Redação GoalNão se deixe enganar pelo jeito "mineirinho" de Gilberto Silva. Assim que pisa o gramado, o volante, pentacampeão em 2002, se transforma. De quieto e poucas palavras, o jogador se torna um líder, uma referência para os colegas. Tanto que, aos 38 anos, o ídolo do Arsenal (Inglaterra) e Atlético-MG, mesmo sem clube, segue na luta para transformar o futebol brasileiro. Membro do Bom Senso Futebol Clube, Giba conversou a Goal Brasil e avisou: "Precisamos de uma gestão do nosso futebol menos passional e mais profissional".Existe uma discussão sobre o futuro do Campeonato Brasileiro. Você prefere os pontos corridos ou o mata-mata? Os pontos corridos são o modelo mais justo de disputa. Você prioriza realmente quem foi melhor durante a competição. Até porque, quando era sistema de mata-mata, classificavam oito e, às vezes, o primeiro já acabava fora na primeira eliminatória. Vira uma outra competição.Você jogou muito tempo na Europa, o que tirar de proveito de lá para desenvolver a gestão do futebol brasileiro? Acredito que precisamos avançar em muitas coisas. Em relação à gestão de futebol, uma gestão mais profissional e menos passional. Não que a paixão não deva existir, mas tem de haver um profissionalismo. Que haja mais responsabilidade, ao lidar com o clube. Na minha opinião, no Brasil, os clubes tinham de funcionar como uma empresa. Ainda tem muita gente que acha que o Brasil é o país do futebol, que toda hora vai aparecer um grande craque. E assim, vão se resolver os nossos problemas.Quais podem ser as consequências desse tipo de pensamento? Outros países muito menores que o nosso estão, hoje, passando o Brasil em termos de rentabilidade, gestão e número de torcedores nos estádios. Isso porque começaram a se organizar de dentro pra fora. Então, se continuarmos fazendo como fazíamos há 50 anos, continuaremos a retroceder temporada após temporada. O que dizer dos 7 a 1 na Copa do Mundo? Não podemos analisar a Copa do Mundo apenas pelo jogo contra a Alemanha, pois foi algo estranho. Muito duro para quem ficou de fora torcendo, mas para os jogadores em campo, eu acredito que muito pior. Eles sentiram na pele. Temos de analisar os quatro anos de trabalho. O Mano demorou um pouco a formar o grupo, um time. Não conseguiu em dois anos e meio saber escalar a Seleção Brasileira, porque era um grupo muito jovem, muito modificado de 2010 para 2014. Essa demora foi ruim para a formação de um time, de uma identidade, saber quem era o jogador de cada posição. E o Felipão (Luiz Felipe Scolari), com pouco tempo, fez o que deveria ter sido feito desde o início: montar um time, com estrutura e peças bem definidos. Outro fator ruim foi a não disputa das Eliminatórias. O Brasil deixou de competir. Enquanto as outras seleções disputavam as Eliminatórias, nós jogávamos um amistoso qualquer aí.Todo ano, a discussão sobre a viabilidade dos estaduais se repete. Os torneios são feitos hoje para sustentar os times menores? Sempre é um assunto delicado e que gera polêmica, porque na cabeça de muita gente são os estaduais que sustentam os times menores. E os clubes menores não podem viver só desse estadual. Pelo contrário, eles têm que ter um calendário adequado durante todo o ano, ou pelo menos durante 9 ou 10 meses para poder se manter de uma forma melhor.Como entra o Bom Senso nessa discussão? Um dos pontos do Bom Senso é melhorar o calendário para quem não tem calendário. Porque depender de um estadual e meses e depois não ter mais jogo durante no ano, inviabiliza a continuidade de um trabalho, a sobrevivência de um clube. O que acontece é que os clubes maiores, com mais condições, podem contratar melhor. No futuro, o que pode ser revisto é a forma de distribuição das cotas de patrocínio, de TV, podem ser mais igual.O Mineiro seria uma fórmula padrão pros outros? A diferença do Mineiro, por exemplo, para o Gauchão, é que a disputa tem um turno apenas e menos clubes. São bem menos jogos que o Campeonato Paulista também e os demais. Mas é preciso pensar numa fórmula melhor. De repente, com o estadual diluído ao longo de todo ano, como é o sistema de Copas jogado fora do país. Pode ser uma opção, mas pode outra opção melhor. É preciso fazer algo para mudar, um equilíbrio entre quem joga muito e quem joga pouco.Sobre o penta em 2002, quais são suas lembranças? A primeira coisa que vem é o momento de levantar a taça, mas vários momentos me marcaram. Pra mim, um muito marcante é quando o Felipão vem no meu quarto e afirma que eu ia começar o jogo no lugar do Emerson, contra a Turquia (estreia). Fiquei um pouco surpreso, porque grande parte da imprensa sinalizava outros jogadores. Eu era o último da lista para entrar naquele jogo.Está sem clube? Estou sem clube. No ano passado, eu passei o ano todo me recuperando de uma lesão no joelho, de menisco. Acabei tendo que fazer mais dois pequenos procedimentos no joelho e agora já comecei a treinar. Estou treinando, me preparando e vamos ver o que acontece nas próximas semanas. Recebi alguns convites, mas não quis dar prosseguimento até me preparar. Quando o ano terminou eu ainda estava em fase final de recuperação e achei melhor esperar para sentar com algum clube e discutir um contrato.
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