Correr tem inúmeros benefícios, isso é um fato. Além de ser uma das atividades físicas que mais contribuem para a perda de peso, pois acelera o metabolismo, o exercício ajuda a aumentar a capacidade cardiorrespiratória, a melhorar o nível de colesterol, a autoestima, a qualidade do sono, a reduzir o estresse... Mas a corrida também pode causar alguns pequenos malefícios, como manchas na pele, devido à exposição solar, unhas encravadas ou traumatizadas e até flacidez. Nada comparado ao seu lado positivo, mas é sempre bom ficar de olho em alguns sintomas.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Egon Daxbacher, o maior fator de risco diretamente ligado à corrida é a exposição solar inadequada, que pode ocorrer por anos. Por isso, é imprescindível se proteger, usando chapéus e roupas com proteção ultravioleta, e filtros solares com fatores elevados e específicos para a atividade, além da hidratação durante a atividade. Optar por correr antes das 10h e depois das 16h, ou em trajetos com maior chance de sombra, também são indicações do especialista.
Jornalista e produtora de conteúdo, Priscilla Azevedo se encantou pelo esporte há quatro anos, quando, convencida pelo personal trainer, decidiu correr 5km. Depois de cruzar a linha de chegada em 32 minutos, desabou em lágrimas de tanta emoção. Correu 8km, 10km... E, em suas próprias palavras, ficou viciada. Só neste ano, já fez quatro meias maratonas, e vai, mês que vem, a Amsterdam, na Holanda. Entusiasta, ela não poupa cuidados com a saúde.
— Eu era daquelas pessoas que não gostavam de correr, e o pior, ainda falava mal. Como cansei da musculação, faço um treino funcional específico para corredores, para fortalecimento e postura. Eu me preocupo muito também com o cabelo. Passo hidratante específico nele e faço trança, porque as pontas, em contato com o sal do suor das costas, ficam acabadas. Passo também protetor solar próprio para o esporte e, em cima dele, mais um. Uso um spray para os dedos dos pés não darem bolhas e aplico entre as coxas — conta Priscilla, que está à frente do projeto Acordei Fitness, em que selecionou quatro pessoas de perfis diferentes para serem acompanhadas por uma nutricionista, um médico e uma equipe de corrida, para que elas possam mudar seus hábitos e correr 5 km no dia 11 de novembro.
Melasmas (manchas escuras na pele) também surgem por conta da exposição ao sol. Amiga de Priscilla Azevedo, a também influenciadora e produtora de conteúdo Mayra Rizzi conta que este é o seu principal problema em relação à corrida. Desde que começou a praticar a atividade física, há aproximadamente dois anos, as manchas apareceram com maior intensidade. Mayra afirma, ainda, que percebeu, aos poucos, todos os cuidados que deveria ter com a pele e com o corpo.
— Sempre tive melasma, mas piorou muito depois que passei a correr sob o sol. Fiz peeling clareador no inverno para melhorar, e agora passo muito protetor solar. Outra coisa que aconteceu foi o cabelo, que ficou destruído por conta do sal e do sol, e tive bolha no pé. Mas foram coisas que eu aprendi correndo. Não tinha esse cuidado desde a primeira corrida — relembra Mayra.
Outra preocupação de quem corre é em relação à flacidez, principalmente do rosto. Priscilla Azevedo, por exemplo, recorre ao botox para minimizar os efeitos. Especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, Lilian Delorenze explica que a principal causa da flacidez da pele é o envelhecimento. Com o avanço da idade, a produção de colágeno e elastina — proteínas que dão sustentação ao tecido — entram em queda abrupta. Não há, entretanto, relação entre o impacto e o movimento da corrida com a redução de colágeno. O que pode ocorrer é a diminuição da gordura facial, que ajuda a dar rigidez ao rosto.
— O que definitivamente prejudica a estrutura do colágeno é a exposição ao sol sem proteção. Praticar corrida sem filtro solar vai causar muito mais flacidez e rugas do que o exercício em si, sem dúvida. A melhor forma de cuidado é com o acompanhamento junto a um dermatologista, que vai indicar o tratamento adequado para cada caso, seja por meio de cremes ou por procedimento feito em consultório — diz Lilian.
Muitos corredores reclamam também de unhas fracas e fungos nos pés. A dermatologista Juliana Piquet explica que as bolhas podem ser evitadas com o uso de tênis que minimizem o atrito. Escolher uma numeração maior pode ajudar a prevenir o trauma das unhas.
— Manter o tênis seco ajuda a prevenir bolhas e micoses. Meias absorventes, loções antiperspirantes e até mesmo pó ou talco para absorção da umidade podem ser usados. Outro problema frequente é o chamado runner’s nipples, provocado pelo atrito da roupa apertada com os mamilos. Peça apropriada, do tamanho certo, e lubrificação da área são recomendados para evitar — explica Juliana.
A farmacêutica e futura médica Iris Guia, do Instagram Viver e Correr, conta que depois de perder uma das unhas do pé, passou a usar vaselina entre os dedos para evitar o atrito. Nunca mais sofreu com isso.
— Como é um exercício muito repetitivo, a unha bate no tênis, fica roxa e acaba caindo. Isso aconteceu uma vez comigo, mas continuei mesmo sem unha, é um vício — conta ela, que corre de três a quatro vezes por semana, há três anos.
Procurar um profissional de educação física qualificado é essencial para evitar lesões e controlar a sobrecarga da corrida. Treinador de triatlo da Sky Assessoria Esportiva, Leonardo Mello afirma que, apesar de a corrida ser um movimento natural do ser humano, muitas pessoas não desenvolvem esse gesto motor ao longo da vida, e correm o risco de apresentar deficit biomecânicos por falta de força muscular, equilíbrio dinâmico, flexibilidade ou consciência corporal. Por isso, ter um especialista ao lado e praticar, também, uma atividade de força, podem diminuir os riscos e aumentar os resultados.
— A corrida é uma atividade de alto impacto e de estresse oxidativo. Um trabalho de força, musculação, pilates ou treinamento funcional faz com que os músculos e tendões estejam melhor preparados para absorver o impacto do corpo a cada passada. Além do que, segundo estudos do American College of Sports Medicine (ACSM), realizar exercícios aeróbicos e de força aumentam a expectativa de vida — resume Mello.
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Redação iBahia
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