O segundo dia de São Paulo Fashion Week terminou ao som de Emicida. O músico colocou quem estava na tenda montada no Parque do Ibirapuera, nesta segunda-feira (24), para dançar após o desfile de estreia sua marca, LAB, comandada por ele e por seu irmão Evandro Fióti. Geniais, eles transformaram uma linha de roupas que já dava super certo, fruto de um desdobramento de sua gravadora de hip hop e rap, em uma grife que uniu a força dos seus discursos à informação de moda.
O primeiro pulo do gato foi chamar o estilista João Pimenta, que já tinha vestido Emicida para a capa de um disco, para ser o diretor criativo da LAB. Ao lado dos rappers, ele elaborou uma coleção a partir da figura de um samurai negro, Yasuke, misturando Oriente e África, a força do guerreiro e do povo negro. “Queríamos uma coleção que dialogasse com os valores do LAB, como inclusão e transformação, e a coisa fluiu”, explica Fióti. O que se viu foi uma (a princípio) improvável – e perfeita – coleção recheada de estampas étnicas e gráficas aplicadas em peças oversized superbem estruturadas (João Pimenta é mestre em alfaiataria), como quimonos e casacos com ombreiras com capuzes e golas imensas, além de calças que iam aos extremos da legging à pantalona. A cartela de cores foi enxuta: preto, branco e vermelho. Ao todo, foram 26 looks mesclando peças comerciais e conceituais vestidos por um casting 80% negro e cheio de convidados. Esse foi o segundo pulo.
Em tempos de empoderamento, nada melhor para apresentar uma moda que lida com a diversidade do que levar a variedade das ruas para a passarela, colocando nela gente gorda, com vitiligo, artistas como os cantores Seu Jorge – de saia plissada – e Ellen Oléria, e amigos, como a produtora e estilista baiana radicada em São Paulo, Loo Nascimento, ela mesma dona de uma marca que também dialoga com temas como autoestima e luta contra o preconceito, a DressCoração. O próprio Emicida desfilou e cantou, fazendo a trilha do desfile ao vivo. Na primeira fila, mas gente conhecida: o cantor Criolo aplaudiu os amigos de pé, acompanhado de toda a plateia.
Os vestidos também foram destaque no desfile de Patrícia Viera, expert em transforma couro em desejo. Ela sabe como ninguém fazer o material ser rígido ou fluido, receber interferências e recortes, tudo a favor de uma modelagem rica que deixar qualquer mulher elegante.
O rapper Emicida comanda a estreia de sua marca LAB no SPFW (Fotos: Agência Fotosite/divulgação) |
A produtora baiana Loo Nascimento, modelo plus size e a cantora Ellen Oléria: diversidade na passarela |
Compre jáQuem gostou do que viu já pode entrar no ecommerce da marca e escolher sua peça favorita. Nem todas serão vendidas, mas grande parte do desfile foi feita para ser comercializada. “A gente já nasceu nesse sistema (o see now buy now – veja agora, compre já), embora só agora a indústria da moda esteja migrando e se adaptando a isso. “Eu tenho 27 anos, Emicida tem 30 e nosso geração já consome as coisas assim mesmo, então para nós não foi uma grande novidade”, explica Fióti, que já tem loja on line há sete anos e vende a LAB em 30 pontos do país. “A ideia é ampliar em 30% nos próximos meses”, revela. Teve mais da ruaO streetwear também deu o tom no início do segundo dia de SPFW. Ao som da trilha sonora incrível criada pelo produtor Max Blum só com hits pop cantados acapella - Diamonds e Umbrella, de Rihanna; Halo, de Beyoncé; Paparazzi e Alejandro, de Lady Gaga, entre outros - o vão interno do MASP recebeu o desfile da À La Garçonne.
A marca de Fabio Souza e Alexandre Herchcovitch trouxe tudo que se precisa para bater perna em qualquer metrópole do mundo. Sobreposições de peças, umas com cara de nova e outras que parecem ter sido garimpadas em brechós; mistura de texturas, principalmente moletom e renda; comprimentos variados, com predominância do mídi; oversided em calças, vestidos e jaquetas pintadas à mão; muito p&b com pinceladas de cores fortes.
À La Garçonne, de Fabio Souza e Alexandre Herchcovitch, abre segundo dia da semana de moda |
ParceriasPara dar conta de tanta coisa, a marca ampliou suas parcerias. A Hering, que já tinha feito moletons e camisetas na coleção passada, veio também com vestidos e abrigos. Já a Colombo cuidou da alfaiataria. Teve ainda tênis com a Converse e joias com Hector Albertazzi, criadas a partir de sucatas. Ah, sabe o see now buy now? Também vale para a À La Garçonne. As camisetas e moletons chegaram na loja da marca logo após o desfile. O restante aparece nas araras e prateleiras nesta quarta-feira. ViagensReinaldo Lourenço foi para a Suécia e Patricia Viera para a Ilha de Páscoa, na Polinésia Oriental. Os destinos serviram de inspiração para os estilistas criarem coleções ricas detalhes, ultrafemininas, que encheram os olhos de ambas as plateias.
O estilista começou o desfile com uma série de peças em alfaiataria, com predominância de blazers e casacos. Até chegar aos vestidos, ora com estampas que flertam com roupas do folclore sueco ora com o brilho do paetê namorando com a leveza do tule. Tudo arrematado com acessórios de Camila Klein, que criou a linha a quatro mãos com Lourenço.
Coleção de Reinaldo Lourenço recheada de peças ultrafemininas |
A modelo baiana Lorraine na passarela de Patricia Viera: couro com riqueza de detalhes |
O SPFWTRANS42 continua nesta terça-feira (25), com os desfiles de Fernanda Yamamoto na Estação Pinacoteca, Lolitta na Livraria Cultura do Iguatemi, Experimento Nohda no Teatro Oficina, Abrand e Lilly Sarti na Sala Ibirapuera, montada no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A maior semana de moda da América Latina segue até sexta-feira.
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Redação iBahia
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