Pugilista baiano sonha em presentear filha com medalha olímpica

Toda vez que entra na sala de embarque do aeroporto de Salvador, o pugilista Robson Conceição começa a sentir um aperto no coração. É o momento em que deixa para trás sua terra natal e a família. Há pouco mais de um ano, a dor se intensificou com a chegada da pequena Sofia, de somente 1 ano. Mas a saudade também serve para dar força, afinal, o sucesso no boxe significa um futuro melhor.

Robson Conceição, à esquerda, disputa o Mundial já no próximo mês (Foto: Divulgação/AIBA)

“É um incentivo a mais para eu treinar. Quero lutar bem por minha filha”, revela o pugilista de 26 anos, número 6 no ranking dos leves (até 60kg) da Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba). “Hoje a tecnologia já ameniza um pouco a saudade”, admite.Lutar bem tem um significado bem fixo na cabeça de Robson. Prata no Pan-Americano de Guadalaraja-2011 e no mundial de Almaty-2013, ele quer completar a coleção daqui a menos de um ano, nos Jogos Olímpicos do Rio. “Quero presentear ela com essa medalha. Ela ainda é pequena para entender, mas quando tiver grande, vai estar tudo guardadinho para ela ver”, almeja.A vaga olímpica é questão de tempo. Os pugilistas podem se garantir pelo Mundial do Catar, entre 3 e 15 de outubro, pelo ranking da Aiba e da WSB (Série Mundial de Boxe) no fim do ano, pelo pré-olímpico das Américas ou pelos dois pré-olímpicos mundiais, os três últimos disputados só no próximo ano.Tão bem ranqueado e com a experiência de já ter disputado os Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, dificilmente Robson ficará fora, principalmente porque, depois de todas essas disputas, o Brasil ainda terá cinco vagas extras nas dez categorias do boxe olímpico.A última despedida de Robson da filha e também da esposa Érika Matos, representante do boxe feminino em Londres-2012 e a quem o pugilista pediu em casamento durante uma entrevista para a TV no Pan de Guadalajara, foi no último final de semana. Desde ontem, ele está na Alemanha, onde intensifica os treinos antes do Mundial do Catar. Da Europa, parte direto para Doha. “Venho focado, treinando com a seleção brasileira e com minha equipe da Academia Champion, com (o técnico Luiz) Dórea”, diz.Robson alterna treinos com a seleção em São Paulo e com Dórea em Salvador, algo que já deu problema com a Confederação Brasileira de Boxe. “Hoje tá tudo tranquilo, vivemos na paz, numa boa”, afirma. O Mundial servirá para o baiano conhecer mais de seus possíveis adversários no Rio.