Com pouco dinheiro no bolso, os consumidores estão ávidos por um bom negócio ou qualquer oportunidade de economia. Mas é preciso redobrar o cuidado para não deixar o “barato sair caro”, e amargar um prejuízo que poderia ser evitado. O EXTRA listou as principais armadilhas (confira abaixo) que podem transformar o que parecia um excelente negócio em uma fonte de dor de cabeça. Entre as recomendações de economistas estão: a cautela em aproveitar liquidações e levar para casa roupas que não servem; abrir mão do seguro do carro e bater na saída da concessionária; comprar vouchers de sites de compra coletiva e perder o prazo para usá-los.
Para Filipe Pires, professor do MBA de Finanças do Ibmec-RJ, um dos maiores riscos é calcular, de forma equivocada, a contratação de crediário para compra de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Pires lembra que, embora muitos comerciantes digam que o parcelamento é sem juros, as taxas estão presentes no valor final do produto. Ele simulou a despesa para aquisição de geladeira. E concluiu que, com os juros cobrados no comércio, um produto que seria vendido por R$ 1.500, em uma compra feita à vista, poderia custar até 34% a mais, com pagamento de 12 prestações.
— O que o consumidor precisa entender é que não existe parcelamento sem juros. Desde que não seja uma questão emergencial, como no caso de a geladeira pifar e o consumidor não ter todo o dinheiro para comprar uma nova, o ideal é tentar evitar o parcelamento. A estratégia de convencimento das lojas é sempre a mesma: oferecer parcelas que se encaixam em quase todos os orçamentos.
O cuidado na contratação de serviços também pode evitar prejuízos aos consumidores. Na busca por economia, ao tentar preparar a festa da filha, a empresária Jeniffer Lopes, de 31 anos, contratou um serviço de eventos que oferecia vantagens e promoções. Depois de pagar cerca de R$ 2 mil, os donos da empresa desapareceram com o dinheiro de vários clientes, sem entregar as festas de aniversário e casamentos contratados.
— Eu recebi a recomendação de amigos e parentes. Depois, eles só colocaram um aviso em redes sociais, e sumiram com nosso dinheiro — contou Jeniffer, que depois do golpe, inaugurou o próprio serviço de bufê.
Entrada baixa, dívida em alta
A ansiedade e a pressa para comprar um carro novo ou realizar o sonho da casa própria também podem significar perder ou desperdiçar um grande volume de recursos, ao fim de um financiamento. O professor Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), alerta que oferecer uma entrada mínima para financiamento de longo prazo vai provocar endividamento e maior incidência de juros:
— No caso de financiamento de imóveis, ou veículos, quanto maior o saldo devedor, maior será a incidência de taxa de juros. Ou seja, quanto menor for a capacidade de oferecer uma boa entrada, maior será a dívida — orienta Teixeira.
Segundo ele, outra recomendação é buscar a comparação dos juros oferecidos no mercado. Em geral, essas taxas são mais ou menos referenciadas, mas qualquer percentual, em um financiamento de longo prazo, fará uma boa diferença para o comprador.
O professor Júlio de Almeida, de 35 anos, comprou um imóvel há seis anos, com prazo de pagamento de 30 anos. O recuo das parcelas regressivas é lento. Já o saldo devedor e as prestações permanecem em patamares elevados:
— É uma dívida com prazo de pagamento muito longo, e, às vezes, por impulso, o consumidor é levado a assinar um contrato de três décadas com juros significativos. É preciso pensar bem antes de se comprometer — avalia.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) alerta também para compra de imóveis na planta. O Idec diz que vale a pena se o comprador tiver tempo para esperar a entrega das chaves, e ler o contrato com atenção para evitar surpresas com as intermediárias e financiamento.
Planejamento gera economia
Uma das máximas que devem ser observadas pelo consumidor, antes de adquirir um produto ou contratar serviços, é a que “não se compra simplesmente porque está mais barato.” A orientação de economistas vale para vestuário, acessórios e até supermercados. Na contratação de serviços, é preciso ter certeza de que irá aproveitar todo o pacote contratado. No caso das compras, Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, explica que, se o produto não for de uso frequente, é preciso pensar duas vezes antes de comprar, mesmo que o preço da promoção seja bastante atraente para o cliente:
— Se o consumidor tiver uma folga no caixa, e encontrar um produto de uso frequente muito barato, vale a pena fazer um estoque. Mas se o produto não for usado com tanta frequência assim ou só eventualmente, comprar mais unidades do mesmo produto só vai aumentar seu gasto mensal, e fazer você consumir mais algo que não é tão necessário. A pessoa acha que está fazendo um bom negócio, mas, na verdade, só está aumentando o gasto mensal— explica Ricardo Teixeira.
O professor Filipe Pires, do MBA de Finanças do Ibmec-RJ, lembra que a contratação de pacotes semestrais ou anuais em academias de ginástica também pode ser uma tentativa de economia que termina em desperdício:
— Economia exige planejamento. O pacote anual é extenso e muitos acabam não indo à academia— alerta.
Confira os riscos
Fazer financiamentos com pouca entrada
Financiar um veículo ou um imóvel com entrada muito baixa é uma economia que pode sair caro para o consumidor por causa da aplicação de juros sobre as prestações. Quanto menor a entrada e maior o tempo de financiamento, maior será a aplicação de taxa de juros. No caso de financiamento de veículos a entrada não ser inferior a 30% pois a desvalorização do carro é muito rápida, de pelo menos 30% quando sai da loja, e os juros poderão fazer com que você pague dois carros. O ideal é juntar dinheiro para pagar pelo menos a metade.
Comprar produtos de baixa qualidade
Observe o tempo que o objeto vai durar. Se você comprar um tênis ruim, de má qualidade, que só dura três meses e tiver de comprar quatro no ano, por exemplo, o consumidor aumenta o gasto.
Contratar serviços
A contratação de serviços deve ser acompanhada de pesquisa e muita cautela para que o consumidor não seja surpreendido por um serviço de qualidade baixa. Em alguns casos, a empresa contratada simplesmente não presta o serviço e seus representantes desaparecem.
Comprar sem usar
Comprar produtos em liquidação só porque estavam pela metade do preço mesmo com vários itens iguais em casa. Comprar roupas de tamanho diferente pensando que vai emagrecer ou fará o ajuste depois é um exemplo de dinheiro jogado no lixo.
Não fazer manutenção da casa e do carro
Não fazer a manutenção do carro costuma resultar em gastos muito maiores se o veículo quebrar, além do tempo a mais parado no mecânico. Em casa, é comum fazer remendos na instalação elétrica que acabam gerando gastos maiores de energia e falta de segurança. Além de colocar um pano em volta da torneira que pinga a noite toda e provoca aumento na conta de água
Ficar exposto a riscos
Não ter seguro de carro e de casa é um tipo de economia que pode resultar num gasto muito maior. Se o carro é roubado e está financiado, o consumidor terá de pagar o financiamento mesmo tem ter o veículo, por exemplo.
Ficar sem lazer
Por mais que estejamos vivendo um momento de recessão é necessário que dentro do orçamento familiar existam alguns momentos para diversão, seja uma ida ao parque ou comprar os ingredientes para fazer uma bela pizza em casa. O lazer ajuda a aliviar as tensões, o que evita gastos com remédio, brigas e depressão.
Fechar pacotes anuais
Só faça pacotes anuais, em atividades físicas ou culturais, se tiver a plena certeza de que sua motivação e estilo de vida continuarão permitindo que cumpra o tal plano. Do contrário irá amargar suaves parcelas de descontos que nada mais são que dinheiro que vão pelo ralo abaixo. Um exemplo é pagar o plano da academia anual e só ir três meses no ano.
Fazer pequenas compras no mercado
Para quem tem o rendimento mensal, é melhor comprar de uma vez. De acordo com economistas, outros gastos como tempo, transporte ou combustível e estacionamento devem ser analisados. Se comprar em atacado, ainda pode obter o desconto pela quantidade
Desperdício
Por outro lado, não é recomendável fazer estoques de produtos que podem sair da validade ou que não são de uso corrente da família e só geraram mais despesa no orçamento.
Veja também:
Leia também:
AUTOR
Redação iBahia
AUTOR
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade