chegam ao profissional preparados nem fisicamente, nem psicologicamente. A base ajuda pouco. Pode ajudar muito mais. Para isso, precisa ter estrutura, profissionais, instalações, dinheiro. Estamos com vários projetos já aprovados de Lei do Incentivo ao esporte que vão viabilizar o investimento.O foco, então, é na formação?   Formação psicológica, física, de educação. Ítalo Melo é um talento, mas o condicionamento físico não suporta 90 minutos de jogo. Isso porque não é feito um preparo fisiológico pra esse menino sair do júnior para o profissional.E a Cidade Tricolor? Quando o Bahia vai para lá? O Bahia deve ir para Dias D’Ávila, mas quando tiver condição financeira e equacionar com a OAS as questões contratuais. É o que está sendo feito. A OAS é parceira do Bahia e vai continuar sendo. Vamos chegar a denominador comum que viabilize a ida pra lá. É um centro de treinamento de primeiro mundo. É um pouco distante, mas vai dar orgulho a quem estiver lá. Além disso, vai ter trabalho social importante, parceria com prefeitura. Um exemplo.Existe alguma previsão?A princípio, depois da Copa, se tudo der certo.O que emperra? É o contrato? Os transcons da sede de praia...Além do transcon, a dívida do Bahia. Não foi só o transcon. Aqui, não há desconfiança em relação a OAS. Mas é uma satisfação que a gente quer dar ao torcedor. Na época, foi dito que seria permuta. Não foi. Se foi bom ou mau negócio, é o que a gente está analisando. O contrato está assinado e, dentro do contrato, a gente tem que negociar. A OAS está tendo boa vontade.
Que tipo de dívida é essa que o Bahia tem?O Fazendão foi avaliado em um valor, o CT em outro. O valor do CT pronto é um valor maior que o que foi avaliado o Fazendão. Então ficou uma diferença. Na época a diferença era de R$ 4 milhões. Agora tem que reajustar...A avaliação do Fazendão foi feita da maneira correta? Eu não quero julgar ninguém. Contratamos uma empresa para avaliar o valor do Fazendão. Estamos aguardando os laudos. Não foi concluída ainda.A OAS continua como patrocinador máster? E a Caixa? A OAS, dentro dessa parceria, assim como fez com o Vitória, já disse que pode ceder o espaço pra que a gente antecipe o valor da Caixa ou qualquer outro patrocinador. É por isso que eu digo: a relação do Bahia com a OAS é de parceria. É o que eu disse a OAS. Não adianta querer ir para um lugar que a gente não tem condições, nem pagar diferença que não tenha condições.A Nike vai continuar? O Bahia não está satisfeito com o contrato. A gente está conversando com a Nike para melhorar ou rescindir. Não estamos satisfeitos do lado financeiro e do fornecimento, que, ao nosso ver, não estão sendo cumpridos.Há previsão para resolver? Pra mim, tinha que ser ontem. Acredito que 30 dias.Com a saída de Feijão, Maxi vira garoto-propaganda para criar identificação e virar ídolo? A ideia é essa. Nós temos Marcelo Lomba também, que é garoto-propaganda da campanha. Agora vamos aproveitar Maxi também. Ele tem todo esse perfil, a torcida gostou da contratação dele. Vai funcionar dessa forma.Schmidt foi a Brasília para acompanhar o processo judicial de Marcelo Guimarães Filho? Como vocês lidam com isso? Natural. Já era o esperado. Lamento muito e acho que ele deveria voltar de forma democrática. A eleição é no final do ano e era oportunidade de ele se apresentar candidato e voltar pela porta da frente, mas, se é legítimo que ele use da via jurídica e ele está exercendo o direito dele, vamos aguardar a decisão da Justiça. Espero, para o melhor do Bahia, que nada aconteça. Se acontecer, vamos entregar o clube. Decisão judicial não se discute, se cumpre.
Falando em Schmidt, ele quase não aparece. Por que você responde por tudo o que acontece no clube?Desde que assumimos o clube, o presidente ajuda muito. O Schmidt participa muito, é uma pessoa séria e que contribui demais com a gestão. Aqui, cada um faz o seu papel. O meu papel aparece um pouco mais porque eu fico com o futebol, que é o assunto de maior evidência na imprensa. Hoje, por exemplo, Schimidt está em Brasília resolvendo assuntos tão importantes quanto futebol. Quando assumimos, ele quem me delegou isso, porque eu estava vivendo o dia a dia do futebol, acompanhando mais, junto com Sidônio. A tendência agora, com a chegada do William (diretor de futebol) é que eu vá me afastando e me envolvendo mais com questões administrativas, deixando o futebol com ele e com quem está chegando para ajudar e somar.A chance de você continuar no Bahia em 2015 é zero? Zero? Zero menos dez! (risos) Não tem chance nenhuma. Preciso retomar minha vida. Não entrei no futebol para ganhar dinheiro, e sim ajudar o clube  a tomar o rumo certo, que é disputar títulos: Baiano, Nordeste, Sul-Americana ou tentar vaga na Libertadores. Se seguir esse pensamento, com dois ou três anos temos potencial, de torcida e patrocínio, para isso. É um clube de massa e o favorito no Norte-Nordeste. É o time de preferência pra qualquer jogador.Reduzir a atual folha de R$ 600 mil do time B é determinante para trazer um camisa 10? O orçamento já foi feito e foi pedido pelo financeiro que a gente reduzisse a folha em 25%. Mesmo com jogadores como Maxi e Pittoni, conseguimos reduzir em 25%. Isso contanto com parte do pagamento do salário de Souza, Neto, Kléberson... Isso já está no orçamento.Qual a situação dessas rescisões e empréstimos? Todos os três que têm os salários mais altos, Souza, Neto e Kléberson, estamos em fase de negociação. Seja pra emprestar, seja pra rescindir o contrato amigavelmente. Não há nada concreto quanto a time. Conversas pra rescindir, sim. A gente adiou pra sexta-feira a reapresentação. Se a gente não conseguir emprestar, e não conseguir rescindir amigavelmente, eles vão ter que se reapresentar e vamos ver o que fazer. Se vão se incorporar, se faremos um time B pra disputar campeonatos menores.
Acabou o clima de Souza?Tudo tem um ciclo, um momento. Sou contra a contratos longos. O jogador se lesiona, se desentende com a torcida. Três anos é longo. Só em raríssimas exceções; jogadores com histórico de comportamento bom, sem lesão. O único contrato longo que fizemos é com Maxi, uma circunstância pra fechar. Pittoni são dois anos. Os demais, um. Maxi são dois, com possibilidade de três. Ou a gente paga a multa, inferior à que tem hoje, de 100% do salário.Você tem escritório de advocacia. A sua dedicação ao Bahia é exclusiva, como pede o estatuto ao funcionário remunerado? Houve reunião do Conselho Deliberativo para interpretar o estatuto e eu só teria remuneração caso tivesse dedicação exclusiva ao clube. Eu abdiquei, abri mão da remuneração e não tenho dedicação exclusiva, embora, hoje, eu dedique 80% do tempo ao clube. É muito mais do que eu pretendia quando assumi, mas o futebol acaba absorvento muito a gente. Espero que esse ano eu consiga me dedicar mais ao escritório e menos ao Bahia. Pelo menos um turno em cada, que era a minha proposta quando aceitei o cargo. Posso adiantar que não quero continuar no futebol. Quero continuar ajudando como sempre tentei ajudar, inclusive na gestão passada. Estou aqui porque gosto do clube e decidi ficar 1 ano e 4 meses nisso aqui para mostrar que as coisas certas funcionam. Às vezes a gente reclama reclama e, quando tem oportunidade de consertar, não fazemos nada. Me senti na obrigação de ajudar por estar envolvido. Quis fazer com que o clube parasse de sofrer e de disputar rebaixamento todos os anos. Foi um somatório de coisas que me levou a aceitar esse desafio. Com muita luta estamos chegando a montar um time muito forte, daqueles que não se via desde 2001 pelo menos. Desde a época do Opportunity o Bahia não tem jogadores de tanta qualidade.O Bahia tem um novo gerente de futebol, chamado Lucas Magalhães. Poucos torcedores sabem da existência dele no clube. Quem ele é? O que faz? Ele é, de fato, gerente de futebol. Foi um nome indicado por mim. Ele é advogado especializado em direito desportivo e quer seguir na carreira de diretor de futebol. Então, tem total condição de nos ajudar. Ele atua no departamento de futebol comigo e com o William, lidando mais na parte de contratação e do dia a dia. Faz negociações menos importantes, contratos, rescisões. Ele era gerente comercial, junto com Pablo Ramos, mas foi transferido para o futebol. E Priscila Ulbrich? Qual a função dela no clube? Ela trabalha na diretoria de negócios com Pablo, acho. Na parte de redes sociais e no marketing. Além disso, como todo mundo no Bahia, ela também ajuda no futebol, principalmente na parte de convencimento. Ela não interfere em negociação, mas teve uma grande participação na vinda de Marquinhos Santos. Ela tem muitos contatos e relacionamentos com jogadores, o que abre portas.Osni continua no Bahia? Não sei te dizer. A princípio, creio que não muda nada. Por mim, continuaria, mas não depende só de mim. Vai depender da vontade do William.

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