Cheque especial, consignado, empréstimo pessoal: são muitas as modalidades de crédito oferecidas pelos bancos e financeiras. No entanto, é preciso conhecer bem cada uma delas para saber qual é a mais indicada para cada situação e evitar cair, assim, num ciclo de endividamento sem fim. Segundo especialistas, a regra de ouro para quem precisa de dinheiro emprestado é se planejar e buscar sempre os menores juros.
Diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira afirma que, por via de regra, quanto maior a garantia da operação, menor o custo. Ou seja, quanto mais garantias a instituição financeira tiver de que receberá aquele dinheiro de volta, menores serão os juros sobre o empréstimo. É por isso que os juros do cartão de crédito e do cheque especial, por exemplo, são mais altos que os do consignado.
— Quando o empréstimo tem a garantia de um veículo, de um imóvel, ou as parcelas são descontadas diretamente no contracheque, o banco pode oferecer juros mais baixos. Os créditos mais fáceis, como o cheque especial, são caros porque têm mais risco de inadimplência. O mesmo vale para as financeiras, que têm juros mais caros que nos bancos porque não têm vínculo com os clientes. Então, têm menos garantias — explica Oliveira.
Segundo o professor do MBA de Finanças do Ibmec RJ, Filipe Pires, a melhor modalidade é sempre aquela com menor custo. No entanto, é preciso estar atento às possibilidades oferecidas pelos bancos:
— O cheque especial tem taxas muito altas, mas algumas instituições oferecem dez dias sem juros. Se a pessoa souber que terá recursos para devolver o valor dentro desse período, vale a pena. O mesmo acontece com o cartão de crédito. Pode ser um ótimo recurso, se o consumidor conseguir pagar o valor total da fatura.
Negociar é a solução para ter nome limpo
Quem recorre a modalidades de crédito com taxas de juro muito altas, como é o caso do cheque especial e do cartão de crédito rotativo, muitas vezes acaba vendo sua dívida ganhar dimensões que estão fora de suas possibilidades financeiras. A solução, quando isso ocorre, é ir ao banco negociar melhores condições de pagamento.
— O melhor é quitar essa dívida com um consignado, que cobrará juros muito menores, e terá parcelas que cabem no orçamento do consumidor — explica Filipe Pires, professor do MBA de Finanças do Ibmec/RJ.
Já Flavio Iglesias, diretor do Itaú Unibanco, afirma que o ideal quando o cliente vê que não conseguirá quitar a dívida é procurar o banco para entender quais as possibilidades de renegociação, com descontos no pagamento à vista.
— As condições variam de acordo com a instituição, mas vai depender do nível de relacionamento que o cliente tem com o banco.
Hora de aprender a poupar
Ter a opção de recorrer às instituições financeiras em um momento de dificuldade é importante, mas o consumidor deve tomar cuidado com o endividamento em excesso. O ideal, segundo Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais, é separar pelo menos 10% do salário para formar uma reserva de emergências, que poderá ser sacada a qualquer momento.
— É fundamental separar uma parte da renda mensal para formar uma poupança, que pode ser investida no Tesouro Direto, por exemplo, que tem liquidez diária, e depois passar até para fundos de renda fixa mais rentáveis — avalia o especialista.
Professor do MBA de Finanças do Ibmec RJ, Filipe Pires recomenda que os consumidores compulsivos busquem avaliar a fonte do problema.
— Se as dívidas são recorrentes e todo mês a pessoa pegar algum tipo de crédito, é preciso rever o orçamento. Usar o cartão de crédito como extensão do salário é muito problemático. Há consumidores compulsivos que não conseguem viver sem uma dívida, é um problema emocional.
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, o ideal é ter um dinheiro aplicado para evitar juros tanto na contração de empréstimos, quanto no pagamento de impostos, como IPTU e IPVA.
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GASTOS ANUAIS
Se o consumidor não tiver condições de pagar taxas de IPTU e IPVA, além de outros gastos de início de ano, como material escolar, a sugestão do diretor do Itaú Unibanco, Flavio Iglesias, é recorrer ao o crédito consignado e o empréstimo pessoal. “Eles ajudam no momento de pagar esses custos à vista para conseguir um desconto. Vale lembrar que, para esses gastos, o cliente deve contratar um empréstimo de no máximo 12 meses, afinal, no ano que vem essas despesas acontecerão novamente”, aconselha.
CONTAS ATRASADAS
Caso os gastos mensais tenham ficado acima do esperado e a pessoa precise de ajuda para pagar todas as contas, o cheque especial deve ser usado apenas se houver a certeza de pagar dentro do período sem juros. Do contrário, Iglesias sugere que seja feito um consignado ou empréstimo pessoal. “É importante que o cliente ajuste as parcelas do empréstimo, lembrando que estas despesas são recorrentes e vão continuar acontecendo nos próximos meses”, alerta o executivo.
TROCA DE CARRO
Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais , afirma que nessas situações o financiamento de automóveis é a melhor opção. “As taxas de juros são baixas e alguns anúncios oferecem até 24 meses sem juros”, explica.
VIAGEM
“Para quem quer viajar, o cartão de crédito é uma opção interessante porque concentra o pagamento em um único dia, além de muitas vezes abrir a possibilidade de fazer o parcelamento sem juros das passagens aéreas ou mesmo do hotel”, avalia Iglesias. Já Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, aconselha o empréstimo pessoal para pagar a viagem à vista e garantir um desconto.
EMERGÊNCIAS
O carro quebrou? A geladeira deixou de funcionar? Para situações inesperadas e que não podem ser adiadas, Iglesias sugere crédito consignado e o empréstimo pessoal, que são mais baratos. “O cheque especial também pode ser uma alternativa, desde que o uso desse recurso seja por alguns dias, pois é um produto para ser usado em emergências e por pouco tempo”, diz Iglesias, do Itaú Unibanco.
CASAMENTO E FESTA DE 15 ANOS
Fazer uma festa de grande porte requer planejamento e dinheiro. Nesses casos, pode valer a pena antecipar o 13º e o Imposto de Renda para ajudar nos custos. Iglesias afirma que utilizar o empréstimo pessoal e negociar com os fornecedores um desconto no pagamento à vista também pode ser vantajoso.
REFORMA DA CASA
“O crédito pessoal, o crédito consignado e o consórcio podem são as melhores alternativas, mas tudo depende da pressa que o cliente tem para concretizar o objetivo”, aconselha Iglesias.
COMPRAR UM CELULAR
Para quem não tem dinheiro para comprar à vista ou quer aproveitar uma oferta em loja online, por exemplo, o parcelamento no cartão de crédito pode ser uma boa opção, “mas apenas se for possível pagar o total da fatura até o dia do vencimento”, alerta Filipe Pires, professor do MBA de Finanças do Ibmec/RJ. Do contrário, as taxas de juros são muito altas. “Caso a compra seja mais planejada, os créditos consignado e pessoal também podem ser boas alternativas”, avalia Iglesias.
ANÁLISE DO PERFIL
“Antes de contratar, é preciso verificar se a operação é adequada ao perfil, incluindo a disponibilidade de renda mensal, e às necessidades financeiras atuais. Deve-se considerar ainda o valor do empréstimo, a urgência em obtê-lo, o prazo para pagamento e as taxas que serão cobradas”, explica Flavio Iglesias.
CUSTO EFETIVO TOTAL
O cliente também deve avaliar o Custo Efetivo Total (CET), que engloba todos os gastos do empréstimo e torna mais fácil a comparação entre as modalidades. O CET leva em consideração, além da taxa de juros, outros custos incluídos na operação, que devem ser informados pelo banco na hora da contratação.
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Redação iBahia
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