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NEM TE CONTO

'Já recusei comerciais milionários', revela Letícia Sabatella

Atriz, de 48 anos, também fala sobre aborto, drogas e cirurgia plástica

Redação iBahia • 06/05/2019 às 15:27 • Atualizada em 28/08/2022 às 17:23 - há XX semanas

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Letícia Sabatella é dona de muitas vozes. Dá tom a vilãs e mocinhas de novelas, mas também sabe encarnar o jazz de Cole Porter e a MPB de Chico Buarque, todos presentes no setlist do show “Caravana tonteria”, em cartaz no Teatro Rival Petrobras na próxima sexta-feira e sábado. Mas é com sua voz da vida real, suave e firme na mesma proporção, diz não gostar da produção e que prefere usar as roupas que trouxe numa mala. Tem receio de não se enxergar nas fotos. “É assim que ando na rua, gente”, diz a atriz, de 48 anos. Conversa daqui, conversa de lá, uma escolha dela, uma escolha da equipe e fim de papo. Ou melhor, início do papo a seguir, em que ela reflete sobre as agressões que sofre por causa de seus posicionamentos políticos, a opção de não fazer campanhas publicitárias e a passagem do tempo.

O grande público conhece mais seu trabalho como atriz do que como cantora. Como a música surgiu na sua vida?
Letícia Sabatella: Veio do colo de mãe e de avó. Na minha família de Minas (Letícia nasceu em Belo Horizonte) , as mulheres costuravam, bordavam e cozinhavam sempre cantando. Na parte paranaense, meu avô ajudou a construir o teatro Guaíra, em Curitiba, e tínhamos um apartamento ao lado. Desde os 4 anos, ia a concertos de orquestra todo domingo.

De onde vem sua veia ativista? Seus pais tinham atuação política?
Tenho sensibilidade desde criança. Meu pai e minha mãe sempre me ensinaram a cuidar da natureza, mas não eram do MST (risos) . Ninguém participava de movimento social. Isso foi um mergulho meu. Na adolescência, fui tentando entender a questão ambiental, o massacre indígena e comecei a pensar numa sociedade mais justa. Não queria me sentir inferior ou superior a ninguém. Tive uma formação humanística da minha família, mas a consciência cidadã não veio dela. E o fato de ser uma pessoa pública aprofundou minha responsabilidade. Não dava para sair vendendo qualquer coisa, enriquecendo, lucrando, sabendo que existem trabalhos escravos por trás.

Por isso você não faz publicidade?
É. A partir do momento em que escolhi falar sobre coisas difíceis de serem ouvidas, percebi que não podia inflacionar minha palavra. Não ia sair vendendo um monte de coisa com o mesmo sorriso.

Você tem ideia de quanto dinheiro deixou de ganhar?
Nem penso nisso, mas já recusei comerciais milionários. Sempre tive um constrangimento muito grande de me sentir na área vip.

Tinha vergonha de ser bonita e famosa?
Confesso que tive. A visibilidade veio quanto tinha 20 anos e me sentia péssima, despreparada para aquele lugar. Fiquei constrangida por estar sendo incensada. Queria dar conta de ser uma boa atriz antes de enriquecer. Fiz muita coisa de graça. Não recebi nada pelo documentário “Hotxuá” (filme dirigido por ela sobre a tribo indígena Krahô) . Fiz muita contrapartida social e isso me trouxe paz de espírito.

Que marcas ficaram daquele episódio de 2016 em Curitiba, quando foi hostilizada numa manifestação?
Estou processando as pessoas que aparecem no vídeo e que foram identificadas. Sinceramente, não senti medo e sim pena. Claro que meu coração disparou depois. Fiquei muito sensibilizada em casa, com crise de arritmia, e fui parar no hospital. Mas, no momento, era tudo tão absurdo que fiquei zen.

Na época, Alexandre Frota, que hoje é deputado federal pelo PSL, também a atacou verbalmente por causa do episódio...
Não respondo a ele. Só fala impropérios, xingamentos e mentiras. Nunca me viu pessoalmente. Acho ele um blefe.


Você é a favor do aborto? Já fez algum?
Sofri um aborto espontâneo, depois do nascimento da Clara, e foi bem ruim. Fiquei um ano me sentindo muito mal. Mas sou a favor da descriminalização. Temos que dar condições pessoais e ambientais para as mulheres terem filhos. Somos uma sociedade abortiva e, sendo assim, não podemos criminalizar quem faz.

E em relação às drogas, é a favor da descriminalização?
Sou. Temos que ter políticas educativas. As pessoas podem ser tratadas por meio da maconha. Sobre drogas artificiais que estão colocando aí, acho que é um assunto mais cuidadoso.

Você já usou ou usa drogas?
Só experimentei maconha. Atualmente, não fumo, mas muitas vezes é benéfico.

Como é a sua relação com o corpo?
Sou atriz, né? O corpo é minha ferramenta. Ano passado, perdi a forma por causa do teatro, da composição da Delfina (personagem da novela “Tempo de amar”, de 2017) e do rompimento da panturrilha. Engordei uns 10 quilos ou mais e estou caminhando para me estabilizar no meu peso ideal. Ansiedade me engorda; emagrecer, para mim, está mais relacionado a controlá-la.

Você já fez ou faria uma cirurgia plástica?
Estou segurando de outro jeito, sem cirurgia. Às vezes, penso em alguma coisa, mas ainda não senti necessidade de fazer uma intervenção muito grande. Detesto a ideia de não mexer minha testa. Fico com medo. Quando ouço que estou ótima para a minha idade, fico mais tranquila (risos) .

Afinal, como anda a sua vida amorosa? E a libido?
A libido varia de acordo com tudo (risos). Não estou absolutamente sozinha, mas estou tranquila. Não acho que relacionamento seja a solução para todas as coisas. Tenho uma autonomia de vida que funciona.

Você tem religião?
Não, mas gosto muito do taoismo e de rezar com as pessoas. Minha avó paterna era médium, então, de vez em quando, tomo um passe. Mas também vou à Igreja Católica conversar com uma irmãzinha (da ordem) das clarissas e gosto da energia da meditação. Tenho amigos que meditam comigo, me acalmam quando fico nervosa. Essas práticas me ajudam a serenar. Sou uma pessoa muito sensível.

Há quem diga que você é uma pessoa difícil.
Quem fala isso? Não sei se sou difícil, não. Acho que sou muito intensa e bastante transparente. Isso, para mim, é ser uma pessoa fácil (risos) .

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